Por Altamiro Borges
Em várias viagens a trabalho
constatei a postura elitista de alguns pilotos e comissários de voo. Lembro-me
de um piloto que ao aterrissar em Congonhas, em São Paulo, aproveitou o serviço
de som do avião da empresa Gol para convocar os passageiros a participarem de
uma marcha golpista pelo impeachment de Dilma Rousseff. Recordo-me também da
conversa de alguns aeronautas em um café no aeroporto de Salvador. A retórica
machista contra a presidenta foi de dar nojo. Pensei em pedir aqueles saquinhos
para vomitar – mas evitei o confronto. A vida, porém, é dura e dá voltas.
Agora, a categoria – que não é composta majoritariamente por “coxinhas”
midiotizados – está em pânico com a “reforma” trabalhista da quadrilha de
Michel Temer e já manifestou a intenção de participar da greve geral marcada
para a próxima sexta-feira (28).
Segundo matéria da Agência Brasil, “os pilotos e comissários de
voo de todo país decidiram, em assembleia, decretar estado de greve para
pressionar o governo e parlamentares a fazer mudanças no texto da reforma
trabalhista que tramita em regime de urgência na Câmara dos Deputados. Uma nova
reunião da categoria está marcada para a próxima quinta-feira (27), quando os
profissionais decidirão se paralisam suas atividades ou encerram o movimento. Os
aeronautas reclamam principalmente do trecho da reforma que trata do trabalho
intermitente, permitindo a convocação apenas para trabalhos esporádicos, sem
contratação permanente”. A revolta da categoria é plenamente justificada.
Conforme aponta o presidente do
Sindicato Nacional dos Aeronautas, Rodrigo Spader, como as empresas aéreas têm
períodos de alta e baixa na movimentação, o trabalho intermitente poderia ser
aplicado, prejudicando os funcionários. “Nos períodos de baixa nós seriamos
dispensados do trabalho e seríamos chamados somente quando a aeronave voasse
novamente. Então isso atingiria tanto pilotos de pequenas aeronaves como de
grandes empresas”. Ele ainda alerta que esta medida prejudicará a segurança do
transporte aéreo. “Os pilotos e comissários necessitam ter um trabalho contínuo
para a manutenção das suas habilidades técnicas. Se um aeronauta voa um mês e
folga outro a todo momento, até os níveis de segurança de voo podem ser
afetados”.
Ainda segundo a reportagem,
outro ponto da contrarreforma trabalhista que gera revolta é o que trata da
dispensa por justa causa no caso de perdas de licenças ou certificados.
“Justamente em um momento de fragilidade do aeronauta, em que ele perde uma
licença, ou por exame médico ou para voar em uma determinada aeronave, ele
seria demitido sem direito ao saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
(FGTS), sem aviso prévio”, critica o presidente do sindicato. Rogério Spader
ainda adota um tom conciliador para tentar superar estes retrocessos. Ele afirmou
que pretende conversar nos próximos dias com o relator do projeto, deputado
Rogério Marinho (PSDB-RN) e apresentar emendas ao texto da reforma. “Queremos
pressionar o governo para efetivamente negociar a reforma”, argumenta.
Ainda estão decidindo se apoiam a greve geral ou não? Então ainda devem estar se sentindo bem confortáveis, o suficiente pra ter dúvida...
ResponderExcluirEm assembleia realizada agora a pouco ficou decidido que os aeronautas NÃO participarão dá greve geral do dia 28.
ResponderExcluirO título dá matéria está errado e é tendencioso.