Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil |
O juiz Sergio Moro, responsável pelos julgamentos da Operação Lava Jato em primeira instância e visto como bastião da moralidade pelos manifestantes que desde 2015 vão às ruas "contra a corrupção", se encontrou nesta quarta-feira, 19, com uma das estrelas das delações premiadas da Odebrecht, o presidente Michel Temer. Ambos receberam em Brasília a Ordem do Mérito Militar, condecoração entregue pelo Exército como parte das cerimônias comemorativas do Dia do Exército.
Sorrindo, o juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba cumprimentou Temer, que fez questão de encontrá-lo, segundo o jornal Folha de S.Paulo. Ainda de acordo com a publicação, eles não conversaram e não se sentaram próximos.
Como juiz de primeira instância, Moro não tem qualquer jurisdição sobre Temer. As histórias dos dois se entrelaçaram, entretanto, por conta de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deputado cassado.
Ao apresentar sua defesa à Justiça Federal de Curitiba, em novembro de 2016, Cunha elencou uma série de 41 perguntas a Temer, a quem arrolou como testemunha. Moro barrou, entretanto, 21 dessas questões, por considerá-las inapropriadas ou sem pertinência com o caso de Cunha.
Em dezembro, uma denúncia envolvendo José Yunes, então assessor especial do gabinete pessoal de Temer, mostrou as razões de Cunha. Yunes teria recebido dinheiro vivo em seu escritório de advocacia, que seria propina ao grupo político de Temer, segundo um delator da Odebrecht. Três das 21 perguntas barradas por Moro tratavam sobre Yunes.
Mais recentemente, em fevereiro, Mor negou liberdade a Cunha alegando, entre outras coisas, que com as perguntas o deputado cassado estaria tentando chantagear Temer. "Não se pode permitir que o processo judicial seja utilizado para essa finalidade", escreveu o magistrado.
Oito ministros de Temer figuram na lista de Fachin, mas ele não consta. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, decidiu não investigar Temer, alegando que o cargo o protege de ações a respeito de eventuais crimes cometidos antes de sua posse. Ainda assim, o peemedebista é protagonista nas delações da Odebrecht.
Em seu escritório político em São Paulo e no Palácio do Jaburu, Temer teria sediado segundo os delatores encontros que renderam a seu grupo, respectivamente, 40 milhões de dólares em 2010, cerca de 70,4 milhões de reais à época, e 10 milhões de reais em 2014: mais de 80 milhões. No primeiro caso, os delatores falam em "pura propina".
Durante a cerimônia do Exército, nesta quarta-feira 19, o comandante do Exército, general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, disse que o Brasil vive uma “aguda crise moral” por causa dos “incontáveis escândalos de corrupção”.
“A aguda crise moral expressa em incontáveis escândalos de corrupção nos compromete o futuro. A ineficiência nos retarda o crescimento. A ausência de um mínimo de disciplina social, indispensável à convivência civilizada, e uma irresponsável aversão ao exercício da autoridade oferecem campo fértil ao comportamento transgressor e à intolerância desagregadora”, afirmou.
Segundo Villas Bôas, a atual crise “fere gravemente a alma da nossa gente”, além de ameaçar a identidade nacional e o projeto de nação do País. “Interesses pessoais e corporativos estão sobrepostos ao interesse nacional”, disse ao destacar que "não há atalhos fora da Constituição". "O país, seu povo e seu Exército não sucumbirão ao pessimismo e à desagregação”, acrescentou.
A Ordem do Mérito Militar é destinada a civis, militares e estrangeiros que tenham prestado “notáveis serviços ao país” ou que tenham prestado “relevantes serviços” ao Exército, a organizações militares ou a instituições civis que tenham se tornado “credoras de homenagem especial” do Exército. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu a honraria em 2003 e a ex-presidenta Dilma Rousseff, em 2007.
Reparem no "encurvamento" do corpo dele: é de ura subserviência. É do tipo de "adora" autoridades.
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