Por Marcelo Auler, em seu blog:
“Assim como a de milhões de brasileiros, minha rotina diária foi alterada pela greve geral da sexta-feira, 28. Lojas de que precisei estavam fechadas; no supermercado, o gerente disse que apenas um terço dos funcionários comparecera; a experiência nos aeroportos de amigos e familiares que viajaram foi sofrida, apesar de a Folha ter dito que os aeroportos funcionaram normalmente. Pode não ter sido um caos, mas normal não foi.
De modo geral, esse foi o problema da cobertura da greve geral convocada contra as reformas da Previdência e das leis trabalhistas. Focou a alteração da rotina das cidades, de modo previsível, sem inventividade nem relatos ricos.
Em suma, os jornais se concentraram no impacto sobre as árvores e deixaram de abordar a situação da floresta. A velha imagem é eficiente por condensar a mensagem de modo tão claro.
Um parágrafo do editorial da Folha trazia o resumo do que pretendo dizer quando cobro abordagem mais ampla: “Em nenhum país do mundo, propostas de redução de direitos relativos à aposentadoria contarão com apoio popular. Governantes, em geral, só as apresentam quando as finanças públicas já estão em trajetória insustentável. Este é, sem dúvida, o caso do Brasil”.
Essa é a visão da floresta que deveria ser discutida nos jornais. É preciso acrescentar que a discussão sobre a reforma trabalhista é também uma discussão sobre perda de direitos, contraposta à possibilidade de dinamização e crescimento do mercado do trabalho – promessa de comprovação difícil. Esses são os dois lados da moeda.
Pode-se até afirmar que essa discussão está presente no jornal. Não com a clareza do dilema exposto pelo editorial da Folha: está em jogo a perda de direitos em nome do ajuste fiscal. Jornais estrangeiros assim enquadraram a manifestação. A imprensa brasileira abriu mão da discussão sobre a floresta.
A greve geral convocada por centrais sindicais e movimentos de esquerda mostrou que a mídia precisa se qualificar para esse tipo de cobertura, complexa e de altíssimo interesse do público leitor.
Quase em uníssono, os três principais jornais destacaram nas manchetes de suas edições impressas o efeito no transporte e a violência com que terminaram manifestações em São Paulo e no Rio.
Será que o vandalismo em pontos isolados do Rio e de São Paulo era notícia a destacar em enunciado de manchete, se a própria Folha escreveu que a calmaria reinou durante quase todo o dia? Por que valorizar as cenas de confronto, em vez de imagens que pudessem, por exemplo, mostrar o que diziam as faixas levadas às manifestações.
A greve paralisou, segundo o noticiário da Folha, parcialmente as atividades nas principais capitais do país e em ao menos 130 municípios, em todos os Estados e no Distrito Federal. Os organizadores classificam como a maior greve da história do país: cerca de 40 milhões paralisaram suas atividades.
Não há reportagem ou quadro na edição que diga qual era exatamente o objetivo da greve ou, se fosse o caso, a análise de seu impacto nos objetivos do movimento.
Há dois pontos básicos a que o jornal, na minha avaliação deveria ter respondido:
Qual foi o tamanho da paralisação? Era preciso encontrar parâmetros que permitissem ao leitor entender o que foi o movimento de agora em comparação com convocações anteriores.
Quais as possíveis consequências da greve? Terá algum efeito em seu objetivo principal de parar a tramitação das reformas trabalhista e da Previdência, obrigando Executivo e Legislativo a negociar com a sociedade e os sindicatos?
Eram desafios difíceis, mas a imprensa não conseguiu nem chegar perto de enfrentá-los.
À exceção dos colunistas André Singer e Demétrio Magnoli, não houve tentativa de interpretação do que aconteceu. Cientistas políticos, sociólogos e analistas não estão nas páginas da Folha ajudando a entender o que aconteceu e o que pode vir a acontecer.
Deputados e senadores não se manifestaram de forma a sinalizar se o protesto pode vir a ter algum efeito objetivo nos projetos em discussão. Apenas o governo federal fala, expressando a óbvia e obrigatória avaliação de que adesão foi pequena, fracassou.
Ainda há muito a aprender e a ser desenvolvido em cobertura de casos dessa magnitude.
Na sexta-feira, o bom jornalismo aderiu à greve geral. Não compareceu para trabalhar“.
Em uma postagem na sexta-feira, dia 28/04, anunciei “Temer perdeu! Com ele a Câmara e a mídia“. Mostrei que, independentemente do sucesso que a greve teve, só os preparativos davam outra dimensão à luta política que estamos vivenciando. Apontei ainda, junto com Temer, a Câmara dos Deputados, em especial os parlamentares que aprovaram a Reforma Trabalhista, assim como a chamada mídia tradicional, também perderam. Os primeiros por aprovarem um Projeto de Lei que vai contra os interesses dos brasileiros, o que certamente refletirá nas próximas eleições. Já jornais e televisão, por terem tentado esconder uma movimentação que deu certo e que, ao dar certo, desmoralizou ainda mais o papel deles na sociedade atual
Na sexta-feira eu estava em São Paulo. Passei o dia no computador, escrevendo e declarando imposto de renda. Não vi televisão, não circulei em manifestações, fiquei apenas com noticiário da internet. Depois, li em alguns lugares que a TV Globo – sempre ela – foi obrigada a recuar e noticiar no Jornal Nacional a greve como greve. Fui verificar nos vídeos da internet e continuo discordando. A Globo deixou de fazer jornalismo. A omissão da grande imprensa foi comentada em diversos artigos aqui na Internet, mas destaco em especial A Globo, a população, o serviço de utilidade pública, a notícia e a Greve Geral, por Alexandre Tambelli, publicado no Jornal GGN.
Neste domingo (30/04), Luiz Carlos Azenha, em Viomundo, escreve uma excelente análise com base no que ele mesmo presenciou em 1983, quando pertencia à redação da TV – Na histórica Greve Geral de 2017, Globo fez pior do que nas Diretas Já de 1984. Foi reproduzido por Luis Nassif no Jornal GGN, e aqui destaco dois trechos:
“A maneira como a TV Globo tratou a histórica Greve Geral do 28 de abril de 2017 é, na minha avaliação, muito pior do que aconteceu com a cobertura das Diretas Já em 1983/1984 (…..) Agora, porém, não tem como se esconder atrás da ditadura, da qual foi a principal beneficiária, como fez em 1984. Agora, fez mau jornalismo - distorcido, omisso, descontextualizado - porque coloca seus interesses empresariais, representados pelo governo Temer, acima do interesse da maioria dos brasileiros”.
Recorri à internet, por recomendação de uma querida amiga, e assisti ao Jornal Nacional de sexta-feira e de sábado para verificar o que ela disse ter sido “interessante” na mudança de comportamento da emissora com relação à greve.
Não me satisfez. Tentaram apenas remendar o erro maior, já abordado por Tambelli. Sobre o que vi, comentei com a minha amiga e aqui reproduzo, com pequenos acréscimos:
1 – O Jornal Nacional todo foi basicamente em cima da paralisação dos motoristas de ônibus, das barreiras impedindo o ir e vir, e de serviços que a população não contou;
Na sexta-feira eu estava em São Paulo. Passei o dia no computador, escrevendo e declarando imposto de renda. Não vi televisão, não circulei em manifestações, fiquei apenas com noticiário da internet. Depois, li em alguns lugares que a TV Globo – sempre ela – foi obrigada a recuar e noticiar no Jornal Nacional a greve como greve. Fui verificar nos vídeos da internet e continuo discordando. A Globo deixou de fazer jornalismo. A omissão da grande imprensa foi comentada em diversos artigos aqui na Internet, mas destaco em especial A Globo, a população, o serviço de utilidade pública, a notícia e a Greve Geral, por Alexandre Tambelli, publicado no Jornal GGN.
Neste domingo (30/04), Luiz Carlos Azenha, em Viomundo, escreve uma excelente análise com base no que ele mesmo presenciou em 1983, quando pertencia à redação da TV – Na histórica Greve Geral de 2017, Globo fez pior do que nas Diretas Já de 1984. Foi reproduzido por Luis Nassif no Jornal GGN, e aqui destaco dois trechos:
“A maneira como a TV Globo tratou a histórica Greve Geral do 28 de abril de 2017 é, na minha avaliação, muito pior do que aconteceu com a cobertura das Diretas Já em 1983/1984 (…..) Agora, porém, não tem como se esconder atrás da ditadura, da qual foi a principal beneficiária, como fez em 1984. Agora, fez mau jornalismo - distorcido, omisso, descontextualizado - porque coloca seus interesses empresariais, representados pelo governo Temer, acima do interesse da maioria dos brasileiros”.
Recorri à internet, por recomendação de uma querida amiga, e assisti ao Jornal Nacional de sexta-feira e de sábado para verificar o que ela disse ter sido “interessante” na mudança de comportamento da emissora com relação à greve.
Não me satisfez. Tentaram apenas remendar o erro maior, já abordado por Tambelli. Sobre o que vi, comentei com a minha amiga e aqui reproduzo, com pequenos acréscimos:
1 – O Jornal Nacional todo foi basicamente em cima da paralisação dos motoristas de ônibus, das barreiras impedindo o ir e vir, e de serviços que a população não contou;
2 – Todas as referências à greve foram no sentido do movimento chamado pelas centrais sindicais.
3 – Na hora de debater as mudanças trabalhistas, além de ter sido algo muito reduzido para o tamanho do estrago que essas mudanças causarão, ouviu-se apenas governo e centrais sindicais.
Em cima disso, questiono?
1 – A OAB e a CNBB foram favoráveis à greve, mas a emissora nem sequer falou das duas. Por que da omissão? Ou seja, a TV Globo errou, pois não foram só as centrais sindicais que convocaram o movimento. Seus telespectadores, novamente foram mal informados;
2 – Ministros do Tribunal Superior do Trabalho (TST), desembargadores dos Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) e procuradores do Ministério Público do Trabalho (MPT) também apoiaram a greve, inclusive suspendendo expediente. A própria Procuradoria Geral da República não funcionou. Faltaram motoristas. Assessores e servidores paralisaram seus trabalhos com o consentimento e apoio da maioria dos procuradores. Tudo isso foi totalmente ignorado. Não era notícia?
3 – As críticas às mudanças da CLT são amplas, inclusive por muitos membros da Justiça do Trabalho, como desembargadores, juízes, procuradores do Trabalho e advogados. São muitas as notas mostrando onde é que a mudança que o governo Temer defende gerará retrocessos e prejuízos à classe trabalhadora e também à economia brasileira. Tudo isso passou ao largo no noticiário da TV Globo. Não ouviram esses críticos e sequer os citaram ao debaterem essas mudanças. Por que da omissão? O papel da imprensa não é mostrar todas as opiniões e divergências sobre um tema?
4 – Em Brasília, o governo não funcionou? Ao que consta, não. Aliás, com a ajuda dos próprios governantes, que montaram tapumes nos ministérios e criaram barreiras na Esplanada. Mas à TV Globo só interessava mostrar que escolas, postos de saúde e o transporte público paralisaram. O tempo inteiro dando a entender que a paralisação foi consequência da falta de condução. Não de uma opção voluntária dos trabalhadores.
5 – Curiosamente, nenhuma equipe do jornalismo da maior rede de TV do país – que são concessões públicas, recorde-se – visitou a porta de uma fábrica. Não houve um balanço isento de que indústrias funcionaram ou deixaram de fazê-lo. Provavelmente medo de mostrar a dimensão da paralisação.
Questiono ainda: e as decisões de órgãos públicos suspendendo as atividades, não por falta de transporte, mas pelo reconhecimento do legítimo direito à greve? Isso não interessa aos ouvintes da emissora? Mais parece que não interessa à emissora.
Ou seja, a Globo, que segundo consta durante o dia teria evitado em falar de greve, teve que recuar diante do tamanho do movimento. Mas o fez de forma capenga e sem realmente mostrar a dimensão do que ocorreu. Não fez jornalismo.
Hoje, domingo, o assunto é abordado – e muito bem – por Paula Cesarino Costa, ombudsman da Folha de S. Paulo, em uma análise mais ampla da cobertura que o jornal deu, mas que vale, no meu entendimento, para toda a chamada grande imprensa.
Do comentário que fecha o artigo dela, adaptei o título dessa matéria. Ela diz:
“Na sexta-feira, o bom jornalismo aderiu à greve geral. Não compareceu para trabalhar.”
Não sou de republicar integra de artigos escritos pelos outros. Costumo dar o link, para respeitar o autor e levar leitores às páginas do original. Mas muitos dos meus poucos leitores não teriam acesso ao texto, pois ele só é aberto a assinantes. E como a Folha não precisa de leitores, peço desculpas à Paula e republico abaixo a integra. Os grifos são meus:
*****
Em cima disso, questiono?
1 – A OAB e a CNBB foram favoráveis à greve, mas a emissora nem sequer falou das duas. Por que da omissão? Ou seja, a TV Globo errou, pois não foram só as centrais sindicais que convocaram o movimento. Seus telespectadores, novamente foram mal informados;
2 – Ministros do Tribunal Superior do Trabalho (TST), desembargadores dos Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) e procuradores do Ministério Público do Trabalho (MPT) também apoiaram a greve, inclusive suspendendo expediente. A própria Procuradoria Geral da República não funcionou. Faltaram motoristas. Assessores e servidores paralisaram seus trabalhos com o consentimento e apoio da maioria dos procuradores. Tudo isso foi totalmente ignorado. Não era notícia?
3 – As críticas às mudanças da CLT são amplas, inclusive por muitos membros da Justiça do Trabalho, como desembargadores, juízes, procuradores do Trabalho e advogados. São muitas as notas mostrando onde é que a mudança que o governo Temer defende gerará retrocessos e prejuízos à classe trabalhadora e também à economia brasileira. Tudo isso passou ao largo no noticiário da TV Globo. Não ouviram esses críticos e sequer os citaram ao debaterem essas mudanças. Por que da omissão? O papel da imprensa não é mostrar todas as opiniões e divergências sobre um tema?
4 – Em Brasília, o governo não funcionou? Ao que consta, não. Aliás, com a ajuda dos próprios governantes, que montaram tapumes nos ministérios e criaram barreiras na Esplanada. Mas à TV Globo só interessava mostrar que escolas, postos de saúde e o transporte público paralisaram. O tempo inteiro dando a entender que a paralisação foi consequência da falta de condução. Não de uma opção voluntária dos trabalhadores.
5 – Curiosamente, nenhuma equipe do jornalismo da maior rede de TV do país – que são concessões públicas, recorde-se – visitou a porta de uma fábrica. Não houve um balanço isento de que indústrias funcionaram ou deixaram de fazê-lo. Provavelmente medo de mostrar a dimensão da paralisação.
Questiono ainda: e as decisões de órgãos públicos suspendendo as atividades, não por falta de transporte, mas pelo reconhecimento do legítimo direito à greve? Isso não interessa aos ouvintes da emissora? Mais parece que não interessa à emissora.
Ou seja, a Globo, que segundo consta durante o dia teria evitado em falar de greve, teve que recuar diante do tamanho do movimento. Mas o fez de forma capenga e sem realmente mostrar a dimensão do que ocorreu. Não fez jornalismo.
Hoje, domingo, o assunto é abordado – e muito bem – por Paula Cesarino Costa, ombudsman da Folha de S. Paulo, em uma análise mais ampla da cobertura que o jornal deu, mas que vale, no meu entendimento, para toda a chamada grande imprensa.
Do comentário que fecha o artigo dela, adaptei o título dessa matéria. Ela diz:
“Na sexta-feira, o bom jornalismo aderiu à greve geral. Não compareceu para trabalhar.”
Não sou de republicar integra de artigos escritos pelos outros. Costumo dar o link, para respeitar o autor e levar leitores às páginas do original. Mas muitos dos meus poucos leitores não teriam acesso ao texto, pois ele só é aberto a assinantes. E como a Folha não precisa de leitores, peço desculpas à Paula e republico abaixo a integra. Os grifos são meus:
*****
“Assim como a de milhões de brasileiros, minha rotina diária foi alterada pela greve geral da sexta-feira, 28. Lojas de que precisei estavam fechadas; no supermercado, o gerente disse que apenas um terço dos funcionários comparecera; a experiência nos aeroportos de amigos e familiares que viajaram foi sofrida, apesar de a Folha ter dito que os aeroportos funcionaram normalmente. Pode não ter sido um caos, mas normal não foi.
De modo geral, esse foi o problema da cobertura da greve geral convocada contra as reformas da Previdência e das leis trabalhistas. Focou a alteração da rotina das cidades, de modo previsível, sem inventividade nem relatos ricos.
Em suma, os jornais se concentraram no impacto sobre as árvores e deixaram de abordar a situação da floresta. A velha imagem é eficiente por condensar a mensagem de modo tão claro.
Um parágrafo do editorial da Folha trazia o resumo do que pretendo dizer quando cobro abordagem mais ampla: “Em nenhum país do mundo, propostas de redução de direitos relativos à aposentadoria contarão com apoio popular. Governantes, em geral, só as apresentam quando as finanças públicas já estão em trajetória insustentável. Este é, sem dúvida, o caso do Brasil”.
Essa é a visão da floresta que deveria ser discutida nos jornais. É preciso acrescentar que a discussão sobre a reforma trabalhista é também uma discussão sobre perda de direitos, contraposta à possibilidade de dinamização e crescimento do mercado do trabalho – promessa de comprovação difícil. Esses são os dois lados da moeda.
Pode-se até afirmar que essa discussão está presente no jornal. Não com a clareza do dilema exposto pelo editorial da Folha: está em jogo a perda de direitos em nome do ajuste fiscal. Jornais estrangeiros assim enquadraram a manifestação. A imprensa brasileira abriu mão da discussão sobre a floresta.
A greve geral convocada por centrais sindicais e movimentos de esquerda mostrou que a mídia precisa se qualificar para esse tipo de cobertura, complexa e de altíssimo interesse do público leitor.
Quase em uníssono, os três principais jornais destacaram nas manchetes de suas edições impressas o efeito no transporte e a violência com que terminaram manifestações em São Paulo e no Rio.
Será que o vandalismo em pontos isolados do Rio e de São Paulo era notícia a destacar em enunciado de manchete, se a própria Folha escreveu que a calmaria reinou durante quase todo o dia? Por que valorizar as cenas de confronto, em vez de imagens que pudessem, por exemplo, mostrar o que diziam as faixas levadas às manifestações.
A greve paralisou, segundo o noticiário da Folha, parcialmente as atividades nas principais capitais do país e em ao menos 130 municípios, em todos os Estados e no Distrito Federal. Os organizadores classificam como a maior greve da história do país: cerca de 40 milhões paralisaram suas atividades.
Não há reportagem ou quadro na edição que diga qual era exatamente o objetivo da greve ou, se fosse o caso, a análise de seu impacto nos objetivos do movimento.
Há dois pontos básicos a que o jornal, na minha avaliação deveria ter respondido:
Qual foi o tamanho da paralisação? Era preciso encontrar parâmetros que permitissem ao leitor entender o que foi o movimento de agora em comparação com convocações anteriores.
Quais as possíveis consequências da greve? Terá algum efeito em seu objetivo principal de parar a tramitação das reformas trabalhista e da Previdência, obrigando Executivo e Legislativo a negociar com a sociedade e os sindicatos?
Eram desafios difíceis, mas a imprensa não conseguiu nem chegar perto de enfrentá-los.
À exceção dos colunistas André Singer e Demétrio Magnoli, não houve tentativa de interpretação do que aconteceu. Cientistas políticos, sociólogos e analistas não estão nas páginas da Folha ajudando a entender o que aconteceu e o que pode vir a acontecer.
Deputados e senadores não se manifestaram de forma a sinalizar se o protesto pode vir a ter algum efeito objetivo nos projetos em discussão. Apenas o governo federal fala, expressando a óbvia e obrigatória avaliação de que adesão foi pequena, fracassou.
Ainda há muito a aprender e a ser desenvolvido em cobertura de casos dessa magnitude.
Na sexta-feira, o bom jornalismo aderiu à greve geral. Não compareceu para trabalhar“.
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