Por Renato Rovai, em seu blog:
Os jornais de hoje trazem sem grande destaque uma notícia que de alguma forma pode ser a ponta do iceberg de um grande esquema de corrupção do PSDB paulista.
O delator Benedicto Júnior, ex-presidente da Odebrecht, teria entregado aos investigadores da Lava uma planilha na qual relaciona recursos da Linha 2-Verde do Metrô de São Paulo a um pagamento de R$ 2 milhões para a GW Comunicação, empresa que entre seus sócios tinha o marqueteiro Luiz Gonzáles, responsável por campanhas dos tucanos desde a época de Mário Covas até mais recentemente com Serra e Geraldo Alckmin.
Cantanhêde e seu esposo Gilnei no lançamento do livro Todo aquele imenso mar de liberdade, do jornalista Carlos Marchi (à esquerda) |
A GW fez praticamente todas as campanhas para governo do Estado, Prefeitura e mesmo para presidência da República. Depois, com outra empresa, a Lua Branca, seus sócios operavam a conta publicitária desses governos. Isso por si só já era de certa forma um escândalo, mas ninguém falava nada.
E um dos fundadores da GW, segundo depoimento do próprio, em fevereiro de 2004 ao Memória Globo foi o jornalista Gilnei Rampazzo, um dos Gs da empresa.
Gilnei é marido de Eliane Cantanhêde, comentarista da Globo News e articulista de O Estado de S. Paulo que, quando da condução coercitiva de Eduardo Guimarães, comemorou no twitter.
O esquema da denúncia da propina é da mesma época que Gilnei dizia pertencer à GW no Memória Globo. Ou seja, 2004.
Segundo o noticiário de hoje, nos documentos entregues à Lava Jato, o delator não detalhou nem a forma e nem como os valores foram repassados à agencia. Apenas informou que foram “localizados pagamentos para a empresa GW”.
Mas um relatório produzido com base no material apreendido com Benedito Júnior em uma das fases da Lava Jato, a Polícia Federal lista uma troca de e-mail entre ele, Marcelo Odebrecht e Fabio Gandolfo, então diretor da empreiteira em São Paulo.
Com o título de DGI (sigla para propina, segundo a PF), a mensagem de 30 de agosto de 2004 aborda a programação de pagamento de R$ 2 milhões relacionados a obra da linha 2 do Metrô com as expressões “comunicação=GW”, “careca=amigo PN”.
Amigo PN e careca seriam a mesma pessoa. Ou seja, José Serra, então vizinho de Pedro Novis (PN), ex-presidente da Odebrecht.
O que Cantanhêde tem a ver com isso? Até que se prove o contrário, nada. A despeito de serem casados, deve-se partir da premissa de que ela e Gilnei têm vida própria e cada qual responde pelos seus atos. Mas o estardalhaço com que a comentarista trata o envolvimento de outros personagens em casos de corrupção não lhe devia permitir o silêncio agora. Nem muito menos o esconde-esconde da mídia, que não citou em momento algum essa relação de parentesco.
Trecho final do depoimento de Gilnei ao Memória Globo, em 2004:
“Posteriormente, no início dos anos 1990, junto com os jornalistas Luiz Gonzáles, Woile Guimarães e Wianey Pinheiro, Gilnei Rampazzo fundou a GW Comunicação. É casado, há mais de 30 anos, com a jornalista Eliane Cantanhêde, com quem tem duas filhas.”
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