Por Tereza Cruvinel, em seu blog:
Esta pergunta já foi título de outra coluna aqui no 247. Isso quando a marcha da Lava Jato, buscando a deslegitimação do sistema político (objetivo defendido pelo próprio Sergio Moro naquele seu tão citado artigo louvando a Mãos Limpas) indicava que o Brasil acabaria se espatifando. Na marcha insana contra o PT e contra Lula, em nome da moralidade os desastres foram se sucedendo até chegarmos ao momento atual: feriu-se a democracia com um golpe, desorganizou-se a economia com a posse de um presidente ilegítimo e a adoção de uma política econômica equivocada para o momento recessivo e, finalmente, o sistema político foi implodido. E agora, o que propõem os que conduziram a detonação? Quem apontará e viabilizará a saída política pela democracia, pelas eleições gerais ou pelo estabelecimento de um novo pacto político através de uma Constituinte?
A implosão foi obra de um moralismo hipócrita, conduzida por políticos ressentidos com a hegemonia petistas ao longo de 12 anos, pelo Ministério Público e setores do Judiciário imbuídos de um sentido de missão redentora e pela mídia monopólica, ditadora de regras. Uma das passagens que mais chamariam a atenção de um estrangeiro nos vídeos na delação da Odebrecht é aquele monólogo do patriarca da família, Emílio Odebrecht, onde confessa seu incômodo com a hipocrisia geral. “O que me entristece é que a imprensa toda sabia. Por que não fizeram isso há 10, 15 anos atrás? Ver vocês, jovens procuradores, querendo mudar as coisas, eu compreendo. Mas os mais velhos, os da minha geração, de todas as áreas, não aceita. Esta imprensa sabia de tudo e agora fica com esta demagogia”. Desconcertado, um procurador balbucia algumas palavras sobre “melhorar o nosso país”. Mas o que está melhorando com esta demolição?
Na implosão, a bomba de denúncias misturou crimes de corrupção efetiva com financiamento ilegal de campanhas. O caixa dois, “modelo que sempre reinou”, ainda segundo o velho Odebrecht, e o pagamento de propinas para a obtenção de vantagens nos negócios com o Estado. Não há mais como separar os feridos pela detonação. O que temos agora são dois poderes esfacelados. Um Congresso sem legitimidade para aprovar nada, e muito menos reformas que tiram direitos, e um Executivo que não tem a menor condição de governar. Além dos desastres que já produziu, seu chefe agora é apontado como chefe de um dos esquemas partidários de corrupção, tendo até negociado uma propina de US$ 40 milhões.
Resta o Judiciário, que finge ignorar as consequências da devastação para a qual contribui, por ação ou omissão. Não pode o Judiciário achar que seu único papel agora será o de julgar e punir os investigados que tenham seus crimes provados. Cabe-lhe também ajudar a encontrar a saída, apontando as brechas constitucionais que podem ser usadas para abrir a porta.
Quando foi que tudo começou? Não foi em 2014, com a Lava Jato. Não foi em 2015, com a reação dos derrotados à vitória de Dilma, impetrando a ação no TSE de cassação no TSE e insuflando o movimento pelo impeachment. Na verdade, tudo começou em 2003/2004, quando viu-se que o governo de Lula não seria o fracasso esperado. O preconceito, a implicância, o esforço de desmoralização, a busca desesperada por denúncias de corrupção, tudo isso começou lá atrás. Lula, por seu forte instinto de sobrevivência, sua habilidade política e popularidade, sobreviveu. Dilma, não. Os tempos também eram outros. Para remover o PT do governo, já havia disposição para espatifar o país e até para imolar aliados, se fosse preciso. Como acontece agora, com petistas, tucanos, peemedebistas e outros adversários jogados na mesma vala.
Esta pergunta já foi título de outra coluna aqui no 247. Isso quando a marcha da Lava Jato, buscando a deslegitimação do sistema político (objetivo defendido pelo próprio Sergio Moro naquele seu tão citado artigo louvando a Mãos Limpas) indicava que o Brasil acabaria se espatifando. Na marcha insana contra o PT e contra Lula, em nome da moralidade os desastres foram se sucedendo até chegarmos ao momento atual: feriu-se a democracia com um golpe, desorganizou-se a economia com a posse de um presidente ilegítimo e a adoção de uma política econômica equivocada para o momento recessivo e, finalmente, o sistema político foi implodido. E agora, o que propõem os que conduziram a detonação? Quem apontará e viabilizará a saída política pela democracia, pelas eleições gerais ou pelo estabelecimento de um novo pacto político através de uma Constituinte?
A implosão foi obra de um moralismo hipócrita, conduzida por políticos ressentidos com a hegemonia petistas ao longo de 12 anos, pelo Ministério Público e setores do Judiciário imbuídos de um sentido de missão redentora e pela mídia monopólica, ditadora de regras. Uma das passagens que mais chamariam a atenção de um estrangeiro nos vídeos na delação da Odebrecht é aquele monólogo do patriarca da família, Emílio Odebrecht, onde confessa seu incômodo com a hipocrisia geral. “O que me entristece é que a imprensa toda sabia. Por que não fizeram isso há 10, 15 anos atrás? Ver vocês, jovens procuradores, querendo mudar as coisas, eu compreendo. Mas os mais velhos, os da minha geração, de todas as áreas, não aceita. Esta imprensa sabia de tudo e agora fica com esta demagogia”. Desconcertado, um procurador balbucia algumas palavras sobre “melhorar o nosso país”. Mas o que está melhorando com esta demolição?
Na implosão, a bomba de denúncias misturou crimes de corrupção efetiva com financiamento ilegal de campanhas. O caixa dois, “modelo que sempre reinou”, ainda segundo o velho Odebrecht, e o pagamento de propinas para a obtenção de vantagens nos negócios com o Estado. Não há mais como separar os feridos pela detonação. O que temos agora são dois poderes esfacelados. Um Congresso sem legitimidade para aprovar nada, e muito menos reformas que tiram direitos, e um Executivo que não tem a menor condição de governar. Além dos desastres que já produziu, seu chefe agora é apontado como chefe de um dos esquemas partidários de corrupção, tendo até negociado uma propina de US$ 40 milhões.
Resta o Judiciário, que finge ignorar as consequências da devastação para a qual contribui, por ação ou omissão. Não pode o Judiciário achar que seu único papel agora será o de julgar e punir os investigados que tenham seus crimes provados. Cabe-lhe também ajudar a encontrar a saída, apontando as brechas constitucionais que podem ser usadas para abrir a porta.
Quando foi que tudo começou? Não foi em 2014, com a Lava Jato. Não foi em 2015, com a reação dos derrotados à vitória de Dilma, impetrando a ação no TSE de cassação no TSE e insuflando o movimento pelo impeachment. Na verdade, tudo começou em 2003/2004, quando viu-se que o governo de Lula não seria o fracasso esperado. O preconceito, a implicância, o esforço de desmoralização, a busca desesperada por denúncias de corrupção, tudo isso começou lá atrás. Lula, por seu forte instinto de sobrevivência, sua habilidade política e popularidade, sobreviveu. Dilma, não. Os tempos também eram outros. Para remover o PT do governo, já havia disposição para espatifar o país e até para imolar aliados, se fosse preciso. Como acontece agora, com petistas, tucanos, peemedebistas e outros adversários jogados na mesma vala.
Acho eu que a esquerda nao deveria fazer acordo nenhum com golpista eles nao sao confiaveis enquanto sangravam o PT tava legal o pais vai dar certo a culpa e do Lula e Dilma agora que o povo percebeu que foi puro e simplesmente um golpe e eles nao sabem o que fazer com o pais vamos pra eleição direta deputado senador e presidente nao adianta so pra presidente que com esse congresso nem Jesus Cristo da jeito FHC nao vem com mi mi mi voce sabia quem estava no golpe e mesmo assim avalizou agora quer ajuda da esquerda pra segurar a barra e salvar o pais FHC VAI TE CATAR.
ResponderExcluirINÍCIO
ResponderExcluirO Brasil acabou "se espatifando" simplesmente porque o sistema político brasileiro sempre foi "espatifável". O PT e as forças que o apoiavam no campo da esquerda deveriam saber disso desde o dia em que venceram as eleições. A "democracia" jamais foi para valer. Esse era mais um fato que a esquerda que ganhou as eleições presidenciais deveriam conhecer, o que a levaria a entender que teria que mobilizar permanentemente os trabalhadores e o povo para poder governar, sem ter que fazer concessões como as constantes na "Carta aos Banqueiros", alcunhada de "Carta aos Brasileiros. Nesse sentido, a presença do PCdoB na Frente Brasil Popular deveria ter servido para combater as ilusões reformistas do PT, a crença de Lula de que o governo poderia ser transformado em uma ampla "câmara de negociação", em que, sentados, proletários e burgueses firmariam acordos "bons para todos os brasileiros". Entretanto, a impressão que temos é que o PT convenceu o PCdoB da validade de seus métodos políticos.
O governo golpista também não está adotando nenhuma política equivocada. Ele sabia perfeitamente quais seriam as consequências de suas medidas e as perseguiu. Aurélio Meireles não é um inábil ministro. Ao contrário, é um habilidoso e prestimoso representante do capital financeiro.
Quanto à marcha insana contra o PT ,devemos reconhecer que essa marcha não foi tão insana assim. Por mais que se tente racionalizar os métodos de governança adotados pelos petistas , não será possível convencer jamais expressivos setores simpáticos à esquerda de que "ferramentas políticas" como os financiamentos de campanha via Caixa 2 são moralmente aceitáveis e eram politicamente inevitáveis. O argumento de que "sempre se procedeu dessa maneira" não é consistente do ponto de vista dos princípios. CONTINUA
CONTINUAÇÃO
ResponderExcluirNa verdade, o que a opção pelas formas de financiamento ilegais dos partidos da direita representou foi uma capitulação a uma concepção simultaneamente fatalista da política e reformista. Fatalista porque cria que, se não se financiasse dessa maneira, não venceria jamais as eleições. Reformista porque perdeu de vista (se é que um dia o PT conheceu essa concepção marxista-leninista) que, em última análise, os protagonistas das transformações são os trabalhadores e o povo, que deveriam ser constantemente chamados a defender um governo que não tinha maioria no Congresso Nacional e não tinha recursos financeiros para sustentar campanhas políticas da envergadura das campanhas dos grandes partidos da direita. Estes seriam os argumentos para mobilizar a militância, os trabalhadores e o povo.
A esquerda precisa voltar a acreditar no povo, acreditar que é possível mobilizar, organizar e, sobretudo, conscientizar o povo. É ingenuidade acreditar que o Estado deixará de ser um instrumento a serviço do capital enquanto existir a hegemonia do capital financeiro.
"Só resta agora o Judiciário para encontrar uma saída"? Se isso for verdade, então, não resta mais nada. O Judiciário é o poder mais monolítico de todos e aquele que revela-se mais fiel aos interesses de classe que representa. Não haveria golpe sem a participação do Judiciário.
Só resta agora a mobilização permanente do povo. Ocorre que essa mobilização não pode ser balizada pelo calendário eleitoral, pelas pesquisas eleitorais, pelos fulanos e ciclanos candidatáveis. Ela se processa também através das eleições, mas tem o ritmo da História, da luta de classes, que, às vezes, "encerra 20 anos em um dia, e, às vezes, conhece um dia que demora 20 anos para transcorrer. A esquerda que pretenda dirigir essa luta de classe precisa distinguir esses dois tempos diferentes, o tempo da luta de classes não institucional e o tempo do calendário eleitoral. O primeiro é um tempo objetivo, concreto, o segundo, um tempo subjetivo, uma abstração institucionalizada.
O Brasil não será transformado por reformas no âmbito de um Estado Plutocrático. O processo que transformará o Brasil será a via revolucionária que depende de que os trabalhadores e o povo sejam os protagonistas. Essa não é uma verdade para ser realizada em um futuro muito distante. Esse é um apelo para o presente, voltado à elevação da consciência de classe do proletariado. A luta pelas reformas, a luta institucional só têm sentido se se articular com essa luta revolucionária, visando a substituição do Estado Plutocrático por um Estado dos Trabalhadores, a substituição da democracia liberal burguesa pela democracia socialista proletária.