Por Cíntia Alves, no Jornal GGN:
A divulgação estrondosa da lista de Fachin, jogando no mesmo balaio todos os políticos citados em delações da Odebrecht que serão investigados com autorização do Supremo Tribunal Federal, misturou tubarão com peixe de aquário e tirou a devida atenção de casos como o de José Serra.
Sete delatores disseram à Lava Jato que o tucano negociou, ao longo dos últimos anos, mais de R$ 30 milhões em propina para abastecer, principalmente, suas campanhas eleitorais. Mas há casos de repasses a afilhados políticos do PSDB.
Só em 2010, quando Serra foi derrotado por Dilma Rousseff na corrida à presidência, a Odebrecht pagou R$ 23 milhões ao tucanato via caixa 2. Em 2008, foram mais R$ 3 milhões. Em 2006, mais R$ 4 milhões. E outros R$ 2 milhões foram repassados em 2004.
A exorbitância dos valores por si só é digna de nota. Em seu acordo de colaboração, Alexandrino Alencar disse que a deputados do PT, entre 2008 e 2010, foram pagos entre R$ 50 mil e R$ 150 mil, valores considerados "bons para a época". Ele citou como exemplos Maria do Rosário e Vicente Cândido, e destacou que a doação irregular nunca teve nenhuma contrapartida por parte dos parlamentares.
No caso de Serra, obras do governo de São Paulo foram usadas para cobrar propina da Odebrecht.
O delator Roberto Cumplido disse que Serra chegou a cobrar propina duas vezes em cima da mesma obra, a do Rodoanel. Primeiro, ele pediu R$ 1,2 milhão. Depois, fez uma renegociação do contrato "que prejudicava o contribuinte e favorecia empreiteiras" e, por conta disso, recebeu mais R$ 2,2 milhões, em mesadas de R$ 200 mil.
O esquema detalhado por Cumplido aconteceu quando Serra era governador. À época, Paulo Preto, à frente da Dersa, conseguiu fazer cada empreiteira beneficiada pela repactuação dos contratos do Rodoanel destinar 0,75% do faturamento ao caixa 2 arquitetado por Serra.
Enquanto o esquema esteve em vigor, a mesada era depositada na off-shore Circle Technical Company INC, que pertence a Amaro Ramos, um operador do PSDB. O delator Luiz Eduardo Soares confirmou essa denúncia de Cumplico.
Em 2009, Serra, em parceria com Sergio Guerra, conseguiu manobrar uma divida que a Odebrecht tinha a receber do governo de São Paulo para conseguir os R$ 23 milhões que foram usados na campanha de 2010. O pagamento foi feito no exterior, com apoio do tesoureiro da campanha presidencial, Márcio Fortes, afirmaram.
"Em outras delações, foi mencionado que Serra recebeu R$ 2 milhões na campanha de 2004 e o dobro do valor, R$ 4 milhões, quando concorreu e ganhou o governo paulista em 2006. Os executivos da Odebrecht também contaram que o senador pediu R$ 3 milhões para financiar a candidatura do PSDB a prefeitura de São Paulo em 2008."
Na planilha da Odebrecht, o delator Fabio Gandolfo disse que Serra era o "vizinho". Isso porque ele morava próximo de Pedro Novis, ex-presidente da Odebrecht. Novis, aliás, teria sido destacado pela cúpula do grupo para atender as demandas de Serra.
O delator ainda afirmou que a propina de 2004 estava relacionada a uma obra do Metrô. Dos contratos da linha 2-Verde, 3% deveriam ser repassados ao caixa de Serra.
Outro lado
Em nota à imprensa, Serra "reitera que não cometeu irregularidades em sua longa vida pública, que sempre foi pautada pela lisura, ética e transparência."
"A abertura do inquérito pelo Supremo Tribunal Federal servirá como oportunidade para demonstrar que as acusações e o conteúdo das delações são fantasiosos e infundados", diz.
Sete delatores disseram à Lava Jato que o tucano negociou, ao longo dos últimos anos, mais de R$ 30 milhões em propina para abastecer, principalmente, suas campanhas eleitorais. Mas há casos de repasses a afilhados políticos do PSDB.
Só em 2010, quando Serra foi derrotado por Dilma Rousseff na corrida à presidência, a Odebrecht pagou R$ 23 milhões ao tucanato via caixa 2. Em 2008, foram mais R$ 3 milhões. Em 2006, mais R$ 4 milhões. E outros R$ 2 milhões foram repassados em 2004.
A exorbitância dos valores por si só é digna de nota. Em seu acordo de colaboração, Alexandrino Alencar disse que a deputados do PT, entre 2008 e 2010, foram pagos entre R$ 50 mil e R$ 150 mil, valores considerados "bons para a época". Ele citou como exemplos Maria do Rosário e Vicente Cândido, e destacou que a doação irregular nunca teve nenhuma contrapartida por parte dos parlamentares.
No caso de Serra, obras do governo de São Paulo foram usadas para cobrar propina da Odebrecht.
O delator Roberto Cumplido disse que Serra chegou a cobrar propina duas vezes em cima da mesma obra, a do Rodoanel. Primeiro, ele pediu R$ 1,2 milhão. Depois, fez uma renegociação do contrato "que prejudicava o contribuinte e favorecia empreiteiras" e, por conta disso, recebeu mais R$ 2,2 milhões, em mesadas de R$ 200 mil.
O esquema detalhado por Cumplido aconteceu quando Serra era governador. À época, Paulo Preto, à frente da Dersa, conseguiu fazer cada empreiteira beneficiada pela repactuação dos contratos do Rodoanel destinar 0,75% do faturamento ao caixa 2 arquitetado por Serra.
Enquanto o esquema esteve em vigor, a mesada era depositada na off-shore Circle Technical Company INC, que pertence a Amaro Ramos, um operador do PSDB. O delator Luiz Eduardo Soares confirmou essa denúncia de Cumplico.
Em 2009, Serra, em parceria com Sergio Guerra, conseguiu manobrar uma divida que a Odebrecht tinha a receber do governo de São Paulo para conseguir os R$ 23 milhões que foram usados na campanha de 2010. O pagamento foi feito no exterior, com apoio do tesoureiro da campanha presidencial, Márcio Fortes, afirmaram.
"Em outras delações, foi mencionado que Serra recebeu R$ 2 milhões na campanha de 2004 e o dobro do valor, R$ 4 milhões, quando concorreu e ganhou o governo paulista em 2006. Os executivos da Odebrecht também contaram que o senador pediu R$ 3 milhões para financiar a candidatura do PSDB a prefeitura de São Paulo em 2008."
Na planilha da Odebrecht, o delator Fabio Gandolfo disse que Serra era o "vizinho". Isso porque ele morava próximo de Pedro Novis, ex-presidente da Odebrecht. Novis, aliás, teria sido destacado pela cúpula do grupo para atender as demandas de Serra.
O delator ainda afirmou que a propina de 2004 estava relacionada a uma obra do Metrô. Dos contratos da linha 2-Verde, 3% deveriam ser repassados ao caixa de Serra.
Outro lado
Em nota à imprensa, Serra "reitera que não cometeu irregularidades em sua longa vida pública, que sempre foi pautada pela lisura, ética e transparência."
"A abertura do inquérito pelo Supremo Tribunal Federal servirá como oportunidade para demonstrar que as acusações e o conteúdo das delações são fantasiosos e infundados", diz.
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