Ilustração: Paulo Batista |
Nesta segunda-feira (17) completou um ano o primeiro passo do golpe judicial-midiático-parlamentar de 2016 que afastou a presidenta Dilma.
O golpe de 2016 encerra, na verdade, o ciclo iniciado nos anos 1930, quando o Brasil começou a viver avanços como o desenvolvimento mais intenso e dinâmico e as conquistas dos direitos dos trabalhadores, além de conquistas democráticas. Um dos marcos mais importantes deste ciclo é a Constituição de 1988, que os golpistas tentam desfigurar.
Foram doze meses de retrocesso e graves atentados contra a democracia, os direitos do povo e dos trabalhadores e a soberania e independência do Brasil.
Atentados que ocorrem numa escala jamais vista – nem mesmo durante a ditadura militar de 1964 ousaram acabar com a aposentadoria ou rasgar a CLT, como o governo ilegítimo pretende impor ao país.
O saldo destes doze meses é um cenário de acentuada instabilidade política e social, e cujo resultado é a recessão econômica numa profundidade inédita na história brasileira. Pelo segundo ano consecutivo o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 3,6%, empresas brasileiras são destruídas e o desemprego chega à escala jamais vista de 13,5 milhões. Em um ano são mais de 2 milhões de trabalhadores desempregados. O deficit fiscal é galopante e em 2016 passou dos R$ 155 bilhões, ou quase 2,5% do PIB. Há também o abandono e desprezo da soberania nacional nas relações externas e o Brasil perde aceleradamente o protagonismo que havia alcançado no cenário internacional.
As ações do governo golpista deixam clara sua subordinação aos interesses imperialistas, principalmente estadunidenses. Subordinação revelada no desmonte, promovido por Michel Temer, de setores estratégicos ao desenvolvimento do Brasil em áreas importantes como a Petrobras e o pré-sal, obstáculos ao desenvolvimento do submarino de propulsão nuclear, destruição de grandes empresas de engenharia, cortes em investimentos no desenvolvimento científico, etc.
Um ano depois da primeira fase do golpe, não há perspectiva de saída para a crise, mas de seu agravamento, se o governo golpista se mantiver.
Ironicamente, em entrevista a uma emissora de TV transmitida na véspera do primeiro aniversário, Michel Temer confessou o motivo imediato do golpe que, na verdade, tem o propósito de interromper, em favor do rentismo, um ciclo de conquistas democráticas, econômicas e sociais, que favoreciam o povo e os trabalhadores. Temer candidamente admitiu que o golpe contra a presidenta eleita Dilma Rousseff foi motivado pela vingança do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
É crescente a resistência a este “espetáculo de horrores”, registra a deputada comunista Jandira Feghali, e ao desmonte do Estado iniciado há um ano, promovido pelo governo golpista. E vai se manifestar outra vez, com força, na greve geral que ocorrerá em 28 de abril, que é parte importante da necessária mobilização popular, fundamental para enfrentar a direita, defender os direitos e as conquistas ameaçadas e ajudar a construir um amplo movimento capaz de tirar a país da crise.
Os brasileiros dirão não ao retrocesso e querem derrotar a direita neoliberal e seu governo golpista e ilegítimo.
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