Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
A entrevista de Fernando Henrique Cardoso à Folha é algo que, quando lhe forem escrever a biografia, será rapidamente tratada, ao final, quando seu biógrafo cuidar da decrepitude intelectual e moral que passou a acometê-lo.
É um anticlímax, depois dos capítulos onde se cuidar de sua transmutação político-ideológica, desde os anos 90, que lhe daria um lugar na galeria dos grandes traidores da esquerda brasileira.
Porque, se tratada de maneira mais estendida, sua promoção da chapa Doria-Huck, tiraria, até, todo o interesse pelo personagem, que se reduziria a um oportunismo eleitoreiro rastaquera, dissolvedor de qualquer aspecto filosófico da conversão do antigo pensador desenvolvimentista em mascate do patrimônio nacional.
FHC tem – ou tinha – todos os instrumentos intelectuais para saber que João Doria e Luciano Huck podem ser qualquer coisa, menos “o novo” que ele diz ser. Muito menos o “estão fora” com que fala de estarem distantes da política e ainda menos o “não estão sendo propelidos pelas forças de sempre”.
Afinal, que forças estariam propelindo Huck e Doria senão o mais longevo e imutável partido político brasileiro, a mídia empresarial?
E como dizer que “estão fora”, se Doria fez carreira, desde o Governo Sarney, coletando publicidade de empresas e governos para suas quase não lidas e não vistas publicações e pataquadas televisivas? Ou teria eu esquecido do imenso serviço prestado à população com suas propagandas de vitaminas?
Será que fazer gincanas de televisão onde se vai, impiedosamente, eliminando os mais fracos ou reformando a fubica de um coitado que não consegue manter sua lata velha são “o novo” na política e na vocação pública de alguém?
Huck e Doria jamais se confrontaram com o poder econômico, mas o bajularam. E não menos na política: o primeiro era arroz de festa nas aparições de Aécio Neves e o segundo desfilava sempre os mais conservadores personagens em seus eventos pagos a peso de ouro.
Pode-se argumentar, em defesa deles, que, como carreiristas, cuidam de suas carreira e se a política surge como uma oportunidade de projeção e merchandising de si mesmo, é natural que a escolham como caminho para o que sempre os moveu: ganhar prestígio e dinheiro, ou apenas dinheiro, porque afinal é nisso que o prestígio lhes serve.
Mas não em relação a Fernando Henrique, que se arvora em homem de estado e intelectual capaz de interpretar e interferir no curso dos processos político-sociais.
Darcy Ribeiro, referindo-se à trajetória acadêmica e intelectual de Fernando Henrique, disse que era “um luxo” ter um sociólogo na Presidência.
O professor, hoje, talvez tivesse de dizer que FHC, tornou-se, ao contrário da profecia de Joaozinho Trinta, um lixo que veio do luxo, atirando ratos e urubus para rasgarem as fantasias e desejos desta Nação a ser um país diferente de um circo.
O único ensinamento que Fernando Henrique nos dá, e de grande valia, é que a política não é mesmo um campeonato de virtudes, mas uma disputa de interesses sociais e econômicos, tanto que o Príncipe não hesita em apoiar os bufões, se isso é capaz de manter subjugado o reino.
Felizes seríamos nós se, em lugar do “esqueçam que escrevi” de Fernando Henrique pudéssemos ter um “esqueçam que existi”.
A entrevista de Fernando Henrique Cardoso à Folha é algo que, quando lhe forem escrever a biografia, será rapidamente tratada, ao final, quando seu biógrafo cuidar da decrepitude intelectual e moral que passou a acometê-lo.
É um anticlímax, depois dos capítulos onde se cuidar de sua transmutação político-ideológica, desde os anos 90, que lhe daria um lugar na galeria dos grandes traidores da esquerda brasileira.
Porque, se tratada de maneira mais estendida, sua promoção da chapa Doria-Huck, tiraria, até, todo o interesse pelo personagem, que se reduziria a um oportunismo eleitoreiro rastaquera, dissolvedor de qualquer aspecto filosófico da conversão do antigo pensador desenvolvimentista em mascate do patrimônio nacional.
FHC tem – ou tinha – todos os instrumentos intelectuais para saber que João Doria e Luciano Huck podem ser qualquer coisa, menos “o novo” que ele diz ser. Muito menos o “estão fora” com que fala de estarem distantes da política e ainda menos o “não estão sendo propelidos pelas forças de sempre”.
Afinal, que forças estariam propelindo Huck e Doria senão o mais longevo e imutável partido político brasileiro, a mídia empresarial?
E como dizer que “estão fora”, se Doria fez carreira, desde o Governo Sarney, coletando publicidade de empresas e governos para suas quase não lidas e não vistas publicações e pataquadas televisivas? Ou teria eu esquecido do imenso serviço prestado à população com suas propagandas de vitaminas?
Será que fazer gincanas de televisão onde se vai, impiedosamente, eliminando os mais fracos ou reformando a fubica de um coitado que não consegue manter sua lata velha são “o novo” na política e na vocação pública de alguém?
Huck e Doria jamais se confrontaram com o poder econômico, mas o bajularam. E não menos na política: o primeiro era arroz de festa nas aparições de Aécio Neves e o segundo desfilava sempre os mais conservadores personagens em seus eventos pagos a peso de ouro.
Pode-se argumentar, em defesa deles, que, como carreiristas, cuidam de suas carreira e se a política surge como uma oportunidade de projeção e merchandising de si mesmo, é natural que a escolham como caminho para o que sempre os moveu: ganhar prestígio e dinheiro, ou apenas dinheiro, porque afinal é nisso que o prestígio lhes serve.
Mas não em relação a Fernando Henrique, que se arvora em homem de estado e intelectual capaz de interpretar e interferir no curso dos processos político-sociais.
Darcy Ribeiro, referindo-se à trajetória acadêmica e intelectual de Fernando Henrique, disse que era “um luxo” ter um sociólogo na Presidência.
O professor, hoje, talvez tivesse de dizer que FHC, tornou-se, ao contrário da profecia de Joaozinho Trinta, um lixo que veio do luxo, atirando ratos e urubus para rasgarem as fantasias e desejos desta Nação a ser um país diferente de um circo.
O único ensinamento que Fernando Henrique nos dá, e de grande valia, é que a política não é mesmo um campeonato de virtudes, mas uma disputa de interesses sociais e econômicos, tanto que o Príncipe não hesita em apoiar os bufões, se isso é capaz de manter subjugado o reino.
Felizes seríamos nós se, em lugar do “esqueçam que escrevi” de Fernando Henrique pudéssemos ter um “esqueçam que existi”.
Tristes Trópicos!Diria um Sociólogo...
ResponderExcluir