Por Joan Edesson de Oliveira, no site Vermelho:
Creio que todos conhecem a fábula do lobo e do cordeiro. Estava o cordeiro num córrego, bebendo, quando o lobo acusa-o de turvar a água. O cordeirinho argumenta que está abaixo do lobo e que, portanto, a água corre daquele para ele. O lobo diz então que soube que no ano anterior o cordeiro andava falando mal dele, ao que o cordeirinho retruca que no ano anterior nem havia nascido. O lobo fala que deve ter sido o irmão mais velho dele, mas o cordeiro diz que é filho único. O lobo, sem mais argumentos, diz que se não foi o irmão, foi o pai ou o avô do cordeirinho, e abocanha-lhe o pescoço, sangrando-o.
O processo contra Lula segue o roteiro da fábula. Respeitado o estado de direito e levada a justiça a sério, o processo seria risível, algo assim como uma anedota jurídica. Mas há muito que o estado de direito foi rompido e a justiça não passa de uma senhora de olhos vendados conduzida na escuridão por aproveitadores da pior espécie.
Acusa-se Lula de ter recebido um apartamento no Guarujá, um triplex, que na fábrica de ilusões global, ganha ares de imponência superior a uma mansão em Paraty. Mas não há provas de que Lula seja o dono do tal apartamento, não há escritura em seu nome. Mas o lobo, desculpem, o Ministério Público diz que essa é a prova, a ausência de prova é a prova que Lula ocultou o patrimônio. O contorcionismo jurídico, repito, em tempos normais, viraria uma anedota.
Há outras provas apresentadas em juízo, como um documento sem assinatura e um documento rasurado. Se não tem assinatura não deveria ter nenhum valor, mas pela ótica dos rapazes das araucárias a falta de assinatura é prova de que Lula é o dono, tanto que ninguém assinou, para ocultar a prova. Quanto ao documento rasurado, que nem o Ministério Público e nem a Polícia Federal conseguiram descobrir quem rasurou, a lógica vigente só tem como encontrar um autor, Lula. Há de ter sido ele, é certo.
Um recibo de pedágio prova que funcionários do Instituto Lula foram ao Guarujá. No novíssimo direito curitibano isso é prova de que ele é dono do tal triplex que fica lá. Vitoriosa essa tese, doravante qualquer um de nós pode ser acusado de qualquer crime.
Quanto mais avança o processo, mais ele fica parecido com o lobo da fábula. Não foi diferente no depoimento de Lula ao juiz (desculpem pelo suposto uso indevido do termo) Sérgio Moro. Nenhuma prova, nada foi apresentado. Mas foi perguntado se Lula realmente disse que iria mandar prender alguém caso fosse eleito presidente. Como se vê, o lobo faz escola há muito.
No dia seguinte ao depoimento o Jornal Nacional, da Globo, num ataque de saudosismo, resolveu repetir o feito de 1989, após o último debate entre Collor e Lula, descaradamente editado para favorecer o herói alagoano. O depoimento de Lula foi editado de forma a que ele parecesse culpado. Mais uma vez, as provas não foram apresentadas, mas há muito que a justiça brasileira dispensou a exigência de provas em processos políticos. Houve uma ministra, dizem que com o auxílio de um juiz, que proferiu o voto de condenação a José Dirceu, na ausência de provas cabais, porque a literatura jurídica lhe permitia tal voto.
Na ausência de provas cabais, Lula será condenado com base nas convicções, esta é a minha opinião. Lula foi condenado há muito, essa é a verdade. O arremedo de julgamento é apenas isso, um arremedo que permita à grande mídia, sócia majoritária do consórcio golpista, justificar para o povo, num bombardeio diário de falsas informações, que houve um processo justo. Como foi feito com o golpe que tirou Dilma.
O estado de direito foi rompido há muito, a justiça se comporta parcial e seletivamente, e o pior congresso da história retira todos os dias mais e mais direitos do povo, seguindo os ditames do impostor que ocupa a presidência.
Nesse quadro, Lula será condenado. Vale hoje o velho provérbio tão ao gosto dos anarquistas no início do século passado: “Quando la forza com la ragion contrasta, vince la forza e la ragion non basta”. Na quadra que vivemos a razão não é suficiente, a força bruta está ganhando de goleada todos os dias.
Creio que todos conhecem a fábula do lobo e do cordeiro. Estava o cordeiro num córrego, bebendo, quando o lobo acusa-o de turvar a água. O cordeirinho argumenta que está abaixo do lobo e que, portanto, a água corre daquele para ele. O lobo diz então que soube que no ano anterior o cordeiro andava falando mal dele, ao que o cordeirinho retruca que no ano anterior nem havia nascido. O lobo fala que deve ter sido o irmão mais velho dele, mas o cordeiro diz que é filho único. O lobo, sem mais argumentos, diz que se não foi o irmão, foi o pai ou o avô do cordeirinho, e abocanha-lhe o pescoço, sangrando-o.
O processo contra Lula segue o roteiro da fábula. Respeitado o estado de direito e levada a justiça a sério, o processo seria risível, algo assim como uma anedota jurídica. Mas há muito que o estado de direito foi rompido e a justiça não passa de uma senhora de olhos vendados conduzida na escuridão por aproveitadores da pior espécie.
Acusa-se Lula de ter recebido um apartamento no Guarujá, um triplex, que na fábrica de ilusões global, ganha ares de imponência superior a uma mansão em Paraty. Mas não há provas de que Lula seja o dono do tal apartamento, não há escritura em seu nome. Mas o lobo, desculpem, o Ministério Público diz que essa é a prova, a ausência de prova é a prova que Lula ocultou o patrimônio. O contorcionismo jurídico, repito, em tempos normais, viraria uma anedota.
Há outras provas apresentadas em juízo, como um documento sem assinatura e um documento rasurado. Se não tem assinatura não deveria ter nenhum valor, mas pela ótica dos rapazes das araucárias a falta de assinatura é prova de que Lula é o dono, tanto que ninguém assinou, para ocultar a prova. Quanto ao documento rasurado, que nem o Ministério Público e nem a Polícia Federal conseguiram descobrir quem rasurou, a lógica vigente só tem como encontrar um autor, Lula. Há de ter sido ele, é certo.
Um recibo de pedágio prova que funcionários do Instituto Lula foram ao Guarujá. No novíssimo direito curitibano isso é prova de que ele é dono do tal triplex que fica lá. Vitoriosa essa tese, doravante qualquer um de nós pode ser acusado de qualquer crime.
Quanto mais avança o processo, mais ele fica parecido com o lobo da fábula. Não foi diferente no depoimento de Lula ao juiz (desculpem pelo suposto uso indevido do termo) Sérgio Moro. Nenhuma prova, nada foi apresentado. Mas foi perguntado se Lula realmente disse que iria mandar prender alguém caso fosse eleito presidente. Como se vê, o lobo faz escola há muito.
No dia seguinte ao depoimento o Jornal Nacional, da Globo, num ataque de saudosismo, resolveu repetir o feito de 1989, após o último debate entre Collor e Lula, descaradamente editado para favorecer o herói alagoano. O depoimento de Lula foi editado de forma a que ele parecesse culpado. Mais uma vez, as provas não foram apresentadas, mas há muito que a justiça brasileira dispensou a exigência de provas em processos políticos. Houve uma ministra, dizem que com o auxílio de um juiz, que proferiu o voto de condenação a José Dirceu, na ausência de provas cabais, porque a literatura jurídica lhe permitia tal voto.
Na ausência de provas cabais, Lula será condenado com base nas convicções, esta é a minha opinião. Lula foi condenado há muito, essa é a verdade. O arremedo de julgamento é apenas isso, um arremedo que permita à grande mídia, sócia majoritária do consórcio golpista, justificar para o povo, num bombardeio diário de falsas informações, que houve um processo justo. Como foi feito com o golpe que tirou Dilma.
O estado de direito foi rompido há muito, a justiça se comporta parcial e seletivamente, e o pior congresso da história retira todos os dias mais e mais direitos do povo, seguindo os ditames do impostor que ocupa a presidência.
Nesse quadro, Lula será condenado. Vale hoje o velho provérbio tão ao gosto dos anarquistas no início do século passado: “Quando la forza com la ragion contrasta, vince la forza e la ragion non basta”. Na quadra que vivemos a razão não é suficiente, a força bruta está ganhando de goleada todos os dias.
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