Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:
O ex-governador e ex-deputado federal Anthony Garotinho saiu em defesa da decisão do prefeito do Rio, Marcelo Crivella, de cancelar o aumento do subsídio às escolas de samba concedido pelo antecessor Eduardo Paes em 2016. Naquele ano, a prefeitura duplicou o valor dado a cada uma das 13 escolas do grupo especial de 1 para 2 milhões de reais; Crivella quer que o valor do subsídio volte a ser de 1 milhão, como era até então. Garotinho propõe que a Globo, que tanto defende as privatizações, passe a arcar com a despesa restante, em vez de a prefeitura utilizar dinheiro público.
“A Globo é quem mais lucra com o carnaval, pelo menos 400 milhões de reais por ano somente em patrocínios, e gasta somente 100 milhões para fazer as transmissões. Ora, a emissora poderia muito bem doar 1 milhão para cada escola. O que são 13 milhões de reais para quem vai ganhar mais de 300 milhões? E o que são 13 milhões de reais para a família Marinho, uma das mais ricas do mundo?”, provoca o ex-governador, cuja filha, a deputada federal Clarissa, é secretária de Desenvolvimento, Emprego e Inovação de Crivella.
Ou seja, pelo visto a “ameaça” ao carnaval tem mais a ver com a briga entre Globo e Record do que com questões morais ou religiosas, como tem dito a emissora para angariar a simpatia dos setores progressistas para o seu lado na disputa. Garotinho afirma com todas as letras que “é mentira da Globo” que o prefeito, bispo licenciado da Igreja Universal, esteja misturando política com religião ao cortar recursos para as escolas. “Eu sei que não é por causa de religião porque quem defendeu para mim a redução dos recursos para as escolas foi um ateu, o secretário de Educação Cesar Benjamin”, disse Garotinho ao blog.
Há uma semana, o ex-petista e ex-Psolista Benjamin publicou no Facebook um texto garantindo que o corte no subsídio das escolas de samba foi feito a seu pedido, para aumentar as verbas destinadas às creches municipais. “Estudando os números da educação no Brasil, constatei uma anomalia: a proporção entre creches conveniadas e públicas no Rio de Janeiro é inferior à metade da média das outras capitais. Pedi um estudo sobre isso. Verificamos que poderíamos abrir em curto prazo mais 6 mil vagas sem investimento novo”, escreveu o secretário.
“Esse incremento esbarra no baixo valor per capita pago pela Prefeitura do Rio: 300 reais por criança por mês, contra 650 reais a 800 reais pagos em São Paulo e em Belo Horizonte. Esse valor, congelado há bastante tempo, se tornou irreal. Tendo em vista socorrer as creches, ele então decidiu, com meu apoio, suspender o aumento de recursos que Eduardo Paes havia designado para as escolas de samba a partir deste ano”, justificou Benjamin, acusando a esquerda de comprar a justificativa da Globo e acreditar na existência de “um plano da Igreja Universal para abolir o carnaval carioca”.
O próprio prefeito Marcelo Crivella tem batido na mesma tecla: “não tem nada de religião, é responsabilidade fiscal”. A Liga das Escolas de Samba chegou a anunciar a suspensão do desfile em 2018, após o corte de recursos, mas nesta quarta-feira, 28 de junho, após reunião com o prefeito, voltou atrás. Crivella prometeu manter 1 milhão de reais de subsídios para cada escola e ir atrás de recursos privados. “Vou lutar muito para conseguir os recursos para o carnaval. Hoje, demos o primeiro passo para um acordo”, disse o prefeito.
Ainda não se sabe se Crivella vai seguir a sugestão de Garotinho e pedir os recursos que faltam à Globo.
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