Por Tereza Cruvinel, em seu blog:
Temer e suas chances de sobrevivência literalmente derreteram durante sua patética participação na reunião do G-20, enquanto a perspectiva de poder escorria como água em declive na direção de Rodrigo Maia. Embora a maioria oportunista ainda se esconda sob o muro dos 'indecisos', nos bastidores da Câmara já se discute a própria sucessão de Rodrigo Maia na presidência da Casa, caso ele se suceda a Temer, numa operação que tende a ser 'casada'. O PSDB pode exigir o cargo em troca do apoio ao afastamento de Temer e ao eventual governo Maia.
Tal como no impeachment da presidente eleita Dilma Rousseff, quando garantiu os votos para sua derrubada e apoio ao governo de Michel Temer, a partir de seu compromisso com as reformas pleiteadas pelo mercado, novamente o PSDB é o fiel da balança num “acordo pelo alto” que deixa o povo de fora. Com sua mensagem numa rede social, nesta sexta-feira, em defesa do avanço das reformas - “Não podemos estar satisfeitos apenas com a reforma trabalhista. Temos a Previdenciária, a Tributária e mudanças na legislação de segurança pública” - Maia falou para o mercado financeiro e para o setor produtivo, com os quais intensificou seus contatos recentemente, mas acenou principalmente para os tucanos, dos quais dependerá muito para governar caso Temer seja afastado. Com o PMDB de Temer desarticulado e varejado por denúncias, e a conhecida fugacidade do Centrão fisiológico, o governo de Maia teria como pilar mais firme de sustentação uma coalizão entre seu partido, o DEM, e o PSDB. A mesma que sustentou o governo FHC.
Alguns tucanos, como o prefeito Dória e o chanceler Aloysio Nunes, insistem na salvação de Temer mas o desembarque segue a olhos vistos. Os que proclamam sem rodeios o fim do governo, como os senadores Tasso Jereissati e Cassio Cunha Lima, estão se rendendo ao inevitável, para continuarem no poder.
Embora o jogo ainda não pareça decidido, a maioria dos deputados vai se convencendo de que cometerão suicídio eleitoral se votarem contra a licença para que Temer seja processado. Ainda que esta primeira, por corrupção passiva, seja derrubada, outras duas virão. Como irá um deputado pedir votos para um novo mandato em 2018 apresentando-se como salvador de um governo rejeitado pela maioria da população, responsável pelo desastre político decorrente de sua podridão moral e pela estagnação econômica que infelicita o Brasil?
Numericamente, o jogo pode ainda não estar decidido mas a lei da sobrevivência política trabalha pela aprovação do pedido de licença e o poder escorre velozmente das mãos de Temer para as de Rodrigo Maia. Os agentes econômicos que apoiaram o golpe contra Dilma começaram a aceita-lo como novo fiador do programa econômico e das reformas, dispondo-se a renovar a nota promissória do golpe.
O PSDB, entretanto, já pagou um preço altíssimo pela aventura golpista e pelo apoio a Temer, como disse Cunha Lima no Senado. Os quatro ministérios que ocupa não servirão para atenuar o desgaste. Uma compensação política, para apoiar o eventual governo Maia, poderia ser a presidência da Câmara, que ficaria vaga.
Regimentalmente, caso Maia renuncie ao cargo para assumir a Presidência da República, seu sucessor seria o primeiro vice-presidente, deputado Fabio Ramalho, do PTB/MG, que continua fiel a Temer.
– Eu seria o sucessor natural de Rodrigo mas não estou pensando nisso, e sim na estabilidade política e na normalidade democrática. Não é hora de criarmos nova turbulência. O presidente Temer conta com mais de 200 votos para derrubar o pedido de licença – garantiu ele ao 247.
Temer precisará de 172 votos para barrar o pedido.
Mas se Temer for afastado, nada impede que seja aprovada uma alteração regimental estabelecendo que, em caso de vacância, um novo presidente da Casa seja eleito. Um tucano. Maia, depois de eleito para um mandato tampão após a cassação de Eduardo Cunha, também não poderia ter concorrido ao atual mandato. Entretanto, mudaram o regimento e isso foi possível. E graças a esta mudança regimental, agora ele poderá chegar ao Planalto sem ter passado pelo crivo do eleitorado.
Nada como uma República onde as regras podem ser ajustadas aos interesses e conveniências dos que mandam e não precisam dar satisfação à plebe. Nada como uma grande república bananeira em pleno século 21.
Tal como no impeachment da presidente eleita Dilma Rousseff, quando garantiu os votos para sua derrubada e apoio ao governo de Michel Temer, a partir de seu compromisso com as reformas pleiteadas pelo mercado, novamente o PSDB é o fiel da balança num “acordo pelo alto” que deixa o povo de fora. Com sua mensagem numa rede social, nesta sexta-feira, em defesa do avanço das reformas - “Não podemos estar satisfeitos apenas com a reforma trabalhista. Temos a Previdenciária, a Tributária e mudanças na legislação de segurança pública” - Maia falou para o mercado financeiro e para o setor produtivo, com os quais intensificou seus contatos recentemente, mas acenou principalmente para os tucanos, dos quais dependerá muito para governar caso Temer seja afastado. Com o PMDB de Temer desarticulado e varejado por denúncias, e a conhecida fugacidade do Centrão fisiológico, o governo de Maia teria como pilar mais firme de sustentação uma coalizão entre seu partido, o DEM, e o PSDB. A mesma que sustentou o governo FHC.
Alguns tucanos, como o prefeito Dória e o chanceler Aloysio Nunes, insistem na salvação de Temer mas o desembarque segue a olhos vistos. Os que proclamam sem rodeios o fim do governo, como os senadores Tasso Jereissati e Cassio Cunha Lima, estão se rendendo ao inevitável, para continuarem no poder.
Embora o jogo ainda não pareça decidido, a maioria dos deputados vai se convencendo de que cometerão suicídio eleitoral se votarem contra a licença para que Temer seja processado. Ainda que esta primeira, por corrupção passiva, seja derrubada, outras duas virão. Como irá um deputado pedir votos para um novo mandato em 2018 apresentando-se como salvador de um governo rejeitado pela maioria da população, responsável pelo desastre político decorrente de sua podridão moral e pela estagnação econômica que infelicita o Brasil?
Numericamente, o jogo pode ainda não estar decidido mas a lei da sobrevivência política trabalha pela aprovação do pedido de licença e o poder escorre velozmente das mãos de Temer para as de Rodrigo Maia. Os agentes econômicos que apoiaram o golpe contra Dilma começaram a aceita-lo como novo fiador do programa econômico e das reformas, dispondo-se a renovar a nota promissória do golpe.
O PSDB, entretanto, já pagou um preço altíssimo pela aventura golpista e pelo apoio a Temer, como disse Cunha Lima no Senado. Os quatro ministérios que ocupa não servirão para atenuar o desgaste. Uma compensação política, para apoiar o eventual governo Maia, poderia ser a presidência da Câmara, que ficaria vaga.
Regimentalmente, caso Maia renuncie ao cargo para assumir a Presidência da República, seu sucessor seria o primeiro vice-presidente, deputado Fabio Ramalho, do PTB/MG, que continua fiel a Temer.
– Eu seria o sucessor natural de Rodrigo mas não estou pensando nisso, e sim na estabilidade política e na normalidade democrática. Não é hora de criarmos nova turbulência. O presidente Temer conta com mais de 200 votos para derrubar o pedido de licença – garantiu ele ao 247.
Temer precisará de 172 votos para barrar o pedido.
Mas se Temer for afastado, nada impede que seja aprovada uma alteração regimental estabelecendo que, em caso de vacância, um novo presidente da Casa seja eleito. Um tucano. Maia, depois de eleito para um mandato tampão após a cassação de Eduardo Cunha, também não poderia ter concorrido ao atual mandato. Entretanto, mudaram o regimento e isso foi possível. E graças a esta mudança regimental, agora ele poderá chegar ao Planalto sem ter passado pelo crivo do eleitorado.
Nada como uma República onde as regras podem ser ajustadas aos interesses e conveniências dos que mandam e não precisam dar satisfação à plebe. Nada como uma grande república bananeira em pleno século 21.
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