segunda-feira, 10 de julho de 2017

Cadê os investimentos, Míriam Leitão?

Por Altamiro Borges

Na cruzada golpista pelo impeachment de Dilma Rousseff, a mídia privada difundiu a ideia de que bastaria depor a presidenta eleita pela maioria dos brasileiros para a economia voltar a crescer, gerando emprego e renda. Os seus urubólogos garantiram que a ruptura possibilitaria a volta da confiança do “deus-mercado” e o retorno dos investimentos, transformando o Brasil em um paraíso. Míriam Leitão, a principal porta-voz econômica do Grupo Globo, bateu insistentemente nesta tecla. Este discurso falso, que enganou muitos “midiotas”, ajudou a pavimentar o caminho para o “golpe dos corruptos”, que alçou ao poder a quadrilha de Michel Temer. Agora, porém, os fatos desmentem os mercadores de ilusão e os mercenários de plantão.

Na semana passada, o próprio Centro de Estudos do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Cemec) confessou que a volta dos investimentos públicos e privados era pura balela para ludibriar os otários. Nos últimos três anos e meio, esta modalidade de despesa, que abarca obras e equipamentos destinados a ampliar a capacidade de produção do país, encolheu 30%. E não há sinais consistentes de que este processo de retração do investimento esteja se encerrando. Muito pelo contrário. O Judas Michel Temer, que assaltou o poder com o apoio dos empresários, não conseguiu retomar a tal confiança do “deus mercado”, que passou a cancelar projetos de expansão à medida que a crise econômica e política se agravava no país.

A política de austeridade fiscal do covil golpista – que também pode ser chamada de “austericídio” – também contribuiu para conter os investimentos públicos. Para manter os lucros dos rentistas, que sugam os cofres públicos com os juros da dívida, a União, os Estados e os municípios promovem drásticos cortes de recursos em obras de infraestrutura. O Brasil está paralisado. O investimento que já era frágil antes do início da atual crise —o país destinava apenas 22% da renda nacional nesta despesa, bem abaixo do observado nos gigantes emergentes China (47%) e Índia (34%) – hoje baixou para minguados 15%. No setor público, o investimento caiu de 3,2% para 1,8% do PIB; já no setor privado, ele despencou de 18,6% para 13,7%.

O resultado desta brutal retração dos investimentos públicos e privados aparece em todos os poros da economia. Na semana passada, a Confederação Nacional dos Comércio (CNC) divulgou um balanço dramático apontando o fechamento de quase 10 mil estabelecimentos comerciais no primeiro trimestre deste ano – para ser mais preciso, houve a falência de 9,9 mil lojas. Ainda de acordo com o estudo, o segmento do varejo que mais fechou lojas foi o de hipermercados, com um saldo de 3,7 mil estabelecimentos a menos. Em seguida vem vestuários e calçados (-1,7 mil lojas) e artigos pessoais e de uso doméstico (-1,2). Será que Míriam Leitão, a ex-urubóloga da Rede Globo, não previu este quadro dramático?

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