Imagem: Jornalistas Livres |
Durante a manifestação contra as reformas trabalhista e da Previdência nesta sexta-feira, 30, na avenida Paulista, o pato da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo foi sacrificado).
Um ato simbólico, para marcar o desaparecimento dos paneleiros.
Mas, o pato vive.
Vive nas próprias reformas, que motivaram o apoio da Fiesp ao golpe contra Dilma Rousseff.
Vive no cinismo do dono de galpão Paulo Skaf, que arrecadou, armou protestos e panfletou jornais pela derrubada de Dilma mas agora, diante de um presidente denunciado por corrupção, diz que não cabe à entidade se envolver em política.
Vive no encontro fortuito entre Michel Temer e o ministro do STF Gilmar Mendes, flagrado como moleque de recados do senador Aécio Neves cabulando votos no interior do PSDB.
O pato vive nos sorteios do STF, que transformaram Gilmar Mendes em relator de inquérito de seu amigo José Serra e do chanceler Aloysio Nunes Ferreira e o tucano Alexandre de Moraes em relator de inquérito contra Aécio Neves.
O pato vive na soltura do “homem da mala” de Michel Temer, no descaso do juiz Sergio Moro com a delação de Eduardo Cunha e nos amplos incentivos dados pela Lava Jato a delatores que citam Lula e o PT.
O pato vive e voa — livre, leve e solto — na decisão do ministro Marco Aurélio de devolver Aécio Neves ao Senado, ainda que ele tenha sido flagrado praticando obstrução de Justiça. Por menos que isso, Delcídio do Amaral passou 87 dias preso, delatou e foi cassado.
Para completar o escárnio, Marco Aurélio elogiou a carreira política de Aécio na decisão e sugeriu que a vitória de Dilma Rousseff em 2014 foi resultado de fraude eleitoral.
Ou seja, para o ministro do STF os 7 milhões de votos dados ao senador Aécio em Minas valem muito - mais que os 54 milhões recebidos por Dilma Rousseff?
O STF, é bom lembrar, nunca se manifestou sobre o golpe dado contra Dilma no Congresso, sem crime de responsabilidade, por pilantras encabeçados por Eduardo Cunha.
Petistas argumentam que as decisões sobre o deputado Rodrigo Rocha Loures e o senador Aécio foram juridicamente corretas. Mas, escancaram os dois pesos, duas medidas.
E nunca é demais lembrar que o roteiro de Romero Jucá dizia que o acordão seria “com o STF, com tudo” - nesse “tudo” aí, cabe muita gente.
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