Por Katia Guimarães, no blog Socialista Morena:
As bravas mulheres da oposição bem que tentaram: protagonizaram o ato político mais surpreendente dos últimos tempos na tentativa de barrar a aprovação da macabra reforma trabalhista defendida pelo governo Temer. Por quase sete horas, a mesa diretora do plenário da Casa foi ocupada por cinco senadoras – Gleisi Hoffmann (PT-PR), Fátima Bezerra (PT-RN), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Regina Sousa (PT-PI) e Angela Portela (PSB-RR). Essa foi a única alternativa de protesto encontrada, já que o Senado estava prestes a concluir a última etapa de votação antes da sanção presidencial.
No final, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), forçou o início da votação e a reforma trabalhista foi aprovada por 50 a 26, dando fim a um dos maiores legados da Era Vargas, a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), que garantiu proteção ao trabalhador brasileiro na década de 1940. Que o trabalhador brasileiro guarde bem esta data. Hoje, 11 de julho de 2017, um bando de vigaristas destruiu seus direitos e os colocou de volta no início do século 20.
A estratégia de ocupar o plenário foi traçada pelas próprias senadoras e ganhou o apoio de colegas como a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), além dos senadores e deputados da oposição. “Elas colocaram seus próprios mandatos em risco”, ressaltou Roberto Requião (PMDB-PR). A ideia era conseguir adiar a votação para o segundo semestre, ganhando tempo para alertar a sociedade do descalabro que é a “reforma”, ou pelo menos forçar um acordo para garantir que os trabalhadores pudessem assistir à votação na galeria do plenário, o que permitiria o debate sobre a matéria e facilitaria as mudanças no texto. Isso levaria a reforma trabalhista de volta para análise na Câmara dos Deputados. Impassível, o governo não aceitou qualquer acordo proposto pelas oposicionistas.
Por volta do meio-dia, quando as senadoras já ocupavam o plenário, Eunício tentou dar início à votação, mas foi impedido de assumir a presidência e mandou cortar a luz do plenário e a transmissão da TV Senado. Mesmo às escuras, as senadoras resistiram, almoçaram e passaram o dia no plenário. O caso ganhou repercussão nas redes sociais e logo a hashtag #ForçaSenadoras se espalhou. As transmissões da ocupação pelo Facebook do PT no Senado atingiram mais de 5,6 milhões de pessoas. Fotos e memes tomaram conta do twitter. “Ode as senadoras!”, “senadoras guerreiras!” “senadoras me representam!”, diziam alguns dos tuítes. Artistas e personalidades destacaram o feito e a presidenta Dilma também usou as redes sociais para estimular a resistência das cinco valentes.
Como era de se esperar em um protesto liderado por mulheres em uma Casa dominada pelos homens, o machismo tomou conta das críticas pelos corredores do Senado, partindo de senadores, funcionários e até de jornalistas. “Palhaçada” e “avacalhação” eram os adjetivos mais suaves. O vice-presidente do Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), chegou a dizer que as senadoras usaram a fragilidade feminina para realizar o protesto “Elas estão sendo machistas”, disse. “Por que só tem mulher lá?”, indagou ele.
Na GloboNews, o senador Jorge Viana (PT-AC) reagiu a uma jornalista, que afirmou que o PT estava usando as mulheres para paralisar o Senado. “Elas decidiram e nós apoiamos. E estamos aqui ajudando”, protestou. “Elas só estão ali porque usam saias”, reclamou outro repórter. Um funcionário da segurança da Casa reclamou do “absurdo” e mais um jornalista chegou a dizer que iria enviar fraldas geriátricas para as senadoras. O machismo não parou por aí. O senador Gladson Camelin (PP-AC), depois de gritar com a senadora Gleisi dizendo que ela precisa de um espelho para se enxergar, tentou impedir a petista de sentar em uma das cadeiras da mesa do plenário.
Irritado com a iniciativa das senadoras da oposição, o presidente Eunício passou o dia reclamando, se dizendo chocado. Falou em ditadura, sem se lembrar que o rolo compressor do governo é que funciona como uma ditadura ao chantagear e comprar parlamentares com cargos e emendas, sem deixar os textos serem alterados. Ele retornou ao plenário no fim do dia para dar um ultimato ou elas abriam mão do protesto ou ele iria realizar a votação em qualquer dependência do Senado.
Um dos pontos altos foi quando uma manifestante, que conseguiu mandado de segurança para assistir à votação da galeria do plenário, cobrou o voto dado a senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) e chegou a xingar os senadores governistas. “Vocês estão vendendo a classe trabalhadora”, disse. Pouco antes, as manifestantes e duas amigas cantaram o Hino da Independência. Senadores da oposição e governistas batiam boca. José Medeiros (PSD-MT), que pouco antes entrou no Conselho de Ética contra as senadoras que faziam a ocupação, gritava afirmando que o PT tinha que devolver o dinheiro da Petrobras. Nesse momento, o plenário contava com diversos seguranças, inclusive mulheres. Por fim, Eunício deu início à votação mesmo fora de sua cadeira. O líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), protestou mas foi impedido pelos seguranças de subir à tribuna.
A bem da verdade, a reforma trabalhista é só mais um dos descalabros cometidos desde que Michel Temer, com o apoio da mídia comercial, sobretudo a Globo, deu o golpe, derrubou a presidenta Dilma, rachou a estrutura política brasileira e colocou o país de ponta-cabeça. De lá para cá, foram aprovadas a PEC do Teto dos Gastos, que congela todos os investimentos públicos na educação e na saúde pelos próximos 20 anos, mas não o gasto com juros; a mudança do regime de exploração do pré-sal, entregue a multinacionais; a regularização fundiária, que avança sobre terras da Amazônia; a reforma do ensino médio, que deixa de fora matérias fundamentais como Filosofia e História; sem falar no corte ou redução de políticas públicas para a agricultura familiar, a reforma agrária, a demarcação de terras indígenas, o Bolsa Família, no fim dos profissionais cubanos no Mais Médicos e a Farmácia Popular…
Agora, a “reforma” que leva os trabalhadores de volta ao século passado segue à sanção presidencial.
As bravas mulheres da oposição bem que tentaram: protagonizaram o ato político mais surpreendente dos últimos tempos na tentativa de barrar a aprovação da macabra reforma trabalhista defendida pelo governo Temer. Por quase sete horas, a mesa diretora do plenário da Casa foi ocupada por cinco senadoras – Gleisi Hoffmann (PT-PR), Fátima Bezerra (PT-RN), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Regina Sousa (PT-PI) e Angela Portela (PSB-RR). Essa foi a única alternativa de protesto encontrada, já que o Senado estava prestes a concluir a última etapa de votação antes da sanção presidencial.
No final, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), forçou o início da votação e a reforma trabalhista foi aprovada por 50 a 26, dando fim a um dos maiores legados da Era Vargas, a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), que garantiu proteção ao trabalhador brasileiro na década de 1940. Que o trabalhador brasileiro guarde bem esta data. Hoje, 11 de julho de 2017, um bando de vigaristas destruiu seus direitos e os colocou de volta no início do século 20.
A estratégia de ocupar o plenário foi traçada pelas próprias senadoras e ganhou o apoio de colegas como a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), além dos senadores e deputados da oposição. “Elas colocaram seus próprios mandatos em risco”, ressaltou Roberto Requião (PMDB-PR). A ideia era conseguir adiar a votação para o segundo semestre, ganhando tempo para alertar a sociedade do descalabro que é a “reforma”, ou pelo menos forçar um acordo para garantir que os trabalhadores pudessem assistir à votação na galeria do plenário, o que permitiria o debate sobre a matéria e facilitaria as mudanças no texto. Isso levaria a reforma trabalhista de volta para análise na Câmara dos Deputados. Impassível, o governo não aceitou qualquer acordo proposto pelas oposicionistas.
Por volta do meio-dia, quando as senadoras já ocupavam o plenário, Eunício tentou dar início à votação, mas foi impedido de assumir a presidência e mandou cortar a luz do plenário e a transmissão da TV Senado. Mesmo às escuras, as senadoras resistiram, almoçaram e passaram o dia no plenário. O caso ganhou repercussão nas redes sociais e logo a hashtag #ForçaSenadoras se espalhou. As transmissões da ocupação pelo Facebook do PT no Senado atingiram mais de 5,6 milhões de pessoas. Fotos e memes tomaram conta do twitter. “Ode as senadoras!”, “senadoras guerreiras!” “senadoras me representam!”, diziam alguns dos tuítes. Artistas e personalidades destacaram o feito e a presidenta Dilma também usou as redes sociais para estimular a resistência das cinco valentes.
Como era de se esperar em um protesto liderado por mulheres em uma Casa dominada pelos homens, o machismo tomou conta das críticas pelos corredores do Senado, partindo de senadores, funcionários e até de jornalistas. “Palhaçada” e “avacalhação” eram os adjetivos mais suaves. O vice-presidente do Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), chegou a dizer que as senadoras usaram a fragilidade feminina para realizar o protesto “Elas estão sendo machistas”, disse. “Por que só tem mulher lá?”, indagou ele.
Na GloboNews, o senador Jorge Viana (PT-AC) reagiu a uma jornalista, que afirmou que o PT estava usando as mulheres para paralisar o Senado. “Elas decidiram e nós apoiamos. E estamos aqui ajudando”, protestou. “Elas só estão ali porque usam saias”, reclamou outro repórter. Um funcionário da segurança da Casa reclamou do “absurdo” e mais um jornalista chegou a dizer que iria enviar fraldas geriátricas para as senadoras. O machismo não parou por aí. O senador Gladson Camelin (PP-AC), depois de gritar com a senadora Gleisi dizendo que ela precisa de um espelho para se enxergar, tentou impedir a petista de sentar em uma das cadeiras da mesa do plenário.
Irritado com a iniciativa das senadoras da oposição, o presidente Eunício passou o dia reclamando, se dizendo chocado. Falou em ditadura, sem se lembrar que o rolo compressor do governo é que funciona como uma ditadura ao chantagear e comprar parlamentares com cargos e emendas, sem deixar os textos serem alterados. Ele retornou ao plenário no fim do dia para dar um ultimato ou elas abriam mão do protesto ou ele iria realizar a votação em qualquer dependência do Senado.
Um dos pontos altos foi quando uma manifestante, que conseguiu mandado de segurança para assistir à votação da galeria do plenário, cobrou o voto dado a senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) e chegou a xingar os senadores governistas. “Vocês estão vendendo a classe trabalhadora”, disse. Pouco antes, as manifestantes e duas amigas cantaram o Hino da Independência. Senadores da oposição e governistas batiam boca. José Medeiros (PSD-MT), que pouco antes entrou no Conselho de Ética contra as senadoras que faziam a ocupação, gritava afirmando que o PT tinha que devolver o dinheiro da Petrobras. Nesse momento, o plenário contava com diversos seguranças, inclusive mulheres. Por fim, Eunício deu início à votação mesmo fora de sua cadeira. O líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), protestou mas foi impedido pelos seguranças de subir à tribuna.
A bem da verdade, a reforma trabalhista é só mais um dos descalabros cometidos desde que Michel Temer, com o apoio da mídia comercial, sobretudo a Globo, deu o golpe, derrubou a presidenta Dilma, rachou a estrutura política brasileira e colocou o país de ponta-cabeça. De lá para cá, foram aprovadas a PEC do Teto dos Gastos, que congela todos os investimentos públicos na educação e na saúde pelos próximos 20 anos, mas não o gasto com juros; a mudança do regime de exploração do pré-sal, entregue a multinacionais; a regularização fundiária, que avança sobre terras da Amazônia; a reforma do ensino médio, que deixa de fora matérias fundamentais como Filosofia e História; sem falar no corte ou redução de políticas públicas para a agricultura familiar, a reforma agrária, a demarcação de terras indígenas, o Bolsa Família, no fim dos profissionais cubanos no Mais Médicos e a Farmácia Popular…
Agora, a “reforma” que leva os trabalhadores de volta ao século passado segue à sanção presidencial.
Eu espero que a centro-esquerda tenha a maturidade de entender a gravidade do momento presente e trabalhe firmemente na mesma direção para a consecução de um objetivo primordial: fazer BANCADA.
ResponderExcluirNão adianta nada ganharmos as eleições de 2018 e não termos bancada.
Isto exige que pensemos novas formas de pensar a disputa eleitoral.