terça-feira, 1 de agosto de 2017

A tatuagem de Temer no braço do impostor

Foto: Divulgação
Por Altamiro Borges

O deputado Wladimir Costa, da sigla Solidariedade (SD) – aquela que é chefiada pelo pragmático Paulinho da Força – parece que adora posar de ridículo e patético. No sábado (29), ele apareceu em uma cerimônia de entrega de caminhões de lixo no município de Salinópolis, no interior do Pará, vestido com uma camiseta do tipo regata amarela e bermuda jeans. “Mas a surpresa maior aconteceu quando ele tirou a camiseta e expôs uma tatuagem no ombro direito com a inscrição ‘Temer’. Ela estava abaixo de outra, que tinha a bandeira do Brasil desenhada. Costa também carregava uma latinha de cerveja num dos bolsos de sua bermuda”, relatou o site da revista Época. De imediato, a foto do serviçal viralizou na internet.

Ainda segundo a revista, o deputado afirmou que “a tatuagem definitiva foi feita como forma de homenagear Michel Temer: ‘O melhor presidente da história do Brasil. O único estadista que apareceu neste país’. Ela custou R$ 1.200... Costa diz, ainda, que vai exibir a tatuagem na Câmara dos Deputados na quarta-feira (2) durante a votação da admissibilidade da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) por corrupção contra o presidente Michel Temer. ‘Será um show de votos em favor do presidente. Só Deus derruba Temer. E ele é honesto. Então Deus não vai querer derrubá-lo’”. Para o jornal Folha, o deputado federal do SD ainda deu maiores detalhes risíveis e patéticos da sua imbecilidade:

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Ele disse ter outras cinco tatuagens pelo corpo e conta como enfrentou a dor. “Doeu um pouco, mas eu lembrava do Temer, passava a dor”, afirmou. A sétima tatuagem Costa diz que fará na costela, logo após a votação de quarta: o rosto de Temer com a frase “Temer, o maior estadista do Brasil”. Nesta próxima tatuagem, que será colorida porque “fica mais bonito”, ele pensa também em registrar o rosto da primeira-dama. “Um exemplo de mulher brasileira, mulher guerreira”, justifica. “Vai doer um pouquinho, mas toma umas cachaça e fica anestesiado. Aqui no Pará tem cachaça de jambu, que anestesia tudo”, disse o deputado, mencionando uma planta típica de seu Estado, que tem como característica o poder de deixar partes do corpo dormentes.

O deputado diz que a ideia das tatuagens surgiu para mostrar que o presidente tem “amigos leais, que ele tem pessoas que estão pouco se importunando com uma imprensa comprada para tentar derrubá-lo”, afirmou. “Quem é Temer é Temer, não tem medo. Amigo é amigo, filho da puta é filho da puta. Vamos vencer com a bênção de Deus. Deus está no comando”, disse o deputado, para quem Temer terá entre 260 e 290 votos em plenário. Ele disse ainda que Temer é “muito homem para assumir suas responsabilidades’ e que “este crimezinho de merda que estão querendo colocar nele, nunca aconteceu e nunca vai acontecer”. Temer é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de corrupção passiva durante o exercício do cargo.

O deputado disse também que Temer tem “uma das biografias mais respeitadas deste país” e criticou “vagabundo” que tatua os rostos de figuras de esquerda como Carlos Marighella, Che Guevara, Fidel Castro e do ex-presidente Lula. “Já vi vagabundo com tatuagem daquele patife do Marighella, vagabundo, terrorista. Já vi gente com foto do Lula. Pelo amor de Deus. Lula é o maior bandido desta República. Gente com foto de Che Guevara e Fidel Castro, falsos socialistas que só gostavam de Rolex e roupa de grife. Temer tem uma das mais respeitadas biografias deste país”, afirma o deputado.


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O deputado Wladimir Costa é um típico impostor da política brasileira – ou, para usar seus adjetivos, “um vagabundo”. O falso moralista não resiste a qualquer apuração mais séria. Nesta mesma semana, o procurador-geral da República pediu ao Supremo Tribunal Federal que ele seja condenado pelo crime de peculato por ter ficado com o dinheiro do salário de servidores de seu gabinete – que seriam “funcionários fantasmas”, segundo a PGR. Segundo matéria do jornal O Globo, “Rodrigo Janot reiterou a acusação em documento protocolado na sexta-feira passada (28). O processo está próximo do fim, cabendo agora a manifestação final da defesa. O deputado disse ao Globo que desafia qualquer procurador a provar que recebeu o dinheiro”.

Ainda segundo o jornal, “o processo tem como base uma denúncia feita por um ex-funcionário de Wladimir, que trabalhou como cinegrafista no programa de televisão do parlamentar e foi registrado como seu assessor na Câmara. O Ministério Público afirma que o deputado e um irmão seu ficaram com o salário de três pessoas que recebiam como servidores do gabinete parlamentar sem trabalhar entre 2003 e 2005... Por meio de perícia e de quebra de sigilo bancário verificou-se que os funcionários sacavam integralmente os salários recebidos da Câmara. Nas mesmas datas, há registros de depósitos em espécie feitos na conta de Wladimir Costa no mesmo banco”.

Já o portal iG, em matéria postada nesta segunda-feira (31), lembra que o parlamentar do SD é famoso por suas bravatas e trambiques. “Além da tatuagem, Wladimir Costa defende Temer com discursos ferrenhos na Câmara. Ele chegou a ofender um colega, o relator da denúncia contra o presidente na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Sergio Zveiter, chamando-o de ‘burro’ e ‘incompetente’ e classificou o parecer dele como ‘sofrido’. Outro ponto na carreira política de Costa que merece destaque é que, em julho do ano passado, o Tribunal Regional Eleitoral do Pará chegou a determinar, por decisão unânime, a cassação do seu mandato. O parlamentar foi condenado por uso de caixa 2 e por ter omitido o gasto de R$ 410 mil na prestação de contas de sua campanha eleitoral em 2014”.

“Wladimir Costa também é lembrado por ser ‘o deputado dos confetes’, já que na sessão de aprovação da abertura do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, ele chamou a atenção por fazer discurso contra a corrupção e declarar seu voto favorável à saída da petista. Na ocasião, lançou confetes no plenário. Em seu quarto mandato na Câmara, o deputado também é alvo de investigação no Supremo Tribunal Federal, desde 2010, por supostamente abrigar funcionários fantasma em seu gabinete”.

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