Por Altamiro Borges
Em decorrência da explosão da internet e da perda de credibilidade, entre outros fatores, os jornalões seguem rumo à extinção ou à total irrelevância. Neste sábado (5), o jornalista Fernando Rodrigues divulgou novos dados sobre esta tendência que parece irreversível. Segundo informa, “a maioria dos principais títulos da mídia tradicional impressa teve resultados ruins no 1º semestre de 2017. De janeiro a junho, quase todos os maiores jornais diários e revistas semanais reduziram a circulação”. Em seu site, Poder-360, ele reuniu os últimos números do IVC (Instituto Verificador de Circulação).
A Folha de S.Paulo, que já chegou a ter mais de um milhão de exemplares nos anos de 1980, em junho passado distribuiu para as bancas e assinantes apenas 133.994. Em janeiro, a circulação foi de 141.888 exemplares – redução de 5,6% em seis meses. Com mais esta queda, a Folha consolidou a perda do título de maior jornal do país para O Globo. Em junho, o diário da famiglia Marinho colocou em circulação 142.351 exemplares. Mesmo assim, o impresso carioca também sofreu retração – em janeiro, ele computava 150.400 exemplares (queda 5,4% no período).
Já o Estadão, terceiro diário mais tradicional do país, caminha para a falência. Em junho, foram apenas 117.333 exemplares – contra 123.236 em janeiro. Outros veículos que ainda fazem a cabeça do brasileiro, como o Correio Braziliense e o Valor, hoje estão quase mortos. A circulação do primeiro, que se jacta de influir nas decisões do parlamento em Brasília, foi de 28.934 jornais em junho; já o segundo, dedicado à cloaca empresarial, imprimiu 31.545 exemplares. A decadência destes veículos fica ainda mais acentuada quando se compara a atual circulação com os números de 2015. “Jornais que ultrapassavam 200 mil exemplares impressos por dia, em média, agora vendem menos de 150 mil”, constata Fernando Rodrigues.
Queda na receita de publicidade
Para complicar ainda mais este quadro, os barões da mídia não têm conseguido encontrar respostas para a grave crise do seu modelo de negócios. Durante algum tempo, eles difundiram a ideia de que compensariam a queda das vendas dos impressos com a adoção das versões digitais. O resultado, porém, é frustrante. O Globo, que chegou a ter mais de 150 mil assinantes digitais no final do ano passado, em junho contabilizou apenas 98 mil. No mesmo período, os outros veículos permaneceram estagnados na internet. E neste terreno a busca por lucros é ainda mais difícil. Os anúncios publicitários valem menos e tem a forte concorrência das poderosas empresas de tecnologia, como o Google e o Facebook.
Segundo artigo do Washington Post, publicado na quarta-feira passada (2), o poder destas corporações é crescente. “Google e Facebook reportaram alta forte em suas receitas no segundo trimestre, devido em parte ao domínio impressionante que exercem sobre o mercado de publicidade digital... O Google deve responder por quase 41% do mercado de publicidade na internet dos Estados Unidos, que movimentará US$ 83 bilhões neste ano, de acordo com estimativas do grupo de pesquisa eMarketer. O Facebook terá fatia pouco inferior à metade da detida pelo rival, com cerca de 20% do mercado”. O relato sobre a situação dos EUA não deve ser muito diferente sobre a realidade já em curso no Brasil.
Já uma reportagem publicada pela agência Reuters mostra que o Facebook frustrou os jornalões também na plataforma do celular – outra aposta da mídia tradicional. “O Facebook superou as estimativas para lucro e receita trimestral, alavancados pelos ganhos com anúncios para celular. Segundo balanço da empresa divulgado nesta quarta-feira [26 de julho], cerca de 2 bilhões de pessoas usaram a rede social mensalmente no trimestre encerrado em junho, alta de 17% em comparação ao mesmo período do ano anterior. A receita com anúncios para dispositivos móveis representou 87% da receita total de publicidade da companhia, que totalizou US$ 9,16 bilhões (R$ 28,9 bilhões)”.
Ainda de acordo com a Reuters, “o Facebook espera gerar US$ 36,29 bilhões em receita líquida com publicidade digital neste ano, um salto de 35% em relação a 2016, de acordo com a eMarketer. O lucro líquido atribuído aos acionistas aumentou para US$ 3,89 bilhões, ou US$ 1,32 por ação, no segundo trimestre, ante US$ 2,28 bilhões, ou US$ 0,78 por ação, um ano antes. A receita total cresceu 44,8%, para US$ 9,32 bilhões”. Ou seja: se já está difícil a situação dos jornalões tradicionais, com queda de tiragem e redução dos lucros em publicidade, a tendência é o quadro piorar ainda mais nos próximos anos.
*****
Leia também:
- Jornais fecham e demitem. Crise é braba!
- Le Monde e a crise dos jornalões
- Falências e cortes. Crise na mídia é grave
- Os jornais e o ódio fabricado
- O Globo demite. Cadê os "calunistas"?
- O sumiço dos leitores nos jornais gaúchos
- A pior crise dos jornais nos EUA
- A crise dos conglomerados da mídia
- Os sinais de vulnerabilidade da mídia
- Crise e concorrência. Pavor dos jornalões!
Em decorrência da explosão da internet e da perda de credibilidade, entre outros fatores, os jornalões seguem rumo à extinção ou à total irrelevância. Neste sábado (5), o jornalista Fernando Rodrigues divulgou novos dados sobre esta tendência que parece irreversível. Segundo informa, “a maioria dos principais títulos da mídia tradicional impressa teve resultados ruins no 1º semestre de 2017. De janeiro a junho, quase todos os maiores jornais diários e revistas semanais reduziram a circulação”. Em seu site, Poder-360, ele reuniu os últimos números do IVC (Instituto Verificador de Circulação).
A Folha de S.Paulo, que já chegou a ter mais de um milhão de exemplares nos anos de 1980, em junho passado distribuiu para as bancas e assinantes apenas 133.994. Em janeiro, a circulação foi de 141.888 exemplares – redução de 5,6% em seis meses. Com mais esta queda, a Folha consolidou a perda do título de maior jornal do país para O Globo. Em junho, o diário da famiglia Marinho colocou em circulação 142.351 exemplares. Mesmo assim, o impresso carioca também sofreu retração – em janeiro, ele computava 150.400 exemplares (queda 5,4% no período).
Já o Estadão, terceiro diário mais tradicional do país, caminha para a falência. Em junho, foram apenas 117.333 exemplares – contra 123.236 em janeiro. Outros veículos que ainda fazem a cabeça do brasileiro, como o Correio Braziliense e o Valor, hoje estão quase mortos. A circulação do primeiro, que se jacta de influir nas decisões do parlamento em Brasília, foi de 28.934 jornais em junho; já o segundo, dedicado à cloaca empresarial, imprimiu 31.545 exemplares. A decadência destes veículos fica ainda mais acentuada quando se compara a atual circulação com os números de 2015. “Jornais que ultrapassavam 200 mil exemplares impressos por dia, em média, agora vendem menos de 150 mil”, constata Fernando Rodrigues.
Queda na receita de publicidade
Para complicar ainda mais este quadro, os barões da mídia não têm conseguido encontrar respostas para a grave crise do seu modelo de negócios. Durante algum tempo, eles difundiram a ideia de que compensariam a queda das vendas dos impressos com a adoção das versões digitais. O resultado, porém, é frustrante. O Globo, que chegou a ter mais de 150 mil assinantes digitais no final do ano passado, em junho contabilizou apenas 98 mil. No mesmo período, os outros veículos permaneceram estagnados na internet. E neste terreno a busca por lucros é ainda mais difícil. Os anúncios publicitários valem menos e tem a forte concorrência das poderosas empresas de tecnologia, como o Google e o Facebook.
Segundo artigo do Washington Post, publicado na quarta-feira passada (2), o poder destas corporações é crescente. “Google e Facebook reportaram alta forte em suas receitas no segundo trimestre, devido em parte ao domínio impressionante que exercem sobre o mercado de publicidade digital... O Google deve responder por quase 41% do mercado de publicidade na internet dos Estados Unidos, que movimentará US$ 83 bilhões neste ano, de acordo com estimativas do grupo de pesquisa eMarketer. O Facebook terá fatia pouco inferior à metade da detida pelo rival, com cerca de 20% do mercado”. O relato sobre a situação dos EUA não deve ser muito diferente sobre a realidade já em curso no Brasil.
Já uma reportagem publicada pela agência Reuters mostra que o Facebook frustrou os jornalões também na plataforma do celular – outra aposta da mídia tradicional. “O Facebook superou as estimativas para lucro e receita trimestral, alavancados pelos ganhos com anúncios para celular. Segundo balanço da empresa divulgado nesta quarta-feira [26 de julho], cerca de 2 bilhões de pessoas usaram a rede social mensalmente no trimestre encerrado em junho, alta de 17% em comparação ao mesmo período do ano anterior. A receita com anúncios para dispositivos móveis representou 87% da receita total de publicidade da companhia, que totalizou US$ 9,16 bilhões (R$ 28,9 bilhões)”.
Ainda de acordo com a Reuters, “o Facebook espera gerar US$ 36,29 bilhões em receita líquida com publicidade digital neste ano, um salto de 35% em relação a 2016, de acordo com a eMarketer. O lucro líquido atribuído aos acionistas aumentou para US$ 3,89 bilhões, ou US$ 1,32 por ação, no segundo trimestre, ante US$ 2,28 bilhões, ou US$ 0,78 por ação, um ano antes. A receita total cresceu 44,8%, para US$ 9,32 bilhões”. Ou seja: se já está difícil a situação dos jornalões tradicionais, com queda de tiragem e redução dos lucros em publicidade, a tendência é o quadro piorar ainda mais nos próximos anos.
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- Os sinais de vulnerabilidade da mídia
- Crise e concorrência. Pavor dos jornalões!
Todo mundo esperava isso!
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