Por Altamiro Borges
O PSDB chutou a cruz. O partido de Aécio Neves, FHC, Geraldo Alckmin, José Serra e de outros falsos moralistas pensava que o golpe dos corruptos, que alçou ao poder a quadrilha de Michel Temer, seria uma “pinguela” para sua volta ao governo – já que nas eleições a sigla sofreu quatro surras seguidas. Mas se deu mal. Os tucanos estão na rabeira em todas as pesquisas e ainda sofrem com as sangrentas bicadas no ninho. Até o programa de tevê da legenda, que de forma marota reconheceu os “erros” do passado, gerou uma baita crise interna. Para piorar, o DEM de Rodrigo Maia e de outros trastes fisiológicos, que sempre foi um apêndice do PSDB, agora tenta ressuscitar com base nos escombros tucanos. A vida é cruel!
Segundo reportagem da Folha desta segunda-feira (21), assinada pelo jornalista José Marques, os demos estão ansiosos para comer os descontentes da sigla-irmã. “Com o PSDB em crise, membros do partido ligados ao senador Aécio Neves passaram a ser sondados pelo DEM, principal aliado no plano nacional, que tem tentado se expandir com os insatisfeitos de outras legendas. A iniciativa do Democratas é estratégica e visa preencher o espaço eleitoral dos tucanos, atualmente divididos, entre outras questões, sobre a permanência no governo Temer. ‘Estamos tentando ocupar a lacuna deixada pelo PSDB, que está mais preocupado com questões internas’, diz o líder da bancada do DEM na Câmara Federal, Efraim Filho (PB)”.
“Uma dessas lacunas é Minas Gerais, reduto de Aécio. Com a segunda maior população do país, o Estado é considerado por dirigentes do DEM como um dos locais onde o partido estava ‘morto’, devido à forte influência do senador sobre os aliados. A legenda se move em duas frentes. De um lado, a executiva nacional corteja deputados próximos ao senador e críticos ao atual presidente interino do partido, Tasso Jereissati (CE), como Paulo Abi-Ackel e Marcus Pestana... A outra frente é liderada pelo senador Ronaldo Caiado, que age de forma mais independente da direção. Ele busca filiar o ex-presidente da Assembleia mineira Dinis Pinheiro (PP), pretenso candidato ao governo estadual que também fazia parte da base de Aécio Neves”.
Direita sobrevive de golpe em golpe
No esforço para engolir os insatisfeitos do PSDB – mas também do PSB e do PP –, os demos pensam até em “tomar um banho de imagem”. Segundo outra reportagem da Folha, assinada por Bruno Boghossian, “com a perspectiva de chegar à próxima campanha com uma bancada novamente maior que a do PSDB, os principais dirigentes do DEM começaram a sondar políticos e outras personalidades que poderão ser lançados pela legenda em um projeto presidencial competitivo em 2018. O modelo de inspiração para essa candidatura é justamente um tucano: o prefeito paulistano João Doria. ‘Vamos buscar um perfil que possa expressar esse movimento de renovação na política brasileira’, descreve o ministro Mendonça Filho (Educação)”.
“Nenhum dirigente aceita falar abertamente em nomes, mas o partido enviou sinais em direção ao apresentador Luciano Huck e ao ex-técnico de vôlei Bernardinho. Empresários alinhados ao ideário de enxugamento do Estado também estão no alvo. Não à toa, o próprio Doria – empresário, com larga presença na mídia – recebeu o recado de que será bem recebido no DEM caso sua candidatura ao Palácio do Planalto não vingue no PSDB. Em processo de refundação, mudança de nome, renovação do programa partidário e expansão de sua bancada, o DEM quer ter na manga um nome para enfrentar uma eleição nacional marcada pelo descrédito com a política tradicional”. Haja oportunismo!
Os demos de hoje tiveram a sua origem na Arena, a legenda de sustentação do regime militar. Na época, estes reacionários de carteirinha diziam ter construído “o maior partido do Ocidente” – graças às masmorras e aos assassinatos da ditadura. Com a redemocratização do Brasil, nos anos de 1980, eles mudaram o nome da sigla, para PDS, mas perderam influência política. A partir da vitória do neoliberal FHC, a nova roupagem – Partido da Frente Liberal – ressuscitou os velhos coronéis. Em 1998, o PFL chegou a ter 105 deputados. A vitória de Lula em 2002, porém, acabou com a mamata dos fisiológicos no poder e a sigla desidratou por completo – quase beirando a morte. Dizem que foi o demônio que barrou o ingresso dos demos no inferno. Em 2014, já rebatizado de Democratas – haja cinismo dos saudosos da ditadura –, a sigla elegeu somente 22 deputados.
Com a concretização do golpe dos corruptos e a chegada ao poder da gangue de Michel Temer, os demos voltaram a respirar. Em uma jogada fisiológica, o DEM emplacou Rodrigo Maia, o capacho dos patrões, na presidência da Câmara Federal. A sigla também conquistou várias boquinhas no covil golpista, realimentando-se na sujeira. E agora tenta ganhar mais musculatura, reforçando seu poder de barganha e de negociatas, com base nos cadáveres do tucanato. Este mundo dá muitas voltas.
*****
Leia também:
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- O que Doria sabe sobre o cunhado do Alckmin?
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- Quem é Accioly, o amigo-bomba de Aécio
- Doria apela ao MBL contra Bolsonaro
- Turma do Doria festeja delação de Paulo Preto
O PSDB chutou a cruz. O partido de Aécio Neves, FHC, Geraldo Alckmin, José Serra e de outros falsos moralistas pensava que o golpe dos corruptos, que alçou ao poder a quadrilha de Michel Temer, seria uma “pinguela” para sua volta ao governo – já que nas eleições a sigla sofreu quatro surras seguidas. Mas se deu mal. Os tucanos estão na rabeira em todas as pesquisas e ainda sofrem com as sangrentas bicadas no ninho. Até o programa de tevê da legenda, que de forma marota reconheceu os “erros” do passado, gerou uma baita crise interna. Para piorar, o DEM de Rodrigo Maia e de outros trastes fisiológicos, que sempre foi um apêndice do PSDB, agora tenta ressuscitar com base nos escombros tucanos. A vida é cruel!
Segundo reportagem da Folha desta segunda-feira (21), assinada pelo jornalista José Marques, os demos estão ansiosos para comer os descontentes da sigla-irmã. “Com o PSDB em crise, membros do partido ligados ao senador Aécio Neves passaram a ser sondados pelo DEM, principal aliado no plano nacional, que tem tentado se expandir com os insatisfeitos de outras legendas. A iniciativa do Democratas é estratégica e visa preencher o espaço eleitoral dos tucanos, atualmente divididos, entre outras questões, sobre a permanência no governo Temer. ‘Estamos tentando ocupar a lacuna deixada pelo PSDB, que está mais preocupado com questões internas’, diz o líder da bancada do DEM na Câmara Federal, Efraim Filho (PB)”.
“Uma dessas lacunas é Minas Gerais, reduto de Aécio. Com a segunda maior população do país, o Estado é considerado por dirigentes do DEM como um dos locais onde o partido estava ‘morto’, devido à forte influência do senador sobre os aliados. A legenda se move em duas frentes. De um lado, a executiva nacional corteja deputados próximos ao senador e críticos ao atual presidente interino do partido, Tasso Jereissati (CE), como Paulo Abi-Ackel e Marcus Pestana... A outra frente é liderada pelo senador Ronaldo Caiado, que age de forma mais independente da direção. Ele busca filiar o ex-presidente da Assembleia mineira Dinis Pinheiro (PP), pretenso candidato ao governo estadual que também fazia parte da base de Aécio Neves”.
Direita sobrevive de golpe em golpe
No esforço para engolir os insatisfeitos do PSDB – mas também do PSB e do PP –, os demos pensam até em “tomar um banho de imagem”. Segundo outra reportagem da Folha, assinada por Bruno Boghossian, “com a perspectiva de chegar à próxima campanha com uma bancada novamente maior que a do PSDB, os principais dirigentes do DEM começaram a sondar políticos e outras personalidades que poderão ser lançados pela legenda em um projeto presidencial competitivo em 2018. O modelo de inspiração para essa candidatura é justamente um tucano: o prefeito paulistano João Doria. ‘Vamos buscar um perfil que possa expressar esse movimento de renovação na política brasileira’, descreve o ministro Mendonça Filho (Educação)”.
“Nenhum dirigente aceita falar abertamente em nomes, mas o partido enviou sinais em direção ao apresentador Luciano Huck e ao ex-técnico de vôlei Bernardinho. Empresários alinhados ao ideário de enxugamento do Estado também estão no alvo. Não à toa, o próprio Doria – empresário, com larga presença na mídia – recebeu o recado de que será bem recebido no DEM caso sua candidatura ao Palácio do Planalto não vingue no PSDB. Em processo de refundação, mudança de nome, renovação do programa partidário e expansão de sua bancada, o DEM quer ter na manga um nome para enfrentar uma eleição nacional marcada pelo descrédito com a política tradicional”. Haja oportunismo!
Os demos de hoje tiveram a sua origem na Arena, a legenda de sustentação do regime militar. Na época, estes reacionários de carteirinha diziam ter construído “o maior partido do Ocidente” – graças às masmorras e aos assassinatos da ditadura. Com a redemocratização do Brasil, nos anos de 1980, eles mudaram o nome da sigla, para PDS, mas perderam influência política. A partir da vitória do neoliberal FHC, a nova roupagem – Partido da Frente Liberal – ressuscitou os velhos coronéis. Em 1998, o PFL chegou a ter 105 deputados. A vitória de Lula em 2002, porém, acabou com a mamata dos fisiológicos no poder e a sigla desidratou por completo – quase beirando a morte. Dizem que foi o demônio que barrou o ingresso dos demos no inferno. Em 2014, já rebatizado de Democratas – haja cinismo dos saudosos da ditadura –, a sigla elegeu somente 22 deputados.
Com a concretização do golpe dos corruptos e a chegada ao poder da gangue de Michel Temer, os demos voltaram a respirar. Em uma jogada fisiológica, o DEM emplacou Rodrigo Maia, o capacho dos patrões, na presidência da Câmara Federal. A sigla também conquistou várias boquinhas no covil golpista, realimentando-se na sujeira. E agora tenta ganhar mais musculatura, reforçando seu poder de barganha e de negociatas, com base nos cadáveres do tucanato. Este mundo dá muitas voltas.
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