Por Katia Guimarães, no blog Socialista Morena:
Nessa sexta, 18 de agosto, um áudio do militar Aldimar Torres da Silva, sargento da Aeronáutica, ameaçando e xingando a deputada Maria do Rosário (PT-RS), causou horror e foi um dos assuntos mais comentados nas redes sociais. “Tá satisfeita agora, sua desgraçada? Vou te derrubar, vou grampear seu telefone com ou sem mandato (sic). Pra mim você não passa de uma puta de bandido. Vou te rasgar ao meio”. Essas foram algumas das frases gravadas por ele no grupo do WhatsApp em que o número do celular de Rosário foi incluído por apoiadores do deputado Jair Bolsonaro (PEN-RJ), condenado esta semana por incitação ao estupro. A misoginia contra ela, que foi ministra dos Direitos Humanos do governo Dilma, não é bem uma novidade, infelizmente.
Desde 2003, Rosário vem sendo ostensivamente atacada pelo deputado de extrema-direita e perseguida na internet pelos Bolsominions, como são chamados os seguidores do pré-candidato a presidente. Defensor da intervenção militar e de torturadores da ditadura, como o coronel Brilhante Ustra, Bolsonaro atacou Maria do Rosário após ela afirmar ser contra a redução da maioridade penal. Bolsonaro sugeriu então que ela contratasse, para ser motorista de sua filha, o Champinha (Roberto Alves da Silva), que participou, naquele ano, do estupro e assassinato de Liana Friedenbach e seu namorado Felipe Caffé. Desde então, os Bolsominions, com a ajuda do próprio parlamentar, têm espalhado a notícia falsa de que Rosário defendeu Champinha.
Na discussão, filmada pela RedeTV, a deputada acusou Bolsonaro de promover violência, inclusive sexual: “O senhor promove, sim”, afirmou ela. “Grava aí que agora eu sou estuprador”, ele retrucou. “Jamais iria estuprar você, porque você não merece”, acrescentou. Depois de dizer que reagiria caso ele tentasse alguma coisa, a deputada foi chamada de “vagabunda” e Bolsonaro foi contido por seguranças. A partir daí, os Bolsominions passaram a divulgar também a mentira de que Rosário chamou o deputado de “estuprador”, contrariando a lógica: se fosse verdade, o deputado teria acionado a colega no Conselho de Ética, coisa que nunca fez.
Defensora das minorias desassistidas, como negros e quilombolas, mulheres, crianças e adolescentes e a comunidade LGBTI, Maria do Rosário voltaria a ser atacada diretamente pelo parlamentar de direita, em 2014, quando Bolsonaro, em discurso no plenário da Câmara, insultou a deputada no Dia Internacional dos Direitos Humanos, quando a petista elogiou o trabalho da Comissão da Verdade e defendeu as vítimas da ditadura militar. Quando Maria do Rosário deixava o plenário, Bolsonaro falou: “Fica aí, Maria do Rosário, fica. Há poucos dias, tu me chamou de estuprador, e eu falei que não ia estuprar você porque você não merece. Fica aqui pra ouvir”. Em entrevista a um jornal e nas redes sociais, ele repetiu as ofensas.
Em fevereiro deste ano, a filha de Maria do Rosário, de 16 anos, seria a nova vítima do ódio dos Bolsominions, que retiraram fotos do perfil da menina no instagram, e republicaram, sem autorização, em um site de extrema-direita hospedado na Austrália, o Faca na Caveira, conhecido por publicar ofensas recorrentes a mulheres e gays. Nas legendas das fotos, a adolescente é identificada e apontada como “anoréxica e drogada”, além de haver citações levianas de que ela havia tentado suicídio.
Os ataques chegaram ao ápice esta semana, quando Maria do Rosário fez Bolsonaro morrer pela boca e venceu a ação por danos morais que movia contra o deputado, condenado a pagar multa de 10 mil reais e a se retratar publicamente, durante um mês, no jornal em que ele deu entrevista e em suas páginas nas redes sociais, como facebook e youtube. De forma virulenta, a deputada foi mais uma vez assediada e xingada por admiradores do parlamentar, que é militar da reserva e é conhecido por sua homofobia e machismo. “Maria de merda”, “filha da puta”, “bandida”, “comunista de merda”, “traidora da nação” foram alguns dos ataques no whatsapp denunciados por Rosário no twitter.
Nem mesmo a ministra relatora do caso no Superior Tribunal de Justiça (STF), Nancy Andrighi, que em um voto histórico condenou os insultos de Bolsonaro, foi poupada. Nessa sexta-feira, o jornal Folha de S.Paulo noticiou que ela também tem sido vítima de misoginia e alvo de ligações e e-mails com xingamentos. Em seu voto, Nancy jogou por terra o manto da imunidade parlamentar sempre utilizado pelo deputado para encobrir as barbaridades que diz. Apesar de ter direito a recurso no Supremo Tribunal Federal (STF), as chances do deputado são nulas, pois a ministra utilizou de jurisprudência da própria Suprema Corte para dizer que imunidade tem limites.
Maria do Rosário acionou novamente a Polícia Federal para abertura de inquérito penal pelas ameaças e ofensas pelo Whatsapp e pediu à presidência da Câmara dos Deputados segurança pessoal por causa das inúmeras ameaças que tem recebido, que colocam em risco sua integridade física e sua vida. No passado, a parlamentar também havia pedido providências à PF, mas nada foi feito até agora. No CD entregue à polícia, constam as mensagens e áudios de todos, inclusive do sargento da Força Aérea Brasileira, um dos mais ofensivos. Ali, aparecem os números dos celulares e supostos nomes dos agressores. “Pela maioria do teor dos comentários gerados, é visível que as publicações não tinham outra finalidade a não ser ameaçar, incitar a violência, o crime, atacar a honra e dignidade da representante”, diz o ofício assinado pela deputada.
Os agressores de Rosário podem ser enquadrados por crime de ‘ameaça’, descrito no artigo 147 do Código Penal, no capítulo que trata dos crimes contra a liberdade individual. São, portanto, criminosos, o que não deixa de ser curioso em se tratando de uma turma que fala “bandido bom é bandido morto”.
Jair Bolsonaro responde ainda a duas outras ações que correm no STF, desta vez na esfera criminal, por injúria e incitação ao estupro. Na quarta, 23 de agosto, a deputada irá depor. Até onde pretendem ir esses agressores? E a Polícia Federal, afinal vai tomar providências? As Forças Armadas vão punir e expulsar o sargento?
Cabe ao STF julgar rapidamente a ação contra o deputado para dar exemplo aos misóginos que atacam não só Rosário, mas inúmeras mulheres brasileiras todos os dias. A cada 2 segundos, uma é vítima de violência verbal ou física. Milhares são insultadas, assediadas e ameaçadas como Maria do Rosário e outras milhares são violentadas a cada 11 minutos. A violência contra a mulher insuflada pelos Bolsonaros – sim, porque não é só o pai – e os Bolsominions está sendo contada no site Relógios da Violência, projeto do Instituto Maria da Penha.
Desde 2003, Rosário vem sendo ostensivamente atacada pelo deputado de extrema-direita e perseguida na internet pelos Bolsominions, como são chamados os seguidores do pré-candidato a presidente. Defensor da intervenção militar e de torturadores da ditadura, como o coronel Brilhante Ustra, Bolsonaro atacou Maria do Rosário após ela afirmar ser contra a redução da maioridade penal. Bolsonaro sugeriu então que ela contratasse, para ser motorista de sua filha, o Champinha (Roberto Alves da Silva), que participou, naquele ano, do estupro e assassinato de Liana Friedenbach e seu namorado Felipe Caffé. Desde então, os Bolsominions, com a ajuda do próprio parlamentar, têm espalhado a notícia falsa de que Rosário defendeu Champinha.
Na discussão, filmada pela RedeTV, a deputada acusou Bolsonaro de promover violência, inclusive sexual: “O senhor promove, sim”, afirmou ela. “Grava aí que agora eu sou estuprador”, ele retrucou. “Jamais iria estuprar você, porque você não merece”, acrescentou. Depois de dizer que reagiria caso ele tentasse alguma coisa, a deputada foi chamada de “vagabunda” e Bolsonaro foi contido por seguranças. A partir daí, os Bolsominions passaram a divulgar também a mentira de que Rosário chamou o deputado de “estuprador”, contrariando a lógica: se fosse verdade, o deputado teria acionado a colega no Conselho de Ética, coisa que nunca fez.
Defensora das minorias desassistidas, como negros e quilombolas, mulheres, crianças e adolescentes e a comunidade LGBTI, Maria do Rosário voltaria a ser atacada diretamente pelo parlamentar de direita, em 2014, quando Bolsonaro, em discurso no plenário da Câmara, insultou a deputada no Dia Internacional dos Direitos Humanos, quando a petista elogiou o trabalho da Comissão da Verdade e defendeu as vítimas da ditadura militar. Quando Maria do Rosário deixava o plenário, Bolsonaro falou: “Fica aí, Maria do Rosário, fica. Há poucos dias, tu me chamou de estuprador, e eu falei que não ia estuprar você porque você não merece. Fica aqui pra ouvir”. Em entrevista a um jornal e nas redes sociais, ele repetiu as ofensas.
Em fevereiro deste ano, a filha de Maria do Rosário, de 16 anos, seria a nova vítima do ódio dos Bolsominions, que retiraram fotos do perfil da menina no instagram, e republicaram, sem autorização, em um site de extrema-direita hospedado na Austrália, o Faca na Caveira, conhecido por publicar ofensas recorrentes a mulheres e gays. Nas legendas das fotos, a adolescente é identificada e apontada como “anoréxica e drogada”, além de haver citações levianas de que ela havia tentado suicídio.
Os ataques chegaram ao ápice esta semana, quando Maria do Rosário fez Bolsonaro morrer pela boca e venceu a ação por danos morais que movia contra o deputado, condenado a pagar multa de 10 mil reais e a se retratar publicamente, durante um mês, no jornal em que ele deu entrevista e em suas páginas nas redes sociais, como facebook e youtube. De forma virulenta, a deputada foi mais uma vez assediada e xingada por admiradores do parlamentar, que é militar da reserva e é conhecido por sua homofobia e machismo. “Maria de merda”, “filha da puta”, “bandida”, “comunista de merda”, “traidora da nação” foram alguns dos ataques no whatsapp denunciados por Rosário no twitter.
Nem mesmo a ministra relatora do caso no Superior Tribunal de Justiça (STF), Nancy Andrighi, que em um voto histórico condenou os insultos de Bolsonaro, foi poupada. Nessa sexta-feira, o jornal Folha de S.Paulo noticiou que ela também tem sido vítima de misoginia e alvo de ligações e e-mails com xingamentos. Em seu voto, Nancy jogou por terra o manto da imunidade parlamentar sempre utilizado pelo deputado para encobrir as barbaridades que diz. Apesar de ter direito a recurso no Supremo Tribunal Federal (STF), as chances do deputado são nulas, pois a ministra utilizou de jurisprudência da própria Suprema Corte para dizer que imunidade tem limites.
Maria do Rosário acionou novamente a Polícia Federal para abertura de inquérito penal pelas ameaças e ofensas pelo Whatsapp e pediu à presidência da Câmara dos Deputados segurança pessoal por causa das inúmeras ameaças que tem recebido, que colocam em risco sua integridade física e sua vida. No passado, a parlamentar também havia pedido providências à PF, mas nada foi feito até agora. No CD entregue à polícia, constam as mensagens e áudios de todos, inclusive do sargento da Força Aérea Brasileira, um dos mais ofensivos. Ali, aparecem os números dos celulares e supostos nomes dos agressores. “Pela maioria do teor dos comentários gerados, é visível que as publicações não tinham outra finalidade a não ser ameaçar, incitar a violência, o crime, atacar a honra e dignidade da representante”, diz o ofício assinado pela deputada.
Os agressores de Rosário podem ser enquadrados por crime de ‘ameaça’, descrito no artigo 147 do Código Penal, no capítulo que trata dos crimes contra a liberdade individual. São, portanto, criminosos, o que não deixa de ser curioso em se tratando de uma turma que fala “bandido bom é bandido morto”.
Jair Bolsonaro responde ainda a duas outras ações que correm no STF, desta vez na esfera criminal, por injúria e incitação ao estupro. Na quarta, 23 de agosto, a deputada irá depor. Até onde pretendem ir esses agressores? E a Polícia Federal, afinal vai tomar providências? As Forças Armadas vão punir e expulsar o sargento?
Cabe ao STF julgar rapidamente a ação contra o deputado para dar exemplo aos misóginos que atacam não só Rosário, mas inúmeras mulheres brasileiras todos os dias. A cada 2 segundos, uma é vítima de violência verbal ou física. Milhares são insultadas, assediadas e ameaçadas como Maria do Rosário e outras milhares são violentadas a cada 11 minutos. A violência contra a mulher insuflada pelos Bolsonaros – sim, porque não é só o pai – e os Bolsominions está sendo contada no site Relógios da Violência, projeto do Instituto Maria da Penha.
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