Por Tereza Cruvinel, em seu blog:
Na manhã de quarta-feira, antes da votação da denúncia contra Temer por corrupção passiva, seus aliados projetavam uma vitória por cerca de 300 votos e antecipavam uma forte ofensiva na agenda de contrarreformas. Numa sessão que lembrava as xepas de fim de feira, com ministros negociando favores dentro do plenário, o governo ganhou com apenas 262 votos. A oposição, unida, obteve 227 votos, e como os partidos de esquerda têm apenas 100 deputados, cerca de 120 votos vieram de dissidentes da base governista.
Partidos como o PPS e o PSB deram maioria de votos contra Temer, enquanto o PSDB rachou literalmente (22 contra, 21 a favor da denúncia). Ficou evidente que o governo não tem a maioria de 3/5 (308 votos) para aprovar emendas constitucionais, como a da reforma previdenciária e que o colosso da base trincou. O mercado, que também esperava vitória mais robusta, está analisando com lupa o mapa de votação.
- O presidente golpista Michel Temer encolheu. Apesar da vitória circunstancial, a mensagem que fica é a de que o governo, amplamente rejeitado pelo povo brasileiro, começa a perder força até entre seus apoiadores na Câmara. Eles não terão os 308 votos necessários para aprovar a reforma da Previdência – avalia o deputado e ex-presidente da Câmara Marco Maia (PT-SP).
Esta conta é aritmética: a soma dos 262 votos que Temer obteve contra a denúncia, com os 19 ausentes e duas abstenções (supondo que sejam favoráveis à reforma) resulta em 283 votos, número inferior aos 308 necessários para aprovar emendas constitucionais. Esta correlação aponta para a hipótese de o governo ter que se contentar apenas com a fixação da idade mínima de 65 anos para aposentadoria, desistindo das muitas outras maldades propostas contra os direitos dos contribuintes.
Algumas consequências políticas da votação terão que ser enfrentadas agora pelo governo. Temer precisará de reacomodar os aliados no governo e nenhum governo consegue contentar a todos quando o assunto é cargos. Os deputados do chamado “centrão” irão para cima de Temer pedindo que lhes sejam destinados espaços ocupados pelo PSDB, que orientou voto contrário ao governo e lhe deu apenas o apoio de metade da bancada.
Por outro lado, Temer continuará precisando do PSDB para garantir votos a favor das reformas. Os tucanos que têm cargos, como os quatro ministros, vão brigar pela permanência no governo mas daqui para a frente o comportamento do PSDB será cada vez mais imprevisível. Uma ala estará de olho no eleitorado, e outra empenhada em realizar as reformas impopulares pelas mãos de Temer, que não tem nada a perder, pois sua popularidade vai se aprovando do zero. O PSDB, embora votando dividido, saiu marcado como o partido que salvou Temer, na medida em que quase todos os deputados, de um lado e de outro, votavam contra ou a favor do “parecer do deputado Abi-Ackel, do PSDB”. Houve defecções importantes, inclusive na bancada ruralista, apesar de todos os favores concedidos na véspera, com o Refis rural e outras medida.
- Daqui para a frente, o governo vai enfrentar uma instabilidade permanente na relação com seus aliados na Câmara e isso dificultará muito a aprovação da reforma previdenciária e de outras medidas que exijam quórum elevado – avalia outro ex-presidente da Câmara, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP).
É com a base encolhida e uma crescente preocupação dos deputados com o desgaste que Temer enfrentará uma segunda denúncia de Rodrigo Janot, e parece que ela vem, e será por formação de organização criminosa.
Mas nada do que houve ali foi novidade. O silêncio profundo do lado de fora do Congresso, onde não houve qualquer manifestação popular, apenas confirmou a indiferença do povo em relação ao que faz o Congresso. Como se o povo já soubesse que ali a maioria não está nenhum pouco interessada em representar seus sentimentos, desejos ou vontades. Uma indiferença perigosa para a democracia, que em algum momento encontrará sua tradução, nas urnas ou por outros meios.
- O presidente golpista Michel Temer encolheu. Apesar da vitória circunstancial, a mensagem que fica é a de que o governo, amplamente rejeitado pelo povo brasileiro, começa a perder força até entre seus apoiadores na Câmara. Eles não terão os 308 votos necessários para aprovar a reforma da Previdência – avalia o deputado e ex-presidente da Câmara Marco Maia (PT-SP).
Esta conta é aritmética: a soma dos 262 votos que Temer obteve contra a denúncia, com os 19 ausentes e duas abstenções (supondo que sejam favoráveis à reforma) resulta em 283 votos, número inferior aos 308 necessários para aprovar emendas constitucionais. Esta correlação aponta para a hipótese de o governo ter que se contentar apenas com a fixação da idade mínima de 65 anos para aposentadoria, desistindo das muitas outras maldades propostas contra os direitos dos contribuintes.
Algumas consequências políticas da votação terão que ser enfrentadas agora pelo governo. Temer precisará de reacomodar os aliados no governo e nenhum governo consegue contentar a todos quando o assunto é cargos. Os deputados do chamado “centrão” irão para cima de Temer pedindo que lhes sejam destinados espaços ocupados pelo PSDB, que orientou voto contrário ao governo e lhe deu apenas o apoio de metade da bancada.
Por outro lado, Temer continuará precisando do PSDB para garantir votos a favor das reformas. Os tucanos que têm cargos, como os quatro ministros, vão brigar pela permanência no governo mas daqui para a frente o comportamento do PSDB será cada vez mais imprevisível. Uma ala estará de olho no eleitorado, e outra empenhada em realizar as reformas impopulares pelas mãos de Temer, que não tem nada a perder, pois sua popularidade vai se aprovando do zero. O PSDB, embora votando dividido, saiu marcado como o partido que salvou Temer, na medida em que quase todos os deputados, de um lado e de outro, votavam contra ou a favor do “parecer do deputado Abi-Ackel, do PSDB”. Houve defecções importantes, inclusive na bancada ruralista, apesar de todos os favores concedidos na véspera, com o Refis rural e outras medida.
- Daqui para a frente, o governo vai enfrentar uma instabilidade permanente na relação com seus aliados na Câmara e isso dificultará muito a aprovação da reforma previdenciária e de outras medidas que exijam quórum elevado – avalia outro ex-presidente da Câmara, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP).
É com a base encolhida e uma crescente preocupação dos deputados com o desgaste que Temer enfrentará uma segunda denúncia de Rodrigo Janot, e parece que ela vem, e será por formação de organização criminosa.
Mas nada do que houve ali foi novidade. O silêncio profundo do lado de fora do Congresso, onde não houve qualquer manifestação popular, apenas confirmou a indiferença do povo em relação ao que faz o Congresso. Como se o povo já soubesse que ali a maioria não está nenhum pouco interessada em representar seus sentimentos, desejos ou vontades. Uma indiferença perigosa para a democracia, que em algum momento encontrará sua tradução, nas urnas ou por outros meios.
A meu ver, não é correto afirmar que Temer não teria deputados suficientes para a votação das contrarreformas com base nos números da votação de ontem. Os deputados do PSDB que não votaram a favor do relatório que inocentava Temer, votariam, entretanto, na Reforma da Previdência. São dois jogos diferentes, embora, as peças de ambos sejam formadas pelos mesmos jogadores. Isso decorre da existência de um racha no meio da plutocracia. Se Temer colocar em votação a Reforma da Previdência e não existir na sociedade uma ampla e contundente mobilização contra a mesma, muitos dos deputados que votaram pelo não ao relatório, ontem, se juntarão aos apoiadores de Temer e aprovarão essa reforma, com aplausos, inclusive, da Globo, que trabalha pela derrubada de Temer.
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