Samuel Rosa |
No Rock in Rio que já pode ser chamado de edição “Fora, Temer”, o roqueiro Samuel Rosa resolveu faturar. Num discurso com palavras que poderiam sair da boca de Deltan Dallagnol, ele disse:
“O nosso dinheiro está escorrendo pelo ralo, onde devia, neste leva e trás de malas, de milhões, dinheiro que devia estar indo para mais leitos dos hospitais, para a educação, para a nossa criançada que está no crime, para formar cidadãos, para as estradas”, disse.
Há três anos, Samuel Rosa veio a público para promover Aécio Neves, o príncipe da corrupção:
“Esse aval fantástico de todas essas pessoas que estão aqui hoje é prova da importância do Aécio, da sua determinação, da sua vontade de fazer as coisas, do seu perfil político, e pode ter certeza, Aécio, que, onde você estiver, mesmo nos abandonando temporariamente, deixando o Estado de Minas Gerais, eu sei que você tem Minas como prioridade, guarda o Estado no seu coração, o seu Estado, o Estado da sua família, também o nosso. Mas saiba que nós também te guardamos no coração, e vamos te seguindo aí, vamos juntos, porque, assim como o Brasil, Minas também quer andar para a frente”.
Há um grupo de artistas que costumam ser pagos para declarar apoio a candidatos, direta ou indiretamente, mas não parece ser este o caso de Samuel Rosa.
Ele sempre fechou com Aécio Neves.
Ignorância? Ingenuidade? Laços afetivos? Identificação pessoal?
Difícil dizer.
No Rock in Rio de 2013, ele já havia feito um discurso no palco contra a corrupção. Só que, na época, seu alvo foi exclusivamente os petistas, por conta do mensalão.
Ele foi cobrado nas redes sociais pela seletividade da crítica. Tinha apoiado Aécio em 2010 e foi lembrado de que o mensalão mineiro precedeu o de Brasília.
Em 2014, mergulhou de cabeça na campanha de Aécio.
Agora, no Rock in Rio de 2017, falou de crise moral e ética.
E fez um “apelo” para os políticos: para não tornar difícil ao povo a tarefa de enxergar neles “um pouco de integridade”.
Teria sido mais honesto dizer: “olha, pessoal, foi mau. Eu pedi a vocês para votar no Aécio, dizer que ele era um grande cara e vimos que não passa de um corrupto vulgar. Desculpa aí.”
Em vez disso, preferiu falar dos políticos de forma genética:
“Vocês são piores do que ladrão (sic). Vocês matam gente. Essa é a verdade.”
Uma frase atribuída a um pensador italiano Giuseppe Mazzini, pilar da unificação do país, define o artista como uma das duas coisas:
“Ou ele é um alto sacerdote, ou então um saltimbanco mais ou menos esperto".
Definitivamente, o líder do Skank tem falhado na tentativa de se apresentar como alto sacerdote.
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