Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:
Em um país em que as pessoas só leem manchetes sem sequer passar os olhos nas matérias a que essas manchetes remetem – e isso acontece tanto nos veículos impressos quanto no Facebook –, as primeiras páginas dos jornais se tornaram quase que veículos de comunicação à parte.
Então vamos falar de primeiras páginas. A da Folha de São Paulo deste sábado, 16 de setembro, por exemplo.
Mais uma vez, esse jornal volta a defender Michel Temer relativizando as acusações de delatores e as provas materiais contra ele – e, sim, trata-se do mesmo jornal que defendeu furiosamente o impeachment de Dilma Rousseff por conta de uma manobra contábil praticada por ela que era corriqueira nos governos anteriores…
A relação da Folha de São Paulo com Temer anda esquisita faz muito tempo. Em julho, o jornal noticiou em manchete também de primeira página o resultado de uma perícia particular que ela mesma contratou que apontava edição do áudio entre Temer e Joesley Batista, no qual o presidente cometeu vários crimes, segundo a Procuradoria e a lógica mais comezinha…
Temer reuniu-se com Joesley de madrugada na residência oficial do governo brasileiro para tratarem da inquietude do presidiário Eduardo Cunha e dos riscos que essa inquietude representaria para o político e o empresário, entre outros.
O laudo da Folha foi divulgado dois dias após a gravação de Joesley, no auge da repercussão. “Áudio de Joesley entregue à Procuradoria tem cortes, diz perícia”, destacava manchete do jornal que Temer usou para se defender:
Logo, porém, o trabalho do perito contratado pela Folha ficou desacreditado. O laudo foi feito em um dia. Perícias oficiais sobre o áudio levaram semanas. Depois, descobriu-se que o perito da Folha usou equipamento de baixa qualidade, produziu um texto com erros de português.
Detalhe: além de “perito”, soube-se que o sujeito inflava seu currículo com informações falsas. E ele não se apresenta apenas como perito, mas, também, como “corretor de imóveis”…
Esse episódio é útil para entender a primeira página da Folha deste sábado e até do editorial que publica na mesma edição. Tudo feito para livrar a cara de Temer.
Na primeira página, o jornal remete a reportagem que afirma que as investigações nas quais o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, baseou-se para acusar Temer pela segunda vez não estão concluídas. O jornal só se esqueceu de dizer que Janot também acusou Lula com base em investigações que não foram concluídas.
Em editorial, na mesma edição, o jornal trata de relativizar a nova denúncia contra Temer e de afirmar que não vingará.
Mas o mais bizarro mesmo é a primeira página no do jornal na edição deste sábado. Na primeira página, a Folha insinua que as acusações de delatores contra Temer não teriam provas e que, pela lei, para delações valerem têm que fazer acompanhar de provas. Na mesma primeira página, o jornal repercute acriticamente acusações sem provas de delatores contra Lula.
A manchete principal de primeira página diz que “De acordo com a lei, a delação serve só como meio de obtenção de prova” e que “Os delatores precisam mostrar documentos que possam corroborar os fatos narrados”.
Aleluia! Pelo menos o jornal confirma o que veículos como esta página vêm dizendo sobre delações…
Agora, porém, surge a pergunta inevitável: qual é o documento, por exemplo, que o ex-ministro Antonio Palocci apresentou para fundamentar suas acusações contra Lula? Alguém sabe dizer? Não? Claro que não, porque não apresentou nada.
Porém, enquanto na mesma primeira página a Folha diz que delações contra Temer não valem porque os delatores não apresentaram provas – e apresentaram, sim, senhor –, o jornal crava as seguintes manchetes sobre Lula:
***
Em tempo:
Em um país em que as pessoas só leem manchetes sem sequer passar os olhos nas matérias a que essas manchetes remetem – e isso acontece tanto nos veículos impressos quanto no Facebook –, as primeiras páginas dos jornais se tornaram quase que veículos de comunicação à parte.
Então vamos falar de primeiras páginas. A da Folha de São Paulo deste sábado, 16 de setembro, por exemplo.
Mais uma vez, esse jornal volta a defender Michel Temer relativizando as acusações de delatores e as provas materiais contra ele – e, sim, trata-se do mesmo jornal que defendeu furiosamente o impeachment de Dilma Rousseff por conta de uma manobra contábil praticada por ela que era corriqueira nos governos anteriores…
A relação da Folha de São Paulo com Temer anda esquisita faz muito tempo. Em julho, o jornal noticiou em manchete também de primeira página o resultado de uma perícia particular que ela mesma contratou que apontava edição do áudio entre Temer e Joesley Batista, no qual o presidente cometeu vários crimes, segundo a Procuradoria e a lógica mais comezinha…
Temer reuniu-se com Joesley de madrugada na residência oficial do governo brasileiro para tratarem da inquietude do presidiário Eduardo Cunha e dos riscos que essa inquietude representaria para o político e o empresário, entre outros.
O laudo da Folha foi divulgado dois dias após a gravação de Joesley, no auge da repercussão. “Áudio de Joesley entregue à Procuradoria tem cortes, diz perícia”, destacava manchete do jornal que Temer usou para se defender:
Logo, porém, o trabalho do perito contratado pela Folha ficou desacreditado. O laudo foi feito em um dia. Perícias oficiais sobre o áudio levaram semanas. Depois, descobriu-se que o perito da Folha usou equipamento de baixa qualidade, produziu um texto com erros de português.
Detalhe: além de “perito”, soube-se que o sujeito inflava seu currículo com informações falsas. E ele não se apresenta apenas como perito, mas, também, como “corretor de imóveis”…
Esse episódio é útil para entender a primeira página da Folha deste sábado e até do editorial que publica na mesma edição. Tudo feito para livrar a cara de Temer.
Na primeira página, o jornal remete a reportagem que afirma que as investigações nas quais o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, baseou-se para acusar Temer pela segunda vez não estão concluídas. O jornal só se esqueceu de dizer que Janot também acusou Lula com base em investigações que não foram concluídas.
Em editorial, na mesma edição, o jornal trata de relativizar a nova denúncia contra Temer e de afirmar que não vingará.
Mas o mais bizarro mesmo é a primeira página no do jornal na edição deste sábado. Na primeira página, a Folha insinua que as acusações de delatores contra Temer não teriam provas e que, pela lei, para delações valerem têm que fazer acompanhar de provas. Na mesma primeira página, o jornal repercute acriticamente acusações sem provas de delatores contra Lula.
A manchete principal de primeira página diz que “De acordo com a lei, a delação serve só como meio de obtenção de prova” e que “Os delatores precisam mostrar documentos que possam corroborar os fatos narrados”.
Aleluia! Pelo menos o jornal confirma o que veículos como esta página vêm dizendo sobre delações…
Agora, porém, surge a pergunta inevitável: qual é o documento, por exemplo, que o ex-ministro Antonio Palocci apresentou para fundamentar suas acusações contra Lula? Alguém sabe dizer? Não? Claro que não, porque não apresentou nada.
Porém, enquanto na mesma primeira página a Folha diz que delações contra Temer não valem porque os delatores não apresentaram provas – e apresentaram, sim, senhor –, o jornal crava as seguintes manchetes sobre Lula:
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