Por Altamiro Borges
Contrariando a Constituição, que proíbe o arrendamento nas concessões públicas de rádio e tevê, os programas religiosos – a maioria de conteúdo fundamentalista e reacionário – estão ocupando cada vez mais espaços nas telinhas. Na semana passada, o “missionário” R.R. Soares passou a entrar ao vivo em três canais – Bandeirantes, RedeTV! e RIT, de propriedade do “pastor”. Conforme alertou Flávio Ricco, do site UOL, a invasão é preocupante. “Pode ser que já tenha havido experiências do tipo, porém trata-se de um fato que foge ao que normalmente acontece ou que estamos acostumados a ver. As igrejas na televisão do Brasil, independentemente das bandeiras que levantam, estão a cada dia mais ricas e poderosas”.
Em outro texto, o mesmo jornalista apontou que várias emissoras atualmente “estão entregues aos milagres das suas igrejas”. Ele cita os casos dramáticos da RedeTV! e da Band. “Na verdade, fazer televisão, já de algum tempo, deixou de ser o negócio primeiro de algumas emissoras. Em vez de boas produções, a mercadoria que tem para oferecer e vender são os horários das grades de programação. Não por acaso, hoje, Band e Rede TV! são as duas redes em piores situações no Ibope e as que vivem sempre em maiores dificuldades para faturar com seus programas. Seus ilustres proprietários precisam entender que milagres só existem, além de outras tantas proezas, nos programas religiosos”.
21% da grade da TV aberta
Segundo estudo da Agência Nacional de Cinema (Ancine) divulgado em agosto, a programação religiosa já ocupa 21% da grade da TV aberta no Brasil. O levantamento abrange o conteúdo veiculado em 2016 por Band, CNT, Globo, Record, RedeTV, SBT, TV Brasil, Cultura e Gazeta, em São Paulo. Estas emissoras são as chamadas “cabeças-de-rede nacionais”, cuja programação chega a vários estados do Brasil. Conforme aponta a Ancine, “Verifica-se expressivo crescimento desse tipo de obra pelo menos desde 2012, volume que ultrapassa os demais gêneros de obras em 2013, atinge e ultrapassa a marca de um quinto de todo o conteúdo programado em 2014 e 2015, respectivamente”.
Com 21% do tempo total na grade, os programas religiosos já ultrapassam os outros gêneros: telejornal (15%), séries (12%), variedades (7%) e televendas (6%). Ainda de acordo com a pesquisa, o espaço ocupado poderia ser ainda maior se fossem computadas as emissoras de alcance regional. “Há que observar que o volume de participação de conteúdo religioso na TV aberta seria, consideravelmente, maior, não fossem restrições impostas pelos limites da opção metodológica do trabalho. Recorde-se que está restrita às citadas cabeça-de-rede nacionais, não abarcando em seu escopo, portanto, outros tantos canais, nos quais predominam obras ou programas de conteúdo similar”.
Vale conferir o percentual da programação religiosa exibido em cada emissora em 2016, segundo o levantamento da Ancine:
CNT – 89.6%
RedeTV! – 43,72%
Record – 22,89%
Band – 16,24%
Gazeta – 15.65%
TV Brasil – 1,51%
Globo – 0,62%
Cultura – 0,59%
SBT – 0
*****
Leia também:
- R.R Soares salvará a RedeTV!?
- Os vendilhões dos templos eletrônicos
- A TV brasileira esconde o Brasil
- Missa na TV pode? É democrático?
- Estado laico versus proselitismo religioso
- Rádio e TV no Brasil, uma terra sem lei
- Até os notívagos abandonam a TV aberta
- O casamento gay e os falsos moralistas
- O poder dos evangélicos na política
Contrariando a Constituição, que proíbe o arrendamento nas concessões públicas de rádio e tevê, os programas religiosos – a maioria de conteúdo fundamentalista e reacionário – estão ocupando cada vez mais espaços nas telinhas. Na semana passada, o “missionário” R.R. Soares passou a entrar ao vivo em três canais – Bandeirantes, RedeTV! e RIT, de propriedade do “pastor”. Conforme alertou Flávio Ricco, do site UOL, a invasão é preocupante. “Pode ser que já tenha havido experiências do tipo, porém trata-se de um fato que foge ao que normalmente acontece ou que estamos acostumados a ver. As igrejas na televisão do Brasil, independentemente das bandeiras que levantam, estão a cada dia mais ricas e poderosas”.
Em outro texto, o mesmo jornalista apontou que várias emissoras atualmente “estão entregues aos milagres das suas igrejas”. Ele cita os casos dramáticos da RedeTV! e da Band. “Na verdade, fazer televisão, já de algum tempo, deixou de ser o negócio primeiro de algumas emissoras. Em vez de boas produções, a mercadoria que tem para oferecer e vender são os horários das grades de programação. Não por acaso, hoje, Band e Rede TV! são as duas redes em piores situações no Ibope e as que vivem sempre em maiores dificuldades para faturar com seus programas. Seus ilustres proprietários precisam entender que milagres só existem, além de outras tantas proezas, nos programas religiosos”.
21% da grade da TV aberta
Segundo estudo da Agência Nacional de Cinema (Ancine) divulgado em agosto, a programação religiosa já ocupa 21% da grade da TV aberta no Brasil. O levantamento abrange o conteúdo veiculado em 2016 por Band, CNT, Globo, Record, RedeTV, SBT, TV Brasil, Cultura e Gazeta, em São Paulo. Estas emissoras são as chamadas “cabeças-de-rede nacionais”, cuja programação chega a vários estados do Brasil. Conforme aponta a Ancine, “Verifica-se expressivo crescimento desse tipo de obra pelo menos desde 2012, volume que ultrapassa os demais gêneros de obras em 2013, atinge e ultrapassa a marca de um quinto de todo o conteúdo programado em 2014 e 2015, respectivamente”.
Com 21% do tempo total na grade, os programas religiosos já ultrapassam os outros gêneros: telejornal (15%), séries (12%), variedades (7%) e televendas (6%). Ainda de acordo com a pesquisa, o espaço ocupado poderia ser ainda maior se fossem computadas as emissoras de alcance regional. “Há que observar que o volume de participação de conteúdo religioso na TV aberta seria, consideravelmente, maior, não fossem restrições impostas pelos limites da opção metodológica do trabalho. Recorde-se que está restrita às citadas cabeça-de-rede nacionais, não abarcando em seu escopo, portanto, outros tantos canais, nos quais predominam obras ou programas de conteúdo similar”.
Vale conferir o percentual da programação religiosa exibido em cada emissora em 2016, segundo o levantamento da Ancine:
CNT – 89.6%
RedeTV! – 43,72%
Record – 22,89%
Band – 16,24%
Gazeta – 15.65%
TV Brasil – 1,51%
Globo – 0,62%
Cultura – 0,59%
SBT – 0
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