Por Altamiro Borges
A mídia chapa-branca, nutrida com fortunas em anúncios publicitários, tem feito um baita esforço para irradiar otimismo nos rumos da economia. Nas matérias dos jornalões e nos comentários da tevê, principalmente da Rede Globo, parece que o Brasil sob o comando do quadrilheiro Michel Temer está prestes a ingressar no paraíso. As coisas estão ruins, mas vão melhorar – juram os ex-urubólogos que esbanjavam pessimismo contra Dilma Rousseff. Mas apesar deste esforço parece que a sociedade não está depositando muita fé nos novos otimistas de plantão – da mídia venal e do covil golpista.
A pesquisa Datafolha divulgada na semana passada confirma que os brasileiros seguem pessimistas com os rumos do país. Segundo o levantamento, 34% acreditam que a situação econômica vai piorar (eram 31% em abril). No cenário de empate técnico, 35% veem tudo permanecer como está. Já os que esperam melhoras na sua situação somam 28% – em abril eram 31%. Na opinião da maioria (56%), a inflação vai aumentar. Apenas 11% creem na queda dos preços. O maior temor, porém, é com o desemprego: 53% apostam numa alta desta chaga social nos próximos meses.
Ao divulgar a pesquisa, a famiglia Frias – que é dona do Datafolha e da Folha – lamentou a "desinformação" dos entrevistados. Segundo o jornal, a sondagem não reflete a realidade, que dá sinais de melhora. O problema é que a manipulação diária não consegue seduzir os que sentem os problemas reais da economia. Em agosto, a produção industrial caiu 0,8% na comparação com o mês anterior. No computo geral, a indústria nacional está quase 20% abaixo do nível de produção verificado em 2013. Mantido o ritmo de “retomada” econômica, o setor ainda levaria cerca de sete anos para se igualar à marca daquele ano.
A péssima notícia, que significa mais desemprego, não foi destaque na mídia golpista. Mas as pessoas observam as placas de “vende-se” nas lojas falidas, o fechamento das fábricas, o aumento do número de moradores de rua. Se não estiver desempregado, o cidadão comum tem ao menos um familiar ou amigo nesta situação deplorável. Isto explica o resultado “decepcionante” da pesquisa e também a queda acentuada de popularidade de Michel Temer – que daqui a pouco vai dever pontos nas sondagens. Segundo o mesmo Datafolha, a aprovação do quadrilheiro caiu para 5% no final de setembro – o maior índice de rejeição já registrado pelo instituto desde o início da redemocratização do país em meados da década de 1980.
De acordo com a pesquisa, 73% dos brasileiros consideram o covil golpista ruim ou péssimo; os que avaliam como regular são 20%. Em julho do ano passado, dois meses após tomar de assalto o poder, a rejeição de Michel Temer era de 31%. De lá para cá, ela não parou de crescer. “Numa escala de 0 a 10, a nota média hoje do governo é de 2,5. A situação de Temer é pior que a de Dilma às vésperas de ela sofrer impeachment. Em abril de 2016, a petista tinha 13% de aprovação e 63% de reprovação”, registrou, preocupada, a própria Folha golpista.
Em tempo: Na semana passada, a federação das concessionárias de veículos (Fenabrave) divulgou que as vendas de carros, caminhões e ônibus novos caíram 8% em setembro na comparação com agosto. Apesar da queda, a imprensa venal alegou que a retração “refletiu o menor número de dias úteis no mês” e garantiu que a situação do setor vai melhorar nos próximos meses. “Esperamos voltar ao nível de 200 mil unidades vendidas por mês em outubro, novembro e dezembro”, afirmou o presidente da entidade patronal, Alarico Assumpção Júnior. Então, tá. O Brasil realmente é um paraíso!
*****
Leia também:
- O Brasil no fundo do poço
- Definitivamente, Temer, não!
- "Os ricos nada têm a temer”
- Temer corrompe deputados para sobreviver
- A mídia precisa ser debatida com urgência
A mídia chapa-branca, nutrida com fortunas em anúncios publicitários, tem feito um baita esforço para irradiar otimismo nos rumos da economia. Nas matérias dos jornalões e nos comentários da tevê, principalmente da Rede Globo, parece que o Brasil sob o comando do quadrilheiro Michel Temer está prestes a ingressar no paraíso. As coisas estão ruins, mas vão melhorar – juram os ex-urubólogos que esbanjavam pessimismo contra Dilma Rousseff. Mas apesar deste esforço parece que a sociedade não está depositando muita fé nos novos otimistas de plantão – da mídia venal e do covil golpista.
A pesquisa Datafolha divulgada na semana passada confirma que os brasileiros seguem pessimistas com os rumos do país. Segundo o levantamento, 34% acreditam que a situação econômica vai piorar (eram 31% em abril). No cenário de empate técnico, 35% veem tudo permanecer como está. Já os que esperam melhoras na sua situação somam 28% – em abril eram 31%. Na opinião da maioria (56%), a inflação vai aumentar. Apenas 11% creem na queda dos preços. O maior temor, porém, é com o desemprego: 53% apostam numa alta desta chaga social nos próximos meses.
Ao divulgar a pesquisa, a famiglia Frias – que é dona do Datafolha e da Folha – lamentou a "desinformação" dos entrevistados. Segundo o jornal, a sondagem não reflete a realidade, que dá sinais de melhora. O problema é que a manipulação diária não consegue seduzir os que sentem os problemas reais da economia. Em agosto, a produção industrial caiu 0,8% na comparação com o mês anterior. No computo geral, a indústria nacional está quase 20% abaixo do nível de produção verificado em 2013. Mantido o ritmo de “retomada” econômica, o setor ainda levaria cerca de sete anos para se igualar à marca daquele ano.
A péssima notícia, que significa mais desemprego, não foi destaque na mídia golpista. Mas as pessoas observam as placas de “vende-se” nas lojas falidas, o fechamento das fábricas, o aumento do número de moradores de rua. Se não estiver desempregado, o cidadão comum tem ao menos um familiar ou amigo nesta situação deplorável. Isto explica o resultado “decepcionante” da pesquisa e também a queda acentuada de popularidade de Michel Temer – que daqui a pouco vai dever pontos nas sondagens. Segundo o mesmo Datafolha, a aprovação do quadrilheiro caiu para 5% no final de setembro – o maior índice de rejeição já registrado pelo instituto desde o início da redemocratização do país em meados da década de 1980.
De acordo com a pesquisa, 73% dos brasileiros consideram o covil golpista ruim ou péssimo; os que avaliam como regular são 20%. Em julho do ano passado, dois meses após tomar de assalto o poder, a rejeição de Michel Temer era de 31%. De lá para cá, ela não parou de crescer. “Numa escala de 0 a 10, a nota média hoje do governo é de 2,5. A situação de Temer é pior que a de Dilma às vésperas de ela sofrer impeachment. Em abril de 2016, a petista tinha 13% de aprovação e 63% de reprovação”, registrou, preocupada, a própria Folha golpista.
Em tempo: Na semana passada, a federação das concessionárias de veículos (Fenabrave) divulgou que as vendas de carros, caminhões e ônibus novos caíram 8% em setembro na comparação com agosto. Apesar da queda, a imprensa venal alegou que a retração “refletiu o menor número de dias úteis no mês” e garantiu que a situação do setor vai melhorar nos próximos meses. “Esperamos voltar ao nível de 200 mil unidades vendidas por mês em outubro, novembro e dezembro”, afirmou o presidente da entidade patronal, Alarico Assumpção Júnior. Então, tá. O Brasil realmente é um paraíso!
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