É chover no molhado dizer que vivemos em um mundo que está assentado no consumo. Tudo o que fazemos, queiramos ou não, começa ou termina consumindo bens e serviços. Não somos mais pessoas, somos consumidores.
E nesta sociedade do consumo os meios de comunicação de massa (televisão, rádio, jornais, revistas e inclusive a internet) são os grandes vendedores de produtos, serviços e mais: nos vendem um padrão de beleza e comportamento, nos vendem modos de pensar.
Para consumir é preciso de dinheiro, e para ter dinheiro, temos que trabalhar. E o que acontece com as crianças???? Bom, elas deveriam estar na escola. Mas no Brasil praticamente não há escolas públicas em tempo integral, não há uma rede pública de cuidado e as crianças são criadas pela televisão (e agora cada vez mais pela internet).
Dados de uma pesquisa do Ibope de 2015 mostram que crianças e adolescentes passam em média 5 horas e meia por dia em frente à televisão. E este número vem crescendo constantemente nos últimos 10 anos. Em 2004 o tempo médio por dia de exposição à TV foi de 4h43, ao longo dos anos esse número aumentou e em 2014 chegou a 5h35, mais tempo que uma criança passa por dia na escola que é cerca de 3h15, segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas de 2006.
Essa hiper-exposição à televisão transforma as crianças em consumidores mirins, bombardeados sem trégua por todo o tipo de publicidade. O problema é que as crianças não têm as habilidades cognitivas necessárias para filtrar as mensagens publicitárias.
A propaganda é uma mensagem que contém um poder tremendo, porque não se trata apenas de prover as necessidades básicas para a vida (alimento, vestuário, educação), mas é o padrão de vida. Não é o ser, é o ter. E na sociedade de consumo o ter ganha um valor que produz outros valores. Você é o produto que você usa. As marcas produzem status sociais e pertencimento a grupos.
As crianças são completamente vulneráveis a estas mensagens. Por isso, a discussão da regulação da publicidade direcionada para crianças é tão importante. A criança não quer comer maçã, ela quer comer a maçã da Turma da Mônica. Ela não quer comer bisnaguinha, ela quer comer a bisnaguinha do Scooby Doo. Ela não quer um carrinho para brincar, ela quer o carrinho do Hotwheels. As coisas viram marcas, uma estrada lucrativa para produtos licenciados.
Os produtores de desenhos, filmes e todo o tipo de entretenimento infantil estão de olho é nos produtos derivados do seu “show”. Uma festa infantil tem que se submeter à ditadura do tema. O que vale não é mais reunir os amigos para brincar, é ter a festa da Frozen, ou da Peppa Pig, ou da Patrulha Canina.
E na sociedade do livre mercado, o Estado tem se negado a cumprir a sua responsabilidade no controle e mediação dessa relação de poder.
O mantra repetido insistentemente é o de que a responsabilidade é dos pais e da família. Mas o Estado, por também ser um zelador dos direitos das crianças e dos adolescentes, tem o seu dever de equilibrar esse jogo de poder, que é desigual, entre a família e o anunciante. Dados mostram que em famílias com crianças, mais de 80% de todo o consumo é influenciado pela criança. Comida, carro, o vestido da mãe, a criança tem esse poder de influência e as empresas as transformam em promotoras de vendas.
A publicidade dirigida ao público infantil usa a vulnerabilidade da criança para vender produtos e serviços. A consequência disso é o aumento de problemas sociais e de saúde como a obesidade infantil, a erotização precoce, diminuição das brincadeiras criativas.
E neste fakeworld, as crianças projetam a sua identidade e perdem parte de sua inocência. A infância fica represada nos padrões do consumo. O lugar da brincadeira é o shopping center.
Isso para não falar da internet e dos celulares. Crianças domadas pelos vídeos nas cadeiras dos restaurantes e nas salas de casa.
O celular virou a nova chupeta. Quem nunca se utilizou deste recurso para conter uma manhã, um choro que jogue a primeira pedra.
Não se trata de negar ou demonizar esse novo componente da vida. Não se trata de dizer que no passado éramos crianças mais felizes do que podem ser as crianças de hoje, mas de discutir limites e formas adequadas de integrar esses novos dispositivos à infância, de forma lúdica e educativa.
No dia das crianças, em vez de dar mais alguns milhares de reais para a indústria do consumo, a família e a sociedade deveriam parar para refletir sobre como lidar com essa complexa relação entre crianças-comunicação-tecnologia.
E nesta sociedade do consumo os meios de comunicação de massa (televisão, rádio, jornais, revistas e inclusive a internet) são os grandes vendedores de produtos, serviços e mais: nos vendem um padrão de beleza e comportamento, nos vendem modos de pensar.
Para consumir é preciso de dinheiro, e para ter dinheiro, temos que trabalhar. E o que acontece com as crianças???? Bom, elas deveriam estar na escola. Mas no Brasil praticamente não há escolas públicas em tempo integral, não há uma rede pública de cuidado e as crianças são criadas pela televisão (e agora cada vez mais pela internet).
Dados de uma pesquisa do Ibope de 2015 mostram que crianças e adolescentes passam em média 5 horas e meia por dia em frente à televisão. E este número vem crescendo constantemente nos últimos 10 anos. Em 2004 o tempo médio por dia de exposição à TV foi de 4h43, ao longo dos anos esse número aumentou e em 2014 chegou a 5h35, mais tempo que uma criança passa por dia na escola que é cerca de 3h15, segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas de 2006.
Essa hiper-exposição à televisão transforma as crianças em consumidores mirins, bombardeados sem trégua por todo o tipo de publicidade. O problema é que as crianças não têm as habilidades cognitivas necessárias para filtrar as mensagens publicitárias.
A propaganda é uma mensagem que contém um poder tremendo, porque não se trata apenas de prover as necessidades básicas para a vida (alimento, vestuário, educação), mas é o padrão de vida. Não é o ser, é o ter. E na sociedade de consumo o ter ganha um valor que produz outros valores. Você é o produto que você usa. As marcas produzem status sociais e pertencimento a grupos.
As crianças são completamente vulneráveis a estas mensagens. Por isso, a discussão da regulação da publicidade direcionada para crianças é tão importante. A criança não quer comer maçã, ela quer comer a maçã da Turma da Mônica. Ela não quer comer bisnaguinha, ela quer comer a bisnaguinha do Scooby Doo. Ela não quer um carrinho para brincar, ela quer o carrinho do Hotwheels. As coisas viram marcas, uma estrada lucrativa para produtos licenciados.
Os produtores de desenhos, filmes e todo o tipo de entretenimento infantil estão de olho é nos produtos derivados do seu “show”. Uma festa infantil tem que se submeter à ditadura do tema. O que vale não é mais reunir os amigos para brincar, é ter a festa da Frozen, ou da Peppa Pig, ou da Patrulha Canina.
E na sociedade do livre mercado, o Estado tem se negado a cumprir a sua responsabilidade no controle e mediação dessa relação de poder.
O mantra repetido insistentemente é o de que a responsabilidade é dos pais e da família. Mas o Estado, por também ser um zelador dos direitos das crianças e dos adolescentes, tem o seu dever de equilibrar esse jogo de poder, que é desigual, entre a família e o anunciante. Dados mostram que em famílias com crianças, mais de 80% de todo o consumo é influenciado pela criança. Comida, carro, o vestido da mãe, a criança tem esse poder de influência e as empresas as transformam em promotoras de vendas.
A publicidade dirigida ao público infantil usa a vulnerabilidade da criança para vender produtos e serviços. A consequência disso é o aumento de problemas sociais e de saúde como a obesidade infantil, a erotização precoce, diminuição das brincadeiras criativas.
E neste fakeworld, as crianças projetam a sua identidade e perdem parte de sua inocência. A infância fica represada nos padrões do consumo. O lugar da brincadeira é o shopping center.
Isso para não falar da internet e dos celulares. Crianças domadas pelos vídeos nas cadeiras dos restaurantes e nas salas de casa.
O celular virou a nova chupeta. Quem nunca se utilizou deste recurso para conter uma manhã, um choro que jogue a primeira pedra.
Não se trata de negar ou demonizar esse novo componente da vida. Não se trata de dizer que no passado éramos crianças mais felizes do que podem ser as crianças de hoje, mas de discutir limites e formas adequadas de integrar esses novos dispositivos à infância, de forma lúdica e educativa.
No dia das crianças, em vez de dar mais alguns milhares de reais para a indústria do consumo, a família e a sociedade deveriam parar para refletir sobre como lidar com essa complexa relação entre crianças-comunicação-tecnologia.
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