Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:
Embora sejam países diferentes em tudo – História, Geografia, Economia, Distribuição de Renda – não há dúvida de que o Brasil de 2017 guarda traços semelhantes com a Alemanha de 1933, aquela que deu os votos que permitiram Adolf Hitler formar um governo marcado pelo ódio institucionalizado, pela violência e pelo terrorismo de Estado.
Embora não tenha conseguido a maioria absoluta dos votos, Hitler foi o candidato mais votado. Isso lhe permitiu formar o governo e dar início a construção de uma ditadura que dominou a Alemanha por 12 anos consecutivos, produzindo uma herança que traumatiza o povo alemão até hoje e envergonha a humanidade inteira.
Apoiado por um setor de empresários sem escrúpulos democráticos e por uma população desesperada pelo desemprego e falta de perspectivas, Hitler só seria derrotado em 1945. Não caiu em função de uma reação interna mas numa ação de fora para dentro, a partir de uma coalização de forças militares lideradas pelos Estados Unidos e União Soviética.
A grande lição sobre a ascensão de Hitler envolve a política de Frente Única.
Não há dúvida de que a vitória nazista não teria sido possível sem a divisão dos principais partidos de trabalhadores – Comunista e Social Democrata. Numa conjuntura em que os partidos tradicionais desmoronavam pela incapacidade de dar respostas convincentes ao pior momento da mais grave crise do regime capitalismo no século passado, os grandes partidos operários promoviam uma luta de canibais entre si em vez de enfrentar um único principal e ameaçador.
Embora a soma de votos dos dois partidos superassem a votação de Hitler, não era só uma questão matemática. Envolvia a capacidade de preservar a democracia política e a economia de um país que já despontava como o mais avançado da Europa. As diferenças no momento operário, entre reformistas, revolucionários, leninistas, stalinistas, trotskistas, estavam no auge. Era uma decisão que envolvia, obviamente, o reconhecimento da gravidade da situação e da necessidade de tomar decisões políticas a altura.
No Brasil de 2017-2018, o debate repete a Alemanha de 1933, com ressalvas que nem é necessário lembrar aqui.
O ponto principal é fácil de reconhecer. Ao contrário dos antecessores em períodos democráticos, como o integralismo de Plínio Salgado e o extremismo inócuo do barbudo Enéas, a candidatura de Jair Bolsonaro pode se tornar uma ameaça real à democracia e aos direitos dos brasileiros.
A experiência – inclusive de Hitler – mostra que uma eleição pode servir de porta de passagem para a multiplicação de medidas destinadas a sabotar um Estado Democrático de Direito e instalar um regime de força, como na Alemanha de oito décadas atrás.
A tragédia da República de Weimar ensinou que uma democracia pode ser aniquilada por dentro.
Há uma diferença importante, contudo, que permite entender que a marcha de Bolsonaro não deve ser vista como uma fatalidade nem pode ser encarada pelos olhos do conformismo e da passividade.
O candidato de unidade contra Bolsonaro representa – uma ameaça fascista com chances reais de atingir o poder – já tem nome, história e base social: Lula.
Favorito para vencer em qualquer cenário, Lula reúne o apoio dos trabalhadores e da imensa população super explorada do país. Também é reconhecido por setores democráticos das camadas médias. Conversa com o empresariado interessado em investimentos produtivos e na ampliação do mercado interno.
Neste ambiente, a única ameaça real a Lula não vem do eleitorado nem de eventuais concorrentes, mas da Lava Jato. Através do Judiciário, pretende-se retirar de circulação o candidato capaz de enfrentar o pesadelo Michel Temer-Henrique Meirelles e reconstruir o país. Este é o jogo em 2017 e 2018. A preservação de Lula assume, assim, um caráter evidente: proteger a democracia contra a ameaça fascista.
O perfil político de Bolsonaro não deve confundir.
Em maio de 2016, ele reafirmou seu espírito anti-democrático ao fazer a saudação da tortura numa homenagem pública ao coronel Ustra durante a aprovação do impeachment sem prova de Dilma, juntando as duas coisas.
Em dezembro, deu seu voto para a criminosa emenda constitucional que congela os gastos públicos por vinte anos, bloqueando qualquer projeto de desenvolvimento de acordo com as riquezas do país e as necessidades da maioria da população. Também votou com a Shell no desmonte da Petrobras, empresa nascida com apoio importante das Forças Armadas.
Se o elogio à Ustra sinaliza para a tortura – um crime hediondo segundo a Constituição -- como método aceitável de luta política, os votos de Bolsonaro apontam para um fascismo submisso. A escola é do Marechal Petain, herói francês da Primeira Guerra Mundial que se rendeu a Hitler e mandou os adversários para os campos de concentração.
Deu para entender o jogo de 2018?
Embora sejam países diferentes em tudo – História, Geografia, Economia, Distribuição de Renda – não há dúvida de que o Brasil de 2017 guarda traços semelhantes com a Alemanha de 1933, aquela que deu os votos que permitiram Adolf Hitler formar um governo marcado pelo ódio institucionalizado, pela violência e pelo terrorismo de Estado.
Embora não tenha conseguido a maioria absoluta dos votos, Hitler foi o candidato mais votado. Isso lhe permitiu formar o governo e dar início a construção de uma ditadura que dominou a Alemanha por 12 anos consecutivos, produzindo uma herança que traumatiza o povo alemão até hoje e envergonha a humanidade inteira.
Apoiado por um setor de empresários sem escrúpulos democráticos e por uma população desesperada pelo desemprego e falta de perspectivas, Hitler só seria derrotado em 1945. Não caiu em função de uma reação interna mas numa ação de fora para dentro, a partir de uma coalização de forças militares lideradas pelos Estados Unidos e União Soviética.
A grande lição sobre a ascensão de Hitler envolve a política de Frente Única.
Não há dúvida de que a vitória nazista não teria sido possível sem a divisão dos principais partidos de trabalhadores – Comunista e Social Democrata. Numa conjuntura em que os partidos tradicionais desmoronavam pela incapacidade de dar respostas convincentes ao pior momento da mais grave crise do regime capitalismo no século passado, os grandes partidos operários promoviam uma luta de canibais entre si em vez de enfrentar um único principal e ameaçador.
Embora a soma de votos dos dois partidos superassem a votação de Hitler, não era só uma questão matemática. Envolvia a capacidade de preservar a democracia política e a economia de um país que já despontava como o mais avançado da Europa. As diferenças no momento operário, entre reformistas, revolucionários, leninistas, stalinistas, trotskistas, estavam no auge. Era uma decisão que envolvia, obviamente, o reconhecimento da gravidade da situação e da necessidade de tomar decisões políticas a altura.
No Brasil de 2017-2018, o debate repete a Alemanha de 1933, com ressalvas que nem é necessário lembrar aqui.
O ponto principal é fácil de reconhecer. Ao contrário dos antecessores em períodos democráticos, como o integralismo de Plínio Salgado e o extremismo inócuo do barbudo Enéas, a candidatura de Jair Bolsonaro pode se tornar uma ameaça real à democracia e aos direitos dos brasileiros.
A experiência – inclusive de Hitler – mostra que uma eleição pode servir de porta de passagem para a multiplicação de medidas destinadas a sabotar um Estado Democrático de Direito e instalar um regime de força, como na Alemanha de oito décadas atrás.
A tragédia da República de Weimar ensinou que uma democracia pode ser aniquilada por dentro.
Há uma diferença importante, contudo, que permite entender que a marcha de Bolsonaro não deve ser vista como uma fatalidade nem pode ser encarada pelos olhos do conformismo e da passividade.
O candidato de unidade contra Bolsonaro representa – uma ameaça fascista com chances reais de atingir o poder – já tem nome, história e base social: Lula.
Favorito para vencer em qualquer cenário, Lula reúne o apoio dos trabalhadores e da imensa população super explorada do país. Também é reconhecido por setores democráticos das camadas médias. Conversa com o empresariado interessado em investimentos produtivos e na ampliação do mercado interno.
Neste ambiente, a única ameaça real a Lula não vem do eleitorado nem de eventuais concorrentes, mas da Lava Jato. Através do Judiciário, pretende-se retirar de circulação o candidato capaz de enfrentar o pesadelo Michel Temer-Henrique Meirelles e reconstruir o país. Este é o jogo em 2017 e 2018. A preservação de Lula assume, assim, um caráter evidente: proteger a democracia contra a ameaça fascista.
O perfil político de Bolsonaro não deve confundir.
Em maio de 2016, ele reafirmou seu espírito anti-democrático ao fazer a saudação da tortura numa homenagem pública ao coronel Ustra durante a aprovação do impeachment sem prova de Dilma, juntando as duas coisas.
Em dezembro, deu seu voto para a criminosa emenda constitucional que congela os gastos públicos por vinte anos, bloqueando qualquer projeto de desenvolvimento de acordo com as riquezas do país e as necessidades da maioria da população. Também votou com a Shell no desmonte da Petrobras, empresa nascida com apoio importante das Forças Armadas.
Se o elogio à Ustra sinaliza para a tortura – um crime hediondo segundo a Constituição -- como método aceitável de luta política, os votos de Bolsonaro apontam para um fascismo submisso. A escola é do Marechal Petain, herói francês da Primeira Guerra Mundial que se rendeu a Hitler e mandou os adversários para os campos de concentração.
Deu para entender o jogo de 2018?
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