Foto: Roberto Parizotti/CUT Nacional |
Durante a audiência, ocorreu ato na praça João Mendes em solidariedade à ex-ministra. Ao chegar ao Fórum, Frota se envolveu em discussão com as manifestantes e tentou agredi-las fisicamente, segundo relatos nas redes sociais.
A condenação em primeira instância de Eleonora se baseou em crítica feita pela ex-ministra que condenou relato de Frota em programa de televisão em que o ator narra ter estuprado uma mãe de santo desmaiada.
Na ocasião, a ex-ministra criticou o conteúdo do relato e também o encontro entre Frota e o ministro da Educação, Mendonça Filho. "É um absurdo que uma pessoa que fez apologia ao estupro fosse ao ministro da Educação sugerir políticas para a nossa juventude", reiterou seu ponto de vista à TVT após saber da decisão da juíza que a condenava por danos morais.
Vitória das mulheres
De acordo com Eleonora, a decisão desta terça-feira condenou o estupro e absolveu as mulheres brasileiras. "Essa luta saiu de mim. É da sociedade brasileira, das mulheres brasileiras. É uma luta pela democracia, em favor da justiça social, dos direitos humanos das mulheres”, enfatizou em vídeo nas redes sociais.
Ela se declarou honrada de aos 73 anos ter enfrentado dois golpes em nome do compromisso com a luta das mulheres brasileiras.
Resistir ao golpe
“Aqui vai o meu mais profundo agradecimento a todas as mulheres, de todas as raças, de todas as matrizes religiosas, de todas as idades. Essa vitória é das mulheres brasileiras porque foi com elas que eu aprendi a lutar”, completou Eleonora.
A ex-ministra afirmou que se sentiu gratificada pelo ato de apoio que recebeu das mulheres durante a audiência. “Me senti reconhecida e mais comprometida ainda com a luta pela democracia, pelo retorno do estado de direito no nosso país”.
Segundo ela, a decisão impulsiona a luta contra o golpe que “tirou a primeira mulher presidenta eleita e reeleita do nosso pais e contra o crime de ódio que os golpistas instalaram no nosso pais”.
Machismo no judiciário
Na opinião da presidenta da União Brasileira de Mulheres (UBM), Vanja Santos, a decisão é a vitória da esperança considerando a postura do judiciário, que tem sido negativa em relação aos direitos das mulheres.
“O retrocesso não está só no quadro político nacional mas o retrocesso também está presente nas casas legislativas e, sobretudo, no judiciário”, argumentou Vanja.
Segundo a dirigente, a decisão que favoreceu a ex-ministra deixa uma esperança. “Quando vê uma vitória como essa da Eleonora a gente passa a acreditar que pode mudar, que tem jeito e que se esforçando cada vez mais e colocando as bandeiras na rua é possível combater esse quadro que está posto de retrocesso”.
Além das “letras mortas”
Ela lembrou que o movimento não pode parar porque existem outros casos de misoginia ignorados pelo judiciário. Vanja citou o caso do ajudante de serviços gerais Diego Ferreira de Novais que após ejacular em uma mulher dentro de um ônibus em São Paulo foi solto pela justiça. Dias depois foi preso novamente por atacar outra passageira.
“Precisamos indicar a esses juízes que eles não podem legislar nas letras mortas. Existem convenções, tratados que não só a sociedade precisa estar inteirada mas também os juízes para julgar casos como esses”, cobrou Vanja.
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