As decisões do Supremo e do Senado completaram o império, na classe média, de que “todos eles são iguais” em relação aos políticos.
A sobrevivência de Michel Temer e de Aécio Neves, ainda que na condição de zumbis, despertando o asco quase unânime da opinião pública, claro, representa a degradação da política.
Ao mesmo tempo, reduz a menos do que pó a legitimidade do Congresso que destituiu o governo eleito e enfia todo o golpismo num saco só, e de odor insuportável.
Destrói qualquer possibilidade de que, no conglomerado governo-PMDB-PSDB, surja uma candidatura viável para 2018, ao menos neste momento.
O seu único discurso possível, o da moralidade, soa como uma piada lúgubre definitivamente.
A foto de Luiz Nova, do Correio Braziliense, estampada em diversas capas de jornais de hoje é bem a lição que, num texto, seu autor disse num texto sobre sua biografia profissional: “escrever com a luz”.
Está tudo ali: não é apenas Aécio que precisa se esconder, é todo o golpismo da política que não tem como andar da rua.
Cumpriu-se a segunda etapa do plano de poder inaugurado desde 2013, transformando a política numa atividade renegada, podre, suja, abjeta.
É preciso trazer elementos de fora dela. Mas estes, num passe de mágica, como não dispõe de significado e nem de instrumentos – além do dinheiro – para a política real, acabam mergulhando no caldeirão da política lamacenta. Vide Dória e ver-se-á Huck, se este embarcar na aventura presidencial.
Ou…
Ou trazer o São Jorge da Moralidade, o capadócio de Curitiba.
Mas ele, também, na ânsia de cumprir a primeira parte do projeto, de brilhar sob os holofotes da grande mídia, esbaldou-se na companhia de todos os que, agora, arrastam seus cadáveres políticos diante do país.
De semideus nas pesquisas de popularidade, desceu agora à altura da política e não tem mais a vantagem que tinha, nas pesquisas de credibilidade que ostentava há um ano.
A aventura de uma candidatura Moro parece cada vez mais provável e implicaria num esvaziamento imediato da aventura Bolsonaro, seu filhote político.
Tem, porém, um problema.
Será o carrasco contra a vítima, o perseguidor contra o perseguido, porque ela praticamente impediria – sob pena de uma desmoralização absoluta das eleições – a exclusão de Lula da disputa pelo voto.
Moro anuncia o fim da lava Jato, cumprida a tarefa de condenar Lula.
Não há vaga à vista no Supremo Tribunal Federal e uma promoção a desembargador parece ser bem pouco para seu apetite.
Só o lugar de herói da moralidade está aberto, e o chama com todas as forças de sua ambição.
Na sua “cognição sumária”, acha que o processo eleitoral é uma avenida por onde desfilará, triunfalmente, como no tapete vermelho do cinema, num caminho juncado pelas ruínas da política.
Confia que o povo, enojado e desesperado, está ansioso por um ditador.
Ou será que este povo quer um líder?
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