Por Altamiro Borges
A edição desta semana da revista “Veja” irritou uma ampla fauna de reacionários – de grupelhos fascistas que organizaram as marchas contra Dilma Rousseff até os fundamentalistas religiosos, passando por pessoas preconceituosas e agressivas. Com a manchete “Meu filho é trans”, a publicação narrou “a saga dos pais de crianças que não se identificam com seu sexo biológico – condição que afeta 1 milhão de brasileiros”. Bastou para que os inúmeros internautas, que durante anos foram adestrados pela revista golpista e sensacionalista, saíssem do armário com um ódio selvagem. Ingratos e mal-agradecidos!
No Twitter, a hashtag #VejaLixo ocupou o primeiro lugar nos temas mais comentados nesta sexta-feira (13). Já no Facebook, segundo um levantamento do blog Diário do Centro do Mundo, “das 5.700 reações, 3.680 demonstram indignação”. O blog conclui de forma irônica que esta histeria evidencia “o beco sem saída da revista: perde os fascistas que cultivou e agora é tarde demais para ganhar leitores inteligentes”. De fato, os comentários são grotescos, de pessoas com pouca inteligência – para dizer o mínimo. Alguns acusam a Veja de ser “comunista”, “esquerdista” e “petralha”. Outros afirmam que ela defende a “ideologia de gênero”, que “comprou a agenda LGBT” e que a homossexualidade “é uma criação da mídia”.
Muitos propõem uma campanha para cancelar as assinaturas da revista e até uma cruzada contra as empresas que anunciam na “Veja”. E não faltam os que aproveitam a histeria para declarar seu voto em Jair Bolsonaro, o atual líder dos fascistas nativos. “Essa reportagem mostra muito bem por qual razão Bolsonaro será o próximo presidente”, rosna um lunático. No geral, esta turma pouco inteligente prefere disparar palavrões e destilar ódio e preconceito. Pouco se aproveita nos comentários irados, um verdadeiro lixo. Na prática, eles mostram bem que tipo de leitor a revista cultivou nos últimos anos com o seu jornalismo de guerra, manipulador e emburrecedor. As criaturas, agora, se voltam contra os seus criadores.
MBL ataca o “Fantástico”
No último domingo (7), o mesmo já havia ocorrido contra a TV Globo – a principal parteira de fascistas no Brasil. O programa Fantástico criticou a agressividade de grupos de extrema-direita contra obras de arte e artistas. A reação também foi imediata nas redes sociais. Um vídeo na página do sinistro Movimento Brasil Livre (MBL) chegou a propor o boicote a emissora, que tanto fez no passado recente para incentivar suas ações golpistas contra a presidenta Dilma Rousseff e as forças de esquerda no país. A fúria fascistoide chegou a assustar o conivente Eugênio Bucci, colunista da revista Época, que também pertence à famiglia Marinho. No texto “A sanha moralista nas redes sociais”, ele criticou duramente os censores da atualidade:
“Raiam as trevas no horizonte do Brasil. A liberdade anda em viés de baixa. Um manto de breu e caretice sai do armário das piores enfermarias e dos porões inomináveis para ameaçar transformar o país num quartel de cachorros, numa escuridão abarrotada de medos, culpas e fantasmas aflitos. O conservadorismo está à solta, com sua tara furibunda para encarcerar a política, banir a alegria e matar a imaginação. O bicho é horrendo – e se reproduz na velocidade da luz dentro das tecnologias digitais... Esse moralismo que aí está é irreversivelmente biruta, aloprado, détraqué: acredita que a catedral das ideologias de esquerda no Brasil é a Rede Globo de Televisão”. O autor prossegue:
“No campo da cultura e da arte, o lobisomem uiva. Preconiza censura, execração e castigo. Prega a ordem dos cemitérios como ideal de vida. Pulsão de morte na veia. Quando sente o cheiro de imaginação e prazer, vitupera sobre os ‘bons’ costumes sem libido. Defensores da moral sexual da brava gente espancam ou matam gays porque não sabem lidar com suas próprias inclinações homossexuais... Os mesmos que gritam ‘Chega de política!’ gritam ‘Chega de imoralidade!’. Para eles, só a violência pode salvar o Brasil da corrupção e da depravação. Se puder, essa mentalidade queimará os livros de Freud, destruirá as estátuas gregas que retratam o hermafrodita, rasgará as pinturas sobre o mito de Leda e o Cisne e pulverizará os carros alegóricos da Marquês de Sapucaí. As trevas se erguem no céu da Pátria, no cibernético e plúmbeo céu da Pátria”.
*****
Leia também:
- O obscurantismo coloca a arte sob ataque
- O planejado bonde da insensatez
- Regina Duarte perdeu o medo?
- O ataque à liberdade de pensamento
- A nova mina de ódios do fascismo nativo
- Doria e MBL postos a nu
- No Brasil, a diversidade fica em xeque
A edição desta semana da revista “Veja” irritou uma ampla fauna de reacionários – de grupelhos fascistas que organizaram as marchas contra Dilma Rousseff até os fundamentalistas religiosos, passando por pessoas preconceituosas e agressivas. Com a manchete “Meu filho é trans”, a publicação narrou “a saga dos pais de crianças que não se identificam com seu sexo biológico – condição que afeta 1 milhão de brasileiros”. Bastou para que os inúmeros internautas, que durante anos foram adestrados pela revista golpista e sensacionalista, saíssem do armário com um ódio selvagem. Ingratos e mal-agradecidos!
No Twitter, a hashtag #VejaLixo ocupou o primeiro lugar nos temas mais comentados nesta sexta-feira (13). Já no Facebook, segundo um levantamento do blog Diário do Centro do Mundo, “das 5.700 reações, 3.680 demonstram indignação”. O blog conclui de forma irônica que esta histeria evidencia “o beco sem saída da revista: perde os fascistas que cultivou e agora é tarde demais para ganhar leitores inteligentes”. De fato, os comentários são grotescos, de pessoas com pouca inteligência – para dizer o mínimo. Alguns acusam a Veja de ser “comunista”, “esquerdista” e “petralha”. Outros afirmam que ela defende a “ideologia de gênero”, que “comprou a agenda LGBT” e que a homossexualidade “é uma criação da mídia”.
Muitos propõem uma campanha para cancelar as assinaturas da revista e até uma cruzada contra as empresas que anunciam na “Veja”. E não faltam os que aproveitam a histeria para declarar seu voto em Jair Bolsonaro, o atual líder dos fascistas nativos. “Essa reportagem mostra muito bem por qual razão Bolsonaro será o próximo presidente”, rosna um lunático. No geral, esta turma pouco inteligente prefere disparar palavrões e destilar ódio e preconceito. Pouco se aproveita nos comentários irados, um verdadeiro lixo. Na prática, eles mostram bem que tipo de leitor a revista cultivou nos últimos anos com o seu jornalismo de guerra, manipulador e emburrecedor. As criaturas, agora, se voltam contra os seus criadores.
MBL ataca o “Fantástico”
No último domingo (7), o mesmo já havia ocorrido contra a TV Globo – a principal parteira de fascistas no Brasil. O programa Fantástico criticou a agressividade de grupos de extrema-direita contra obras de arte e artistas. A reação também foi imediata nas redes sociais. Um vídeo na página do sinistro Movimento Brasil Livre (MBL) chegou a propor o boicote a emissora, que tanto fez no passado recente para incentivar suas ações golpistas contra a presidenta Dilma Rousseff e as forças de esquerda no país. A fúria fascistoide chegou a assustar o conivente Eugênio Bucci, colunista da revista Época, que também pertence à famiglia Marinho. No texto “A sanha moralista nas redes sociais”, ele criticou duramente os censores da atualidade:
“Raiam as trevas no horizonte do Brasil. A liberdade anda em viés de baixa. Um manto de breu e caretice sai do armário das piores enfermarias e dos porões inomináveis para ameaçar transformar o país num quartel de cachorros, numa escuridão abarrotada de medos, culpas e fantasmas aflitos. O conservadorismo está à solta, com sua tara furibunda para encarcerar a política, banir a alegria e matar a imaginação. O bicho é horrendo – e se reproduz na velocidade da luz dentro das tecnologias digitais... Esse moralismo que aí está é irreversivelmente biruta, aloprado, détraqué: acredita que a catedral das ideologias de esquerda no Brasil é a Rede Globo de Televisão”. O autor prossegue:
“No campo da cultura e da arte, o lobisomem uiva. Preconiza censura, execração e castigo. Prega a ordem dos cemitérios como ideal de vida. Pulsão de morte na veia. Quando sente o cheiro de imaginação e prazer, vitupera sobre os ‘bons’ costumes sem libido. Defensores da moral sexual da brava gente espancam ou matam gays porque não sabem lidar com suas próprias inclinações homossexuais... Os mesmos que gritam ‘Chega de política!’ gritam ‘Chega de imoralidade!’. Para eles, só a violência pode salvar o Brasil da corrupção e da depravação. Se puder, essa mentalidade queimará os livros de Freud, destruirá as estátuas gregas que retratam o hermafrodita, rasgará as pinturas sobre o mito de Leda e o Cisne e pulverizará os carros alegóricos da Marquês de Sapucaí. As trevas se erguem no céu da Pátria, no cibernético e plúmbeo céu da Pátria”.
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