Por José Eduardo Bernardes, no jornal Brasil de Fato:
Em pleno dia da Consciência Negra, data em que milhares de negras e negros foram às ruas para reivindicar o fim do racismo e políticas públicas para a população preta, Laerte Rimoli, presidente da EBC, a Empresa Brasileira de Comunicação, utilizou suas redes sociais para compartilhar postagens com mensagens racistas direcionadas à atriz Taís Araújo e a seu filho.
O post faz relação às declarações de Araújo, que dias antes havia proferido uma palestra no evento TEDxSãoPaulo, onde afirmou que “a cor de seu filho é a cor que faz com que as pessoas mudem de calçada, escondam suas bolsas e que blindem seus carros”.
Para Guilherme Dias, membro da Cojira (Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo), a atitude do presidente da EBC é “condenável”.
"É um absurdo. É condenável uma pessoa que ocupa o cargo que ele ocupa, se permitir ‘brincar’ com uma questão que é tão grave, que é o racismo. Esse tipo de atitude, de tratar isso como piada, e de reverter uma situação de que os negros são vítimas, para colocá-los como culpados desses atos racistas, é comum", ressalta Dias.
Ele lembra ainda que o código ética da Empresa Brasileira de Comunicação, deixa claro que atitudes como esta são passíveis de punição: "Aqui, em um rápido acesso ao código de ética da empresa, ela diz, em um dos artigos, que o servidor jamais poderá desprezar o elemento ético da sua conduta. De qualquer forma, como ele dirige uma empresa jornalística, ele precisa responder por isso".
O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) afirmou que entrará com uma representação no Ministério Público Federal para apurar crime de racismo e também avalia uma representação perante o Comitê de Ética Pública da Presidência da República, ao qual membros da administração estão submetidos.
De acordo com Bia Barbosa, as postagens são da maior seriedade, principalmente pela questão simbólica de ter sido feita no Dia da Consciência Negra e logo após o caso do apresentador William Waack, que proferiu declarações racistas em gravação na Rede Globo.
"O FNDC entende que esse é um caso seríssimo e que levaria à justificação de um afastamento, de uma demissão do presidente do EBC. A gente ainda tem um desafio muito grande do ponto de vista do jornalismo, para combater o racismo na nossa sociedade."
De acordo com Joel Zito Araújo, ex-membro do Conselho Curador da EBC e doutor em Ciências da comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, Rimoli é a expressão da onda que nós vivemos no Brasil hoje. "Não me surpreende que ele ironize a declaração de Taís Araújo. Eu considero o Laerte Rimoli não um presidente, eu considero ele um interventor. Na verdade, ele tem uma trajetória de interventor, pelo fato de ele ser parte do grupo político do Eduardo Cunha", ressalta.
Zito lembra que Rimoli foi nomeado presidente da EBC após uma medida provisória. Ele substituiu o jornalista Ricardo Melo, exonerado em maio de 2016, logo após a nomeação interina de Temer na Presidência da República.
Melo ainda retornou ao cargo depois de uma liminar do Supremo Tribunal Federal, já que o estatuto previa mandato fixo para a diretoria da EBC. No entanto, a MP de Temer alterou o texto, permitindo a nomeação de Rimoli no comando da estatal.
O ex-conselheiro disse ainda que a nomeação de Rimoli é o símbolo do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, proferido por Michel Temer, do PMDB.
"Ele faz parte da desestruturação do Brasil, das instituições democráticas brasileiras que veio com o golpe. Ele é um dos interventores, ele é um dos prepostos disso. E portanto, eu acho que ele está cumprindo seu papel, dessa minoria que tomou o país no golpe, que criou esse caos que nós estamos vivendo, político, econômico e institucional."
Nesta quarta-feira, Rimoli utilizou as redes sociais para se desculpar. “Peço desculpas à atriz Taís Araújo e sua família por ter compartilhado um post inadequado em minha timeline.”
A reportagem do Brasil de Fato entrou em contato com a EBC para saber o posicionamento da empresa sobre o caso e quais as possíveis punições ao presidente, mas até o fechamento desta matéria, não obteve resposta.
Em pleno dia da Consciência Negra, data em que milhares de negras e negros foram às ruas para reivindicar o fim do racismo e políticas públicas para a população preta, Laerte Rimoli, presidente da EBC, a Empresa Brasileira de Comunicação, utilizou suas redes sociais para compartilhar postagens com mensagens racistas direcionadas à atriz Taís Araújo e a seu filho.
O post faz relação às declarações de Araújo, que dias antes havia proferido uma palestra no evento TEDxSãoPaulo, onde afirmou que “a cor de seu filho é a cor que faz com que as pessoas mudem de calçada, escondam suas bolsas e que blindem seus carros”.
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Para Guilherme Dias, membro da Cojira (Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo), a atitude do presidente da EBC é “condenável”.
"É um absurdo. É condenável uma pessoa que ocupa o cargo que ele ocupa, se permitir ‘brincar’ com uma questão que é tão grave, que é o racismo. Esse tipo de atitude, de tratar isso como piada, e de reverter uma situação de que os negros são vítimas, para colocá-los como culpados desses atos racistas, é comum", ressalta Dias.
Ele lembra ainda que o código ética da Empresa Brasileira de Comunicação, deixa claro que atitudes como esta são passíveis de punição: "Aqui, em um rápido acesso ao código de ética da empresa, ela diz, em um dos artigos, que o servidor jamais poderá desprezar o elemento ético da sua conduta. De qualquer forma, como ele dirige uma empresa jornalística, ele precisa responder por isso".
O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) afirmou que entrará com uma representação no Ministério Público Federal para apurar crime de racismo e também avalia uma representação perante o Comitê de Ética Pública da Presidência da República, ao qual membros da administração estão submetidos.
De acordo com Bia Barbosa, as postagens são da maior seriedade, principalmente pela questão simbólica de ter sido feita no Dia da Consciência Negra e logo após o caso do apresentador William Waack, que proferiu declarações racistas em gravação na Rede Globo.
"O FNDC entende que esse é um caso seríssimo e que levaria à justificação de um afastamento, de uma demissão do presidente do EBC. A gente ainda tem um desafio muito grande do ponto de vista do jornalismo, para combater o racismo na nossa sociedade."
De acordo com Joel Zito Araújo, ex-membro do Conselho Curador da EBC e doutor em Ciências da comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, Rimoli é a expressão da onda que nós vivemos no Brasil hoje. "Não me surpreende que ele ironize a declaração de Taís Araújo. Eu considero o Laerte Rimoli não um presidente, eu considero ele um interventor. Na verdade, ele tem uma trajetória de interventor, pelo fato de ele ser parte do grupo político do Eduardo Cunha", ressalta.
Zito lembra que Rimoli foi nomeado presidente da EBC após uma medida provisória. Ele substituiu o jornalista Ricardo Melo, exonerado em maio de 2016, logo após a nomeação interina de Temer na Presidência da República.
Melo ainda retornou ao cargo depois de uma liminar do Supremo Tribunal Federal, já que o estatuto previa mandato fixo para a diretoria da EBC. No entanto, a MP de Temer alterou o texto, permitindo a nomeação de Rimoli no comando da estatal.
O ex-conselheiro disse ainda que a nomeação de Rimoli é o símbolo do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, proferido por Michel Temer, do PMDB.
"Ele faz parte da desestruturação do Brasil, das instituições democráticas brasileiras que veio com o golpe. Ele é um dos interventores, ele é um dos prepostos disso. E portanto, eu acho que ele está cumprindo seu papel, dessa minoria que tomou o país no golpe, que criou esse caos que nós estamos vivendo, político, econômico e institucional."
Nesta quarta-feira, Rimoli utilizou as redes sociais para se desculpar. “Peço desculpas à atriz Taís Araújo e sua família por ter compartilhado um post inadequado em minha timeline.”
A reportagem do Brasil de Fato entrou em contato com a EBC para saber o posicionamento da empresa sobre o caso e quais as possíveis punições ao presidente, mas até o fechamento desta matéria, não obteve resposta.
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