Por Flávio Aguiar, na Rede Brasil Atual:
É famosa a máxima de La Rouchefoucauld, filósofo e moralista francês do século 17: “a hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude”.
Pois é: agora neste nosso Brasil do submundo Temer estamos vendo uma paródia do dito. Como vivemos momentos de falsos moralismos, a falsa virtude apregoada é uma homenagem – um tributo, um preço, um dividendo – que ela paga ao vício despudorado.
Nunca o vício foi tão despudorado, em tudo. No governo, no Congresso, no Judiciário, na política externa, na mídia… Todas as formas de comunicação de tudo isto estão viciadas, e viciadas pela hipocrisia. Lembrando: o termo “hipocrisia” vem do teatro, da capacidade de alguém atuar em nome daquilo que não é. Mas o ator e as atrizes são pessoas sinceras: “fingem tão completamente….”, como diz Fernando Pessoa. Já os atores, acima nomeados, da nossa vida pública, são péssimos. Fingem tudo, completamente; ninguém acredita neles; mas continuam fingindo.
Bom, é verdade que isso vem de longe. Dentre os milhões que saíram às ruas para exigir a derrubada de Dilma Roussef e a crucificação de Lula e do PT, milhões já eram hipócritas. Idem os que exigiam o fim dos melhores programas sociais elogiados pela ONU, do Bolsa Família às melhorias da saúde para os mais pobres. Os agentes midiáticos que apregoavam aos berros nas tevês globos da vida: “são as maiores manifestações da nossa história” também eram hipócritas. Os que pedem a ditadura de volta são hipócritas etc.
E agora, como tudo no golpe decorrente desta hipocrisia generalizada é um fracasso, quer dizer, o sucesso do fracasso, recorrem ao moralismo rastaquera para se justificar. Explico: o sucesso do fracasso é o golpe cumprindo seu objetivo, qual seja, o de arrebentar com o Brasil, em nome de considerar privilégio o que é direito (saúde e educação públicas, por exemplo), em nome de favorecer o retorno do trabalho escravo para manter a estabilidade de um governo que não se sustenta.
Aí entra o moralismo, como esta decisão absurda da Assembleia Legislativa do Espírito Santo de proibir a exposição no estado de representações dos órgãos e dos atos sexuais. Para se justificar, acrescentam os votantes, quase unânimes, com um voto a menos da unanimidade burra: “salvo em exposições pedagógicas”, ou algo assim.
Lembremos do passado. Quando os nazistas, na Alemanha, falavam em “arte degenerada”, planejaram uma “exposição pedagógica sobre ela”. Ficou famosa no mundo inteiro. O Espírito Santo (ai, o que não fazem em seu nome!) vai ficar famoso internacionalmente! Hitler quis até mesmo organizar um museuda “arte degenerada”, pedagógica, perto do lugar onde nascera, na Áustria. O Führer quis também exterminar com os judeus, mas previa um museu “pedagógico” sobre esta “raça degenerada e extinta” em Praga, na hoje República Tcheca.
O Brasil passa por uma síndrome de vergonha internacional. Só não vê quem não quer.
Pois é: agora neste nosso Brasil do submundo Temer estamos vendo uma paródia do dito. Como vivemos momentos de falsos moralismos, a falsa virtude apregoada é uma homenagem – um tributo, um preço, um dividendo – que ela paga ao vício despudorado.
Nunca o vício foi tão despudorado, em tudo. No governo, no Congresso, no Judiciário, na política externa, na mídia… Todas as formas de comunicação de tudo isto estão viciadas, e viciadas pela hipocrisia. Lembrando: o termo “hipocrisia” vem do teatro, da capacidade de alguém atuar em nome daquilo que não é. Mas o ator e as atrizes são pessoas sinceras: “fingem tão completamente….”, como diz Fernando Pessoa. Já os atores, acima nomeados, da nossa vida pública, são péssimos. Fingem tudo, completamente; ninguém acredita neles; mas continuam fingindo.
Bom, é verdade que isso vem de longe. Dentre os milhões que saíram às ruas para exigir a derrubada de Dilma Roussef e a crucificação de Lula e do PT, milhões já eram hipócritas. Idem os que exigiam o fim dos melhores programas sociais elogiados pela ONU, do Bolsa Família às melhorias da saúde para os mais pobres. Os agentes midiáticos que apregoavam aos berros nas tevês globos da vida: “são as maiores manifestações da nossa história” também eram hipócritas. Os que pedem a ditadura de volta são hipócritas etc.
E agora, como tudo no golpe decorrente desta hipocrisia generalizada é um fracasso, quer dizer, o sucesso do fracasso, recorrem ao moralismo rastaquera para se justificar. Explico: o sucesso do fracasso é o golpe cumprindo seu objetivo, qual seja, o de arrebentar com o Brasil, em nome de considerar privilégio o que é direito (saúde e educação públicas, por exemplo), em nome de favorecer o retorno do trabalho escravo para manter a estabilidade de um governo que não se sustenta.
Aí entra o moralismo, como esta decisão absurda da Assembleia Legislativa do Espírito Santo de proibir a exposição no estado de representações dos órgãos e dos atos sexuais. Para se justificar, acrescentam os votantes, quase unânimes, com um voto a menos da unanimidade burra: “salvo em exposições pedagógicas”, ou algo assim.
Lembremos do passado. Quando os nazistas, na Alemanha, falavam em “arte degenerada”, planejaram uma “exposição pedagógica sobre ela”. Ficou famosa no mundo inteiro. O Espírito Santo (ai, o que não fazem em seu nome!) vai ficar famoso internacionalmente! Hitler quis até mesmo organizar um museuda “arte degenerada”, pedagógica, perto do lugar onde nascera, na Áustria. O Führer quis também exterminar com os judeus, mas previa um museu “pedagógico” sobre esta “raça degenerada e extinta” em Praga, na hoje República Tcheca.
O Brasil passa por uma síndrome de vergonha internacional. Só não vê quem não quer.
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