Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
Para além da fofoca, isso demonstra a maneira como o dono da emissora encarava os negros. A empresa é o dono.
Veja bem: não estamos falando dos anos 20 ou 30. A Globo é de 1965. Martin Luther King e, um pouco mais tarde, o black power já não tinham razão de ser ignorados.
É claro que Bial não se aprofunda na maquiagem, tratada como um fato prosaico. Hoje, provavelmente, o trecho seria devidamente vetado pelos herdeiros ou seus estafetas.
Isto é, Bial mesmo, que é da casa desde que nasceu, trataria de sonegar a informação porque conhece as regras.
Em agosto de 2016, meu irmão Paulo Nogueira escreveu uma resenha de um livro do jornalista americano Alex Cuadros chamado Brazillionaires.
Ali estava, segundo Paulo, o melhor perfil de Roberto Marinho. Diz ele:
A imagem de um país de próspera tranquilidade na ditadura foi, em grande parte, forjada pela Globo. Medici dizia que gostava de ver o Jornal Nacional porque ali não havia nada do mundo em convulsão que existia na realidade no Brasil e fora dele.
Roberto Marinho soube cobrar o preço de seus favores para a ditadura. Daí os bilhões de sua fortuna pessoal, hoje distribuída entre os três filhos.
Um outro aspecto interessante do perfil de Cuadros é a relação da Globo com as questões raciais brasileiras. Ele não deixou escapar de sua análise o infame livro do diretor de telejornalismo da Globo Ali Kamel, Não Somos Racistas.
Cuadros volta atrás e lembra que na novela A Cabana do Pai Tomás a Globo utilizou um ator branco, Sérgio Cardoso, pintado de negro, e com artifícios para inflar suas narinas.
Ele recorda uma fala, também, de um ator que numa novela tinha se apaixonado por uma empregada. “Que importa se ela é negra, se sua alma é branca e pura?”
Waack está sendo usado de bode expiatório para purgar os pecados de quem lhe deu emprego por mais de dez anos.
Meu amigo Manuel Enriquez lembrou, a respeito do imbroglio William Waack, que a Globo tem um passivo racista “complicado” - Enriquez gosta dessa palavra.
Pedro Bial narra em sua biografia autorizada que Roberto Marinho usou pó de arroz até o fim da vida em razão de um desconforto com a cor da pele.
O eufemismo esconde que o “doutor Roberto” não queria parecer mulato.
Pedro Bial narra em sua biografia autorizada que Roberto Marinho usou pó de arroz até o fim da vida em razão de um desconforto com a cor da pele.
O eufemismo esconde que o “doutor Roberto” não queria parecer mulato.
Para além da fofoca, isso demonstra a maneira como o dono da emissora encarava os negros. A empresa é o dono.
Veja bem: não estamos falando dos anos 20 ou 30. A Globo é de 1965. Martin Luther King e, um pouco mais tarde, o black power já não tinham razão de ser ignorados.
É claro que Bial não se aprofunda na maquiagem, tratada como um fato prosaico. Hoje, provavelmente, o trecho seria devidamente vetado pelos herdeiros ou seus estafetas.
Isto é, Bial mesmo, que é da casa desde que nasceu, trataria de sonegar a informação porque conhece as regras.
Em agosto de 2016, meu irmão Paulo Nogueira escreveu uma resenha de um livro do jornalista americano Alex Cuadros chamado Brazillionaires.
Ali estava, segundo Paulo, o melhor perfil de Roberto Marinho. Diz ele:
A imagem de um país de próspera tranquilidade na ditadura foi, em grande parte, forjada pela Globo. Medici dizia que gostava de ver o Jornal Nacional porque ali não havia nada do mundo em convulsão que existia na realidade no Brasil e fora dele.
Roberto Marinho soube cobrar o preço de seus favores para a ditadura. Daí os bilhões de sua fortuna pessoal, hoje distribuída entre os três filhos.
Um outro aspecto interessante do perfil de Cuadros é a relação da Globo com as questões raciais brasileiras. Ele não deixou escapar de sua análise o infame livro do diretor de telejornalismo da Globo Ali Kamel, Não Somos Racistas.
Cuadros volta atrás e lembra que na novela A Cabana do Pai Tomás a Globo utilizou um ator branco, Sérgio Cardoso, pintado de negro, e com artifícios para inflar suas narinas.
Ele recorda uma fala, também, de um ator que numa novela tinha se apaixonado por uma empregada. “Que importa se ela é negra, se sua alma é branca e pura?”
Waack está sendo usado de bode expiatório para purgar os pecados de quem lhe deu emprego por mais de dez anos.
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