Por Tereza Cruvinel, em seu blog:
Num certo futuro, 2017 será também lembrado, relativamente ao Brasil, por um paradoxo: quase 100% dos brasileiros passaram o ano rejeitando o presidente ilegítimo, reprovando seu governo e suas iniciativas, mas só manifestaram este sentimento na solidão da entrevista reservada com o pesquisador dos institutos, presencialmente ou por telefone. Não foram às ruas, não protestaram, não bateram panelas. Mas foram também as pesquisas que captaram a reação silenciosa, o crescimento constante do apoio à candidatura do ex-presidente Lula em todas as camadas sociais, agora inclusive nas camadas AB, segundo o instituto Ipsos.
2017 não foi, definitivamente, um ano de grande participação política, principalmente se comparado com 2015 e com o primeiro semestre de 2016, quando aconteceram grandes protestos a favor do impeachment da presidente eleita Dilma Rousseff. Houve também grandes manifestações contra o golpe assim travestido, que a mídia ocultou ou sub-divulgou. Mas em 2017, afora os protestos pouco massivos de setores organizados, como sindicatos e movimentos sociais, prevaleceu o silêncio. Inclusive quando Temer enfrentou o risco de afastamento por evidências de corrupção e obstrução da Justiça, e a maioria pediu seu impedimento. Mas só nas pesquisas. Calaram-se as panelas, esvaziaram-se as ruas, foram-se os empregos, a impopularidade fritou o governo Temer e Lula assumiu a dianteira nas pesquisas.
Ele não para de crescer, apesar das acusações, da condenação em primeira instância, do risco de ser condenado novamente, da possibilidade de ser preso e impedido de candidatar-se. Lula cresce pelo que é, pela esperança que representa e também porque traduz o arrependimento dos que foram manipulados. Enquanto ele crescia só entre os mais pobres e os de menor escolaridade, havia a explicação simplificadora: é natural que tenham saudade dele os que mais ganharam com suas políticas sociais e com o conforto do crescimento econômico proporcionado por seus governos.
Num certo futuro, 2017 será também lembrado, relativamente ao Brasil, por um paradoxo: quase 100% dos brasileiros passaram o ano rejeitando o presidente ilegítimo, reprovando seu governo e suas iniciativas, mas só manifestaram este sentimento na solidão da entrevista reservada com o pesquisador dos institutos, presencialmente ou por telefone. Não foram às ruas, não protestaram, não bateram panelas. Mas foram também as pesquisas que captaram a reação silenciosa, o crescimento constante do apoio à candidatura do ex-presidente Lula em todas as camadas sociais, agora inclusive nas camadas AB, segundo o instituto Ipsos.
2017 não foi, definitivamente, um ano de grande participação política, principalmente se comparado com 2015 e com o primeiro semestre de 2016, quando aconteceram grandes protestos a favor do impeachment da presidente eleita Dilma Rousseff. Houve também grandes manifestações contra o golpe assim travestido, que a mídia ocultou ou sub-divulgou. Mas em 2017, afora os protestos pouco massivos de setores organizados, como sindicatos e movimentos sociais, prevaleceu o silêncio. Inclusive quando Temer enfrentou o risco de afastamento por evidências de corrupção e obstrução da Justiça, e a maioria pediu seu impedimento. Mas só nas pesquisas. Calaram-se as panelas, esvaziaram-se as ruas, foram-se os empregos, a impopularidade fritou o governo Temer e Lula assumiu a dianteira nas pesquisas.
Ele não para de crescer, apesar das acusações, da condenação em primeira instância, do risco de ser condenado novamente, da possibilidade de ser preso e impedido de candidatar-se. Lula cresce pelo que é, pela esperança que representa e também porque traduz o arrependimento dos que foram manipulados. Enquanto ele crescia só entre os mais pobres e os de menor escolaridade, havia a explicação simplificadora: é natural que tenham saudade dele os que mais ganharam com suas políticas sociais e com o conforto do crescimento econômico proporcionado por seus governos.
Mas agora Lula cresce também nas classes médias, chegando a ter, segundo o Ipsos, o apoio de 35% entre os entrevistados da classe AB, índice que era de 14% há seis meses atrás. Ele chega também a 42% entre os que têm ensino superior, contra uma marca de apenas 26% meses atrás. E simultaneamente, seus índices de rejeição continuam caindo em todos os estratos sociais. Na pesquisa Datafolha divulgada no início de dezembro os índices de Lula, entre os entrevistados de maior renda e instrução, já haviam apresentado algum crescimento em relação à pesquisa anterior mas não foram destacados. Da mesma forma o PT também vem recuperando-se na preferência dos brasileiros, obtendo, na última pesquisa Datafolha que tratou dos partidos, 18% de preferência contra 5% do PMDB e 4% do PSDB.
Este crescimento de Lula nas classes médias representa, inequivocamente, a volta de eleitores que embarcaram na onda do impeachment e que também se iludiram com a Lava Jato. Dos que, antes do golpe, acreditaram que todo o mal vinha do PT e que Dilma estava quebrando o Brasil. Que a simples derrubada do governo, apesar de eleito, traria dias melhores. Que um golpe não teria consequências mais graves, não iria ferir como feriu a ordem institucional, nem semearia as incertezas que fizeram a economia atolar-se ainda mais na recessão e no desemprego. A partir do caso JBS, não restaram ilusões sobre a natureza corrupta do governo Temer nem sobre a venalidade da maioria golpista do Congresso, que unida ao governo, voltou completamente as costas para a população. A massa que foi manobrada percebeu tudo isso e, arrependida, calou-se, imobilizou-se. E passou a externar sua preferencia por Lula.
A Lava Jato, depois de ter criado a lenda de que o PT institucionalizou e aprimorou a corrupção, acabou revelando, por força de sua expansão e das próprias contradições, que os partidos do golpe eram de fato os fundadores do velho sistema de pilhagem do Estado. A crescente rejeição ao juiz Sergio Moro é também uma evidência dessa desilusão.
A massa que foi manobrada não voltou às ruas e não bateu panelas quando percebeu o logro. Foi imobilizada por um sentimento mais forte que o arrependimento, que é a vergonha. Mas foi fazendo o caminho de volta, e declarando aos pesquisadores a preferência pela candidatura de Lula, e agora corre o risco de ser novamente lograda, com o impedimento de sua candidatura.
Este crescimento de Lula nas classes médias representa, inequivocamente, a volta de eleitores que embarcaram na onda do impeachment e que também se iludiram com a Lava Jato. Dos que, antes do golpe, acreditaram que todo o mal vinha do PT e que Dilma estava quebrando o Brasil. Que a simples derrubada do governo, apesar de eleito, traria dias melhores. Que um golpe não teria consequências mais graves, não iria ferir como feriu a ordem institucional, nem semearia as incertezas que fizeram a economia atolar-se ainda mais na recessão e no desemprego. A partir do caso JBS, não restaram ilusões sobre a natureza corrupta do governo Temer nem sobre a venalidade da maioria golpista do Congresso, que unida ao governo, voltou completamente as costas para a população. A massa que foi manobrada percebeu tudo isso e, arrependida, calou-se, imobilizou-se. E passou a externar sua preferencia por Lula.
A Lava Jato, depois de ter criado a lenda de que o PT institucionalizou e aprimorou a corrupção, acabou revelando, por força de sua expansão e das próprias contradições, que os partidos do golpe eram de fato os fundadores do velho sistema de pilhagem do Estado. A crescente rejeição ao juiz Sergio Moro é também uma evidência dessa desilusão.
A massa que foi manobrada não voltou às ruas e não bateu panelas quando percebeu o logro. Foi imobilizada por um sentimento mais forte que o arrependimento, que é a vergonha. Mas foi fazendo o caminho de volta, e declarando aos pesquisadores a preferência pela candidatura de Lula, e agora corre o risco de ser novamente lograda, com o impedimento de sua candidatura.
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