Por Tereza Cruvinel, em seu blog:
O jogo está quase feito. No encontro que tiveram neste sábado, Temer e Alckmin começaram a projetar o palanque comum que reunirá as forças do golpe de 2016 em torno da candidatura do tucano. O desembarque dos tucanos do governo será “cortês e elegante”, disse Temer. O governador foi no mesmo tom: “presidente, conte conosco”. Se tudo vai terminar em casamento, por que vão deixar os cargos? Para tentar enganar você, eleitor, com a ilusão de que o PSDB mudou de lado. Vem aí o bloco dos golpistas unidos, mas isso não significa que serão mais facilmente serão vencidos.
O jogo está quase feito. No encontro que tiveram neste sábado, Temer e Alckmin começaram a projetar o palanque comum que reunirá as forças do golpe de 2016 em torno da candidatura do tucano. O desembarque dos tucanos do governo será “cortês e elegante”, disse Temer. O governador foi no mesmo tom: “presidente, conte conosco”. Se tudo vai terminar em casamento, por que vão deixar os cargos? Para tentar enganar você, eleitor, com a ilusão de que o PSDB mudou de lado. Vem aí o bloco dos golpistas unidos, mas isso não significa que serão mais facilmente serão vencidos.
Eles virão, mas eles virão com uma máquina de guerra para ganhar. Juntando todos os partidos da centro-direito, querem isolar Lula, impedido que firme qualquer aliança mais ao centro. E juntos terão um colossal tempo de televisão, a máquina do governo federal e a do poderoso governo paulista, as centenas de prefeituras do PMDB, dinheiro gordo do fundo eleitoral e mais o que vão ganhar, por fora, das forças do capital. Mesmo assim, a polarização é boa para Lula. Mais que em qualquer outra eleição, fará sentido para a população o velho bordão do “nós contra eles”.
É claro que não vão anunciar isso agora. Alckmin terá, primeiramente, que mostrar alguma capacidade de reação nas pesquisas para selar o apoio do PMDB e atrair os demais partidos da coalizão governista, como o PSD, que cozinha a candidatura do ministro Meirelles (por sinal muito sem graça nas fotos do encontro desta manhã no interior paulista), e as outras siglas do Centrão, como PR, PP, PTB e outros mais. A Temer, Alckmin deverá garantir que na campanha defenderá a herança de seu governo, que ele chama de legado, e preservará a figura do próprio Temer, que 86% dos brasileiros consideram corrupto.
É claro que não vão anunciar isso agora. Alckmin terá, primeiramente, que mostrar alguma capacidade de reação nas pesquisas para selar o apoio do PMDB e atrair os demais partidos da coalizão governista, como o PSD, que cozinha a candidatura do ministro Meirelles (por sinal muito sem graça nas fotos do encontro desta manhã no interior paulista), e as outras siglas do Centrão, como PR, PP, PTB e outros mais. A Temer, Alckmin deverá garantir que na campanha defenderá a herança de seu governo, que ele chama de legado, e preservará a figura do próprio Temer, que 86% dos brasileiros consideram corrupto.
Isso significa também a promessa de ajudar a encontrar uma fórmula que garanta a Temer o foro especial para depois que deixar o cargo, quando terá de responder na Justiça às acusações que a Câmara impediu que fossem investigadas no curso do mandato. Talvez com a criação do posto de senador vitalício ou com a extensão do foro do STF a ex-presidentes. E algum rateio prévio do eventual futuro governo também será negociado, pois que a especialidade do PMDB é manter-se no poder mesmo sem ganhar eleições com nome próprio.
Tudo bem encaminhado mas haverá um problema com o próprio PSDB. Os chamados “cabeças pretas” da bancada, que brigaram tanto para que o partido deixasse o governo de Temer, que votaram contra as duas denúncias e resistem a votar a favor da reforma previdenciária, não devem aceitar passivamente esta aliança, que fará de Alckmin o candidato de Temer e defensor de seu governo. Não parecem dispostos a ir para a campanha, disputar a renovação de seus mandatos, associados ao governo que desmantelou as políticas sociais, vem desqualificando as relações de trabalho com a reforma trabalhista e entregando o patrimônio nacional da bacia das almas.
Tudo bem encaminhado mas haverá um problema com o próprio PSDB. Os chamados “cabeças pretas” da bancada, que brigaram tanto para que o partido deixasse o governo de Temer, que votaram contra as duas denúncias e resistem a votar a favor da reforma previdenciária, não devem aceitar passivamente esta aliança, que fará de Alckmin o candidato de Temer e defensor de seu governo. Não parecem dispostos a ir para a campanha, disputar a renovação de seus mandatos, associados ao governo que desmantelou as políticas sociais, vem desqualificando as relações de trabalho com a reforma trabalhista e entregando o patrimônio nacional da bacia das almas.
Ou seja, o risco de cisão do PSDB continua existindo, mesmo com a troca de Aécio Neves por Alckmin na presidência do partido e com a saída dos ministros tucanos. Pelo contrário, os tais “cabeças pretas”, se são sinceros, terão mais motivos para se rebelar com a efetivação da aliança Temer-Alckmin.
Frequentemente, por conta, talvez, de minha intuição política (se é que a possuo) ou de minha incapacidade de perceber a realidade política tal como ela é - isto é, por causa de minha alienação da realidade política- tenho sentido uma forte sensação de estranhamento em relação a muitas análises e comentários produzidos no âmbito do que poderíamos chamar de campo petista-lulista, ao qual a Teresa Cruvinel pertence. A principal motivação de meu estranhamento é a projeção do cenário eleitoral de 2018 feita pelos analistas desse campo, que consideram como algo bastante provável a viabilidade de assegurar a presença da candidatura Lula no pleito de 2018. Pelo menos para mim, tudo indica que os direitos políticos do ex-presidente serão cassados pelo Tribunal da plutocracia que deu o golpe, pouco importando as enquetes que afirmam que ele venceria a eleição para presidente se esta fosse realizada hoje. O golpe dado pela direita em 2016 não admite outra alternativa que não seja a exclusão da candidatura de Lula. Somente um poderosíssimo movimento cívico, poderia impedir o TRF 4 de atender o pedido da plutocracia financeira, cassando os direitos políticos do ex-presidente metalúrgico. Esse movimento dificilmente se configurará em tempo hábil. Por eu acreditar honestamente que o golpe continua em curso, determinado a implementar a sua agenda neoliberal sem dar lugar a vacilações, cassando, portanto, os direitos políticos de Lula, as especulações sobre as composições políticas inerentes às eleições de 2018 que consideram a participação do ex-presidente operário me provocam a referida sensação de estranhamento. O espúrio projeto de cassação dos direitos políticos de Lula encomendado pela plutocracia financeira ao juiz Sérgio Moro deve ser firmemente denunciado por todos os democratas sinceros, sejam simpatizantes de Lula ou não, brasileiros ou não. Entretanto, a oposição democrática, popular e necionalista deveria entender que lutar contra o golpe é muito mais do que lançar a candidatura de Lula, que é preciso trabalhar com a hipótese muito mais provável da não participação de Lula na eleição presidencial de 2018, que, dada a atual correlação de forças e tendências políticas, até mesmo a não realização da própria eleição em si é mais provável politicamente do que a presença de Lula na lista de candidaturas presidenciais. Desse modo, de duas uma: ou eu estou nas nuvens, obstinado com a ideia de que o golpe da plutocracia não admite uma derrota eleitoral em 2018, sendo capaz de qualquer artifício para preservar as posições conquistadas pelos representantes da plutocracia rentista , ou nas nuvens estão os analistas vinculados ao PT, que admitem a possibilidade de por fim aos efeitos do golpe, conquistando uma vitória eleitoral sobre os representantes da plutocracia financeira nacional e internacional que encomendaram o golpe, elegendo Lula presidente do Brasil em 2018.
ResponderExcluirBem lúcida a análise. Seria muita inocência achar que os golpistas permitissem eleições livres e democráticas que, aliás, nunca acontecem verdadeiramente.
ResponderExcluirHavendo eleições, Lula não estaria concorrendo. E o mais provável: não haveria eleições.