Por Altamiro Borges
A mídia chapa-branca, nutrida com milhões em publicidade do covil golpista, segue afirmando que a economia está em plena recuperação e que o Brasil ruma para o paraíso. A realidade, porém, desmente os ex-urubólogos, que durante os governos Lula e Dilma só davam notícias negativas, e que hoje se converteram em otimistas de plantão – sabe-se lá a que preço. O agravamento da crise, que vitima principalmente os mais pobres, é visível em várias dimensões – e não apenas no número de desempregados ou na explosão de pessoas vegetando nas ruas. Nos últimos meses, por exemplo, as distribuidoras de energia intensificaram os cortes de fornecimento de luz em decorrência da falta de pagamento das contas.
“Aumentamos o número de suspensões brutalmente. Só no último trimestre fizemos 409 mil”, relata André Dorf, diretor-executivo da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), que tem cerca de 9 milhões de clientes. Cerca de metade dos consumidores não paga a conta no prazo. Com os cortes no fornecimento, milhões de famílias apelam para as ligações clandestinas, os famosos “gatos”. No ano que se encerra, a Light fez 13% a mais de cortes de energia. Já a AES Eletropaulo planeja um novo modelo para intensificar as punições. “Cresceremos as suspensões em 2018 e implementaremos um sistema de aprendizado com dados para nos ajudar na cobrança”, afirma o diretor comercial Saulo Ramos. Esta tragédia se alastra por São Paulo, o Estado mais rico da federação – o que dá uma ideia do que está ocorrendo em outros locais mais vulneráveis.
O agravamento da miséria também ficou visível nos últimos meses com os relatos sobre a volta do fogão a lenha – que o JN da TV Globo teve o cinismo de tratar com glamour. Esta regressão civilizatória, inclusive, tem resultado no aumento de queimaduras em vários cantos do Brasil. Segundo reportagem da Folha, publicada em 13 de dezembro, “os reajustes sucessivos no preço do gás de cozinha têm provocado o aumento de pacientes com queimaduras graves na maior emergência do Nordeste. No Hospital da Restauração, no Recife, 60% dos queimados se acidentaram nos últimos quatro meses por causa do uso de etanol ou de botijão de gás mais barato comprado em revenda clandestina”.
“Bena Pereira estava fritando dois ovos, na casa onde mora com a irmã na periferia de Olinda (PE), no último dia 22 de novembro, quando o fogareiro explodiu. O etanol, comprado no posto do bairro e armazenado em uma garrafa PET, provocou queimaduras de segundo e terceiro graus nos braços, pernas e no rosto da dona de casa. ‘Estamos desempregadas e não temos Bolsa Família, infelizmente não podemos pagar R$ 90 em um botijão de gás. Só tinha dinheiro para dois pães e dois ovos. Com os R$ 3 que sobraram comprei o álcool’, diz Pereira, que na explosão perdeu mesa de jantar, armário e cama. ‘Há dois meses que só cozinho com álcool de posto. Quando receber alta como vou fazer para me alimentar? Não quero usar o álcool, então vou ter que pedir comida’, diz ela”.
Apesar desta desgraceira, o Judas Michel Temer garante que a “economia está melhorando” e a mídia mercenária amplifica este discurso mentiroso. Como no período da ditadura militar, para entender o que ocorre no país é melhor acompanhar a imprensa internacional. No domingo (17), o jornal francês “Le Monde” publicou uma reportagem que compara o aumento da desigualdade no país ao livro “Os Miseráveis”, de Victor Hugo. Sob o título “No Brasil, um ar de sociedade de castas”, o veículo afirma que “as desigualdades se aprofundam novamente, e a esperança Lula dá lugar à amargura no país do chamado racismo cordial”. Já a TV alemã Deutsche Welle noticiou que “a pobreza aumenta no Brasil” e que o país encontra-se “entre os mais desiguais do mundo”.
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Leia também:
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- 59,8 milhões de inadimplentes. Cadê a mídia?
- Preço do gás de cozinha sobe. Cadê a mídia?
- Pibinho de 0,1% e o Natal dos inadimplentes
A mídia chapa-branca, nutrida com milhões em publicidade do covil golpista, segue afirmando que a economia está em plena recuperação e que o Brasil ruma para o paraíso. A realidade, porém, desmente os ex-urubólogos, que durante os governos Lula e Dilma só davam notícias negativas, e que hoje se converteram em otimistas de plantão – sabe-se lá a que preço. O agravamento da crise, que vitima principalmente os mais pobres, é visível em várias dimensões – e não apenas no número de desempregados ou na explosão de pessoas vegetando nas ruas. Nos últimos meses, por exemplo, as distribuidoras de energia intensificaram os cortes de fornecimento de luz em decorrência da falta de pagamento das contas.
“Aumentamos o número de suspensões brutalmente. Só no último trimestre fizemos 409 mil”, relata André Dorf, diretor-executivo da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), que tem cerca de 9 milhões de clientes. Cerca de metade dos consumidores não paga a conta no prazo. Com os cortes no fornecimento, milhões de famílias apelam para as ligações clandestinas, os famosos “gatos”. No ano que se encerra, a Light fez 13% a mais de cortes de energia. Já a AES Eletropaulo planeja um novo modelo para intensificar as punições. “Cresceremos as suspensões em 2018 e implementaremos um sistema de aprendizado com dados para nos ajudar na cobrança”, afirma o diretor comercial Saulo Ramos. Esta tragédia se alastra por São Paulo, o Estado mais rico da federação – o que dá uma ideia do que está ocorrendo em outros locais mais vulneráveis.
O agravamento da miséria também ficou visível nos últimos meses com os relatos sobre a volta do fogão a lenha – que o JN da TV Globo teve o cinismo de tratar com glamour. Esta regressão civilizatória, inclusive, tem resultado no aumento de queimaduras em vários cantos do Brasil. Segundo reportagem da Folha, publicada em 13 de dezembro, “os reajustes sucessivos no preço do gás de cozinha têm provocado o aumento de pacientes com queimaduras graves na maior emergência do Nordeste. No Hospital da Restauração, no Recife, 60% dos queimados se acidentaram nos últimos quatro meses por causa do uso de etanol ou de botijão de gás mais barato comprado em revenda clandestina”.
“Bena Pereira estava fritando dois ovos, na casa onde mora com a irmã na periferia de Olinda (PE), no último dia 22 de novembro, quando o fogareiro explodiu. O etanol, comprado no posto do bairro e armazenado em uma garrafa PET, provocou queimaduras de segundo e terceiro graus nos braços, pernas e no rosto da dona de casa. ‘Estamos desempregadas e não temos Bolsa Família, infelizmente não podemos pagar R$ 90 em um botijão de gás. Só tinha dinheiro para dois pães e dois ovos. Com os R$ 3 que sobraram comprei o álcool’, diz Pereira, que na explosão perdeu mesa de jantar, armário e cama. ‘Há dois meses que só cozinho com álcool de posto. Quando receber alta como vou fazer para me alimentar? Não quero usar o álcool, então vou ter que pedir comida’, diz ela”.
Apesar desta desgraceira, o Judas Michel Temer garante que a “economia está melhorando” e a mídia mercenária amplifica este discurso mentiroso. Como no período da ditadura militar, para entender o que ocorre no país é melhor acompanhar a imprensa internacional. No domingo (17), o jornal francês “Le Monde” publicou uma reportagem que compara o aumento da desigualdade no país ao livro “Os Miseráveis”, de Victor Hugo. Sob o título “No Brasil, um ar de sociedade de castas”, o veículo afirma que “as desigualdades se aprofundam novamente, e a esperança Lula dá lugar à amargura no país do chamado racismo cordial”. Já a TV alemã Deutsche Welle noticiou que “a pobreza aumenta no Brasil” e que o país encontra-se “entre os mais desiguais do mundo”.
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