Por Altamiro Borges
O jornal ianque 'Wall Street Journal' revelou nesta quinta-feira (21) que Boeing e Embraer “negociam a fusão”. De imediato, a mídia nativa, com seu complexo de vira-lata, festejou o anúncio, afirmando que “as ações da empresa brasileira dispararam cerca de 40% na Bolsa de Valores” – registrou o G1, “o portal de notícias da Globo”. Na prática, não é uma fusão que está em curso, mas sim a venda de uma empresa nacional de tecnologia de ponta – que tem uma receita de 1,3 bilhão de dólares e na qual o governo brasileiro tem poder de veto – para uma poderosa multinacional dos EUA, cuja receita é US$ 24,3 bilhões.
Diante do anúncio da venda, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP), onde está instalada a empresa, protestou: “Única fabricante brasileira de aviões e a terceira maior do setor no mundo, a Embraer é estratégica para o país e não pode ser vendida para capital estrangeiro... Ainda segundo informações da imprensa, a concretização das negociações depende da palavra do governo, que detém ações de classe especial (golden-share) da Embraer. Isto mostra que as negociações já vêm de longo tempo, longe dos olhos da população”. A entidade sindical, filiada ao Conlutas – central hegemonizada pelo PSTU –, “exige que o governo vete a venda” e prega a imediata reestatização da empresa, “como forma de preservar e retomar este patrimônio nacional.
O sindicato ainda lembra que “a Embraer emprega hoje cerca de 16 mil trabalhadores no Brasil e já vinha adotando uma profunda política de desnacionalização da produção. A venda para a Boeing vai comprometer estes postos de trabalho e a própria permanência da fábrica no país. É importante relembrar que, no dia 19 de julho, o Ministério da Fazenda solicitou consulta ao Tribunal de Contas da União sobre a possibilidade de abrir mão das ações golden-share da Embraer, Vale e IRB-Brasil Resseguros. Sem essas ações, o governo perde o poder de veto sobre essas empresas. No caso da Embraer, a golden-share confere poder de veto em questões como venda, programas militares e acesso à tecnologia”.
Já as bancadas do PT na Câmara Federal e no Senado divulgaram uma nota “para externar extrema preocupação com a notícia de que a Boeing está entabulando conversações para comprar a Embraer. “Embora ainda não esteja esclarecido qual o escopo do negócio em andamento, é preciso salientar que em todo o mundo empresas que desenvolvem tecnologia dual e militar, como a Embraer, são rigidamente reguladas por seus governos, dado o evidente caráter estratégico de sua produção... O governo norte-americano jamais permitiria que a Boeing fosse comprada por chineses ou quaisquer outros estrangeiros”.
Como realça a nota, “quando a Embraer foi privatizada, o Estado brasileiro manteve ações golden-share da empresa, as quais asseguram o poder de veto... Não sabemos qual será o comportamento do governo golpista no caso. Contudo, face ao caráter vergonhosamente entreguista de Temer, não duvidamos que tal governo possa estar avalizando uma real venda da Embraer, com transferência de seu controle acionário à Boeing. Caso essa hipótese se verifique, o Brasil estará renunciando a sua grande indústria de ponta. Além disso, essa possível transferência teria profundas implicações na Defesa Nacional, pois o Brasil perderia a capacidade de desenvolver, de forma relativamente autônoma, tecnologia na sensível área aeroespacial”.
Caso a “fusão” se efetive nos próximos dias, o Brasil correrá sérios riscos na sua soberania, inclusive no tocante à defesa nacional. Como alerta Marcelo Zero, especialista em relações internacionais, “o país perderá sua única indústria de ponta! A União poderia impedir, pois tem ações ‘golden-share’ que dão poder de veto. Mas duvido que o governo do golpe impeça. Isso terá impactos profundos na defesa nacional. O KC 130 passaria a ser um avião da Boeing! Estão loucos”.
O jornal ianque 'Wall Street Journal' revelou nesta quinta-feira (21) que Boeing e Embraer “negociam a fusão”. De imediato, a mídia nativa, com seu complexo de vira-lata, festejou o anúncio, afirmando que “as ações da empresa brasileira dispararam cerca de 40% na Bolsa de Valores” – registrou o G1, “o portal de notícias da Globo”. Na prática, não é uma fusão que está em curso, mas sim a venda de uma empresa nacional de tecnologia de ponta – que tem uma receita de 1,3 bilhão de dólares e na qual o governo brasileiro tem poder de veto – para uma poderosa multinacional dos EUA, cuja receita é US$ 24,3 bilhões.
Diante do anúncio da venda, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP), onde está instalada a empresa, protestou: “Única fabricante brasileira de aviões e a terceira maior do setor no mundo, a Embraer é estratégica para o país e não pode ser vendida para capital estrangeiro... Ainda segundo informações da imprensa, a concretização das negociações depende da palavra do governo, que detém ações de classe especial (golden-share) da Embraer. Isto mostra que as negociações já vêm de longo tempo, longe dos olhos da população”. A entidade sindical, filiada ao Conlutas – central hegemonizada pelo PSTU –, “exige que o governo vete a venda” e prega a imediata reestatização da empresa, “como forma de preservar e retomar este patrimônio nacional.
O sindicato ainda lembra que “a Embraer emprega hoje cerca de 16 mil trabalhadores no Brasil e já vinha adotando uma profunda política de desnacionalização da produção. A venda para a Boeing vai comprometer estes postos de trabalho e a própria permanência da fábrica no país. É importante relembrar que, no dia 19 de julho, o Ministério da Fazenda solicitou consulta ao Tribunal de Contas da União sobre a possibilidade de abrir mão das ações golden-share da Embraer, Vale e IRB-Brasil Resseguros. Sem essas ações, o governo perde o poder de veto sobre essas empresas. No caso da Embraer, a golden-share confere poder de veto em questões como venda, programas militares e acesso à tecnologia”.
Já as bancadas do PT na Câmara Federal e no Senado divulgaram uma nota “para externar extrema preocupação com a notícia de que a Boeing está entabulando conversações para comprar a Embraer. “Embora ainda não esteja esclarecido qual o escopo do negócio em andamento, é preciso salientar que em todo o mundo empresas que desenvolvem tecnologia dual e militar, como a Embraer, são rigidamente reguladas por seus governos, dado o evidente caráter estratégico de sua produção... O governo norte-americano jamais permitiria que a Boeing fosse comprada por chineses ou quaisquer outros estrangeiros”.
Como realça a nota, “quando a Embraer foi privatizada, o Estado brasileiro manteve ações golden-share da empresa, as quais asseguram o poder de veto... Não sabemos qual será o comportamento do governo golpista no caso. Contudo, face ao caráter vergonhosamente entreguista de Temer, não duvidamos que tal governo possa estar avalizando uma real venda da Embraer, com transferência de seu controle acionário à Boeing. Caso essa hipótese se verifique, o Brasil estará renunciando a sua grande indústria de ponta. Além disso, essa possível transferência teria profundas implicações na Defesa Nacional, pois o Brasil perderia a capacidade de desenvolver, de forma relativamente autônoma, tecnologia na sensível área aeroespacial”.
Caso a “fusão” se efetive nos próximos dias, o Brasil correrá sérios riscos na sua soberania, inclusive no tocante à defesa nacional. Como alerta Marcelo Zero, especialista em relações internacionais, “o país perderá sua única indústria de ponta! A União poderia impedir, pois tem ações ‘golden-share’ que dão poder de veto. Mas duvido que o governo do golpe impeça. Isso terá impactos profundos na defesa nacional. O KC 130 passaria a ser um avião da Boeing! Estão loucos”.
Já o economista Luiz Gonzaga Belluzzo afirma que a tendência, com a venda, é a Boeing desmontar o setor de pesquisa no país, o que cria mais uma barreira à expansão do desenvolvimento tecnológico no Brasil. "É um caso de segurança nacional. O governo possui uma golden-share, mas, como a gente sabe, a turma que atualmente ocupa o Palácio do Planalto seria capaz de se desfazer da própria mãe”.
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