quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

O jogo não acaba em 24 de janeiro

Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

A corrida do TRF-4 para condenar Lula é chocante porque explicita um alinhamento despudorado do Judiciário com as forças politicas, econômicas e midiáticas empenhadas em barrar sua candidatura. Porque escancara a estratégia do tapetão, de garantir a eleição de um preposto do golpe pela exclusão de Lula, hoje líder isolado nas pesquisas, com o dobro das intenções de voto do segundo colocado. Passaram-se apenas 42 dias entre a condenação de Sergio Moro e a emissão do voto do relator no tribunal de apelação. E pouco mais de uma semana depois, a data do julgamento é marcada. Mas surpreendente não é a decisão do TRF-4, de antecipar para 24 de janeiro o julgamento de seu recurso contra a sentença de Moro, furando a fila de processos e atropelando o recesso.

Os que deram o golpe não iriam mesmo conformar-se com um retorno de Lula à Presidência depois de tudo o que fizeram para encerrar o ciclo dos governos petistas. Mas o jogo vai além de Lula e não termina em 24 de janeiro.

Haverá ainda jogo jurídico, pois mesmo com Lula condenado e esgotados os recursos na segunda instância antes de agosto, ele pode reabrir a batalha judicial, nos tribunais superiores, quando tentar registrar sua candidatura e ela for indeferida. Poderá concorrer sub judice, como fizeram muitos prefeitos em 2016, com toda a carga de incerteza que isso traria para a disputa.

E haverá jogo político-eleitoral, pois a disputa real não será entre Lula e os outros, mas entre as forças golpistas e as que se opuseram ao golpe. Se Lula for impedido de encarnar, para o eleitorado, a repulsa ao golpe, ao governo desastroso de Temer, a suas reformas e a seu entreguismo, a seu fisiologismo, outro nome do PT ou da centro-esquerda cumprirá este papel, tendo Lula como cabo eleitoral. E não será difícil derrotar o candidato do retrocesso que a população já decifrou, sofre na pele e rejeita, embora não proteste por uma série de razões. Entre elas, a inibição que paralisa todos aqueles que se deixaram enganar, bateram panelas e pediram o impeachment de Dilma. Estão todos se guardando para quando a eleição chegar.

O que não sabemos é se ela chegará, pois se tiver havido o golpe do impedimento de Lula, outras patranhas poderão ser cometidas para garantir o resultado desejado. Ninguém deve se iludir. Depois de terem se apossado do Estado e do governo sem o voto e o consentimento popular, eles não terão limites na escaramuça para conservá-lo. Se for preciso, mandam as aparências que ainda restam às favas e escancaram o Estado de Exceção.

5 comentários:

  1. ☺ Cante com o Chico e comigo:
    ♫ "Quem me vê sempre parado, distante, garante que eu não sei votar / Tô me guardando pra quando a eleição chegar...
    Eu tô só vendo, sabendo, sentindo, escutando e não posso falar / Tô me guardando pra quando a eleição chegar...
    E quem me ofende, humilhando, pisando, pensando que eu vou aturar / Tô me guardando pra quando a eleição chegar...
    E quem me vê apanhando da vida, duvida que eu vá revidar / Tô me guardando pra quando a eleição chegar...
    Eu vejo a barra do dia surgindo, pedindo pra gente cantar / Tô me guardando pra quando a eleição chegar...
    Eu tenho tanta alegria, adiada, abafada, quem dera gritar / Tô me guardando pra quando a eleição chegar..."

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  2. Bem ao contrário da justiça inglesa que "tarda mas não falha" a nossa é "falha mas não tarda" quando é para barrar a eleição de Lula.

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  3. "...a população já decifrou (o candidado do retrocesso) embora não proteste por uma série de razões. Entre elas, a inibição que paralisa todos aqueles que se deixaram enganar, bateram panelas e pediram o impeachment de Dilma. Estão todos se guardando para quando a eleição chegar".

    Nos últimos tempos, bons e corretos analistas políticos têm insistido numa tese da qual discordo profundamente. Separei o trecho acima porque agora é Tereza Cruvinel, a quem acompanho rotineiramente e gosto de suas análises, quem escreve com o mesmo conteúdo que me incomoda. Ou seja, de que os que bateram panelas e pediram o impeachment da Dilma estão mudos porque "se deixaram enganar". Estariam envergonhados...

    Discordo profundamente dessa avaliação. Não conheço uma única pessoa, entre os que apoiaram o impeachment, que esteja arrependida ou que pareça estar silencioso para não ter que reconhecer algum êrro de avalição. E todos meus amigos e conhecidos sentem o mesmo. Ao contrário, a arrogância dos que apoiaram o golpe do impeachment continua a mesma.

    Essas pessoas que apoiaram o impeachment são muito ignorantes do ponto de vista político. Muitas delas acham sinceramente que fizeram um bem ao país ao apoiar (nas ruas ou nas janelas) o afastamento do PT, essa "quadrilha de bandidos", do "poder". Reproduzem totalmente o discurso da grande mídia oligopolista, principalmente o que ouvem no Jornal Nacional.

    Esse pessoal não está arrependido não. Eles estão mudos simplesmente porque se sentem vitoriosos, agora que o país está "livre do PT". Simples assim.

    Claudio Freire

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  4. Com todo respeito à Tereza Cruvinel, concordo plenamente com Cláudio Freire.
    Verdade, infelizmente essas pessoas acham que venceram o PT,pois o que sentem é um terrível "asco" do Presidente Lula por ter sido a maior Figura política do nosso País.
    Muito preconceito "rola" nessas mentes, liderado pela mídia, principalmente pela Globo, que usa e abusa dos obtusos!

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