Foto: Guilherme Santos/Sul21 |
Aposto um doce com quem quiser que o Lula que veremos, hoje à noite, no ato de solidariedade que lhe se fará no Rio de Janeiro, estará mais sereno do que de costume.
Quem está por trás desta ridícula campanha de terror que prevê guerra e confronto no dia 24, em Porto Alegre é a direita, que – sem votos entre a população – precisa de todos os três votos dos desembargadores da 8ª Turma do Tribunal Federal da 4ª Região. De todos, porque um só deles divergente será um abalo imenso na “verdade absoluta” com que apresentam o caso de suas “convicções”.
Lula, há muito tempo entendeu que esta guerra política não tem mais limites. Tem essa consciência, plenamente, desde que sofreu o abuso da prisão – eufemisticamente chamada de condução coercitiva – e a invasão de sua casa e não toma os processos judiciais em que encontram mil motivos para mover-lhe como casos pessoais.
São política e política é o chão de Lula, o que ele sabe, racional e intuitivamente, fazer de melhor.
Claro que tem, como qualquer ser humano, a dor da injustiça. Mas se ela abate certo tipo de almas – e em alguns momentos, a todas – em outros ela alimenta a vontade de lutar.
Ele sabe que as páginas mais veementes em sua defesa são a memória de milhões de brasileiros e de brasileiras, para os quais ele tem um significado imenso, muito diferente da elite e de parte da classe média, recalcada com o tempo em que este país provou que, apesar de todos os problemas, carências e injustiças sociais, tinha esperanças de crescer e desenvolver-se.
Gente que “vendeu” para o país uma cultura de ódio e de intolerância que nos aproximou da selvageria.
Tivemos, claro, nossas culpas na formação deste clima, sobretudo pelos ingênuos que acreditaram que a classe média e o controle remoto eram lastros para a democracia e para a liberdade.
Mas não é este o núcleo do problema. O centro da questão está no fato de que o conservadorismo, no Brasil, nada tem a oferecer senão um regime de brutalidade social que depende da brutalidade política para manter-se, pois não se sustentaria pela via eleitoral em pleitos sem restrições.
Lula tem esta consciência, na inteligência intuitiva que tem – o que irrita gente besta como o ex-jornalista que escreve folhetins da Globo – e na que se sublimou com a trajetória política quase milagrosa que o conduziu de um sindicato de operários à Presidência da República.
Sabe que, neste outro 24, como no de 1954, “precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes”. E sabe também que lhe restam muitas armas para resistir além de um revólver 32 contra o próprio peito.
Nada começa ou termina na próxima quarta feira. Estamos lidando com a História e a história de um país não se escreve numa sala fechada, com o poder fugaz de três homens, se ousarem se substituir ao juiz supremo de uma nação, o seu povo.
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