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No início de dezembro, quando o governador Geraldo Alckmin foi “eleito” presidente nacional do PSDB na “convulsão” da sigla em Brasília, a mídia venal soltou rojões. Os jornais obraram editoriais para afirmar que agora sim o tucanato marcharia “unido” rumo à disputa eleitoral de 2018. Bastaram alguns dias, porém, para mostrar que aquilo era pura encenação ou desejo fugaz. A entrevista concedida por FHC ao jornal Estadão na terça-feira passada (2) foi o suficiente para implodir a badalada “unidade”. O grão-tucano disse apenas o óbvio: o “picolé de chuchu” não empolga o eleitor e nem unifica o tal “centro” – o nome fictício da direita nativa. O reboliço foi tão grande no ninho que FHC até escreveu uma nota, “do exterior”, em apoio a Geraldo Alckmin. Ninguém acreditou!
Nesta segunda-feira (8), em artigo intitulado “Ainda há tempo”, o “príncipe da Sorbonne” volta a teorizar sobre as dificuldades da direita brasileira. E reforça sua tese de que é urgente procurar um candidato do “centro” para se contrapor ao “capital irado” [Jair Bolsonaro] e ao “líder populista” [Lula]. Ele cita como alternativas o próprio Geraldo Alckmin, a ex-verde Marina Silva, o rentista Henrique Meirelles e até o sumido justiceiro Joaquim Barbosa. Para um assíduo frequentador do ninho tucano, o jornalista Josias de Souza, o recado foi dado: “Se alguma certeza pode ser extraída do artigo de FHC é a seguinte: o presidente de honra do PSDB não leva a menor fé em Geraldo Alckmin. Se enxergasse viabilidade eleitoral no presidenciável tucano, não estaria propondo a abertura de diálogo com outras forças antes do início do jogo, ainda na fase do aquecimento”.
Outro habitué do ninho, o jornalista Elio Gaspari já havia chegado à mesma conclusão antes mesmo do artigo desta segunda-feira. No domingo (7), ele escreveu na Folha: “Uma banda do tucanato eriçou-se porque Fernando Henrique Cardoso disse que, na hipótese de aparecer um candidato a presidente com capacidade de unir o centro, o PSDB deve apoiá-lo, mesmo que não pertença ao partido: ‘Vai fazer o quê?’. Esse enunciado do óbvio foi entendido como uma joelhada na candidatura do governador Geraldo Alckmin e FHC soltou uma nota explicando-se, sem desmentir-se. FHC duvida que a candidatura de Alckmin voe. Apesar de existirem diversos tipos de doidos, nunca se soube de alguém que entrasse em avião sabendo que ele ia cair”.
As opiniões do vaidoso ex-presidente só confirmam que a sigla está mais dividida do que se pensava. A “convulsão” de dezembro não cicatrizou as feridas no ninho e as bicadas devem se tornar ainda mais sangrentas nas próximas semanas. Já tem tucano dizendo que o “picolé de chuchu” precisa atingir, no mínimo, 10% das intenções de voto até abril. Do contrário, ele será rifado. “O governador Geraldo Alckmin reforçou sua posição como candidato dos partidos hoje governistas, mas precisa emplacar algo entre 10% e 15% de intenções de voto até abril para poder fazer deslanchar sua campanha ao Palácio do Planalto. Essa é a avaliação de estrategistas tucanos e de algumas figuras de proa de siglas aliadas ao governo Michel Temer neste começo de ano”, registra a Folha.
“E se o tucano chegar ao mês da desincompatibilização obrigatória para concorrer empacado na casa dos cerca de 8% que registra hoje nas pesquisas eleitorais? Aí as especulações variam, mas em geral apontam convergência para a necessidade de buscar um representante do ‘novo’, e ele hoje atende pelo nome de Luciano Huck. O apresentador se anunciou fora da disputa, mas mantém contato com marqueteiros e nomes da política porque não abandonou completamente a ideia de concorrer. E abril também é limite para ele, no caso para filiar-se a algum partido. O PPS já o convidou formalmente. Mesmo João Doria, o prefeito paulistano que se dirige para ser o candidato tucano à sucessão de Alckmin, é citado em conversas como uma opção para esse cenário”.
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