Foto: Antonio Augusto/Agência Câmara |
Odiado pela sociedade e temendo o isolamento no último ano do seu “governo”, Michel Temer perdeu qualquer escrúpulo. Nesta quarta-feira (3), o usurpador nomeou a filha do corrupto confesso “Bob” Jefferson para ocupar a pasta de “ministra” do Trabalho. O covil golpista virou suruba. Como o pai, condenado a sete anos de prisão no processo do “mensalão”, a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) tem uma longa ficha corrida. Como relembra o próprio Estadão, o jornal mercenário que apoia a quadrilha instalada no poder, ela inclusive já foi denunciada na midiática Lava-Jato pelo ex-diretor da Odebrecht, Leandro Andrade. “Segundo o delator, a pedido do deputado Pedro Paulo (PMDB-RJ) foram entregues R$ 200 mil à Cristiane Brasil em 2012”.
Ainda segundo o jornal, o repasse da grana ilegal foi “pitoresco”. O delator disse que “ela mesma foi retirar esse dinheiro. O que aconteceu foi que o portador, o doleiro, demorou a chegar. Ela ficou na antessala do escritório. Minha secretária que atendia lá veio dizer: ‘Tem uma deputada aí, que está esperando há um tempão, já está ficando nervosa’. Fui e a chamei para tentar fazer uma sala. Realmente nós conversamos, me apresentei, não conhecia. Ela estava lá para pegar o dinheiro... Teve um fato também pitoresco. Nessa sala existia uma câmera para fazer conference call e Skype com minhas obras no interior. Ela ficou incomodada, achando que eu estava gravando aquele momento. Ela perguntou: ‘mas aquilo ali funciona?’. Eu percebi o constrangimento e falei: ‘não se preocupe que aquilo não é…’. Eu mesmo fui lá, tirei a câmera e botei no chão”.
“De acordo com o delator, cerca de 20 minutos depois, ‘o portador chegou’. Andrade declarou que ‘alguém’ entrou na sala com uma mochila. O executivo afirmou não lembrar se foi o próprio portador. ‘De dentro da mochila, ele tirou o pacote de plástico onde tinha um valor de R$ 250 mil anotado em cima, R$ 200 mil, desculpa, anotado em cima. Ela pegou esse valor, ela estava com uma mochila. Pegou esse valor, botou dentro da mochila, agradeceu e saiu. Esse fato foi exatamente eu entregando para ela’, relatou”. A bombástica delação foi feita em abril de 2017. Na ocasião, como o pai, a filha de “Bob Jefferson” negou as acusações. A mídia golpista, que parece idolatrar o pai Roberto Jefferson pelos estragos causados ao PT, simplesmente “esqueceu” o escândalo.
Lágrimas e pausas dramáticas
Já a revista CartaCapital descreve como foi a reação do chefão do PTB, conhecido falastrão. “Entre lágrimas e pausas dramáticas, Roberto Jefferson disse que a nomeação de sua filha é um ‘resgate’ à sua imagem após o mensalão. O dirigente do partido foi o pivô do escândalo político iniciado em 2005 e chegou a ser condenado e preso. ‘É o orgulho e uma emoção que me dá. É o resgate, sabe querida, é o resgate. Fico satisfeito’, disse Jefferson... O nome da deputada foi levado ao presidente em uma reunião no Palácio do Jaburu na tarde desta quarta-feira, 3, entre Temer e Roberto Jefferson, presidente nacional do partido. Ainda segundo declarações de Jefferson à imprensa, Temer consultou o líder do PTB na Câmara dos Deputados, Jovair Arantes (GO), e telefonou para a nova ministra para saber se eles aceitariam o convite. E teve resposta afirmativa de ambos”.
A revista ainda lembra que Cristiane Brasil foi eleita em 2014 “justamente defendendo o legado do pai. No mesmo ano, servidoras da Câmara protestaram contra a proposta da deputada de aprovar um código de vestimenta para banir minissaias e decotes mais ousados dos corredores e salões da Casa. No ano seguinte, em abril de 2016, Cristiane era também presidente do PTB e um de seus últimos atos à frente da sigla foi justamente fechar a questão a favor do impeachment de Dilma Rousseff. Na votação na Câmara, no dia 17 de abril, ela usou o símbolo dos favoráveis à saída da ex-presidente, a camisa da seleção brasileira, para declarar o seu voto... Em 2017, Cristiane Brasil apoiou o governo de Michel Temer em questões decisivas, como a PEC do Teto dos Gastos Públicos e a terceirização para todas as atividades. Votou também a favor da reforma trabalhista e contra a abertura de investigação contra Temer, que poderia afastá-lo da presidência da República”. Baita biografia!
A “saída” de Ronaldo Nogueira
A filha de ‘Bob’ Jefferson substitui no Ministério do Trabalho outro político metido em maracutaias. Ronaldo Nogueira pediu para deixar o cargo na semana passada, alegando que disputará a reeleição para deputado federal neste ano. Reportagem da revista Época, de agosto passado, indica que o motivo pode ser outro. Assinada pelo repórter Aguirre Talento, ela revelou que o petebista estava sob investigação por denúncias de corrupção. “Sentado à longa mesa de cor bege usada para suas reuniões no 8º andar do Ministério do Trabalho, em Brasília, o ministro Ronaldo Nogueira, do PTB, ouvia com atenção os argumentos de técnicos da Controladoria-Geral da União... O assunto era grave. Uma auditoria da CGU havia detectado irregularidades em uma licitação de R$ 76 milhões feita pelo ministério em outubro do ano passado – entre elas, preços muito acima do razoável”.
“Os contratos colocados sob suspeita pela CGU foram firmados com a empresa B2T (Business to Technology) para gerir os sistemas informatizados do ministério, como o seguro-desemprego, e – ironia máxima – detectar fraudes. Eles estão sob a responsabilidade de um poderoso secretário do ministério: Leonardo Arantes, chefe da Secretaria de Políticas Públicas de Emprego, também filiado ao PTB e, mais importante, sobrinho de Jovair Arantes [líder da sigla na Câmara Federal]... Em seu relatório, a CGU detalhou as irregularidades. Ao comparar os valores oferecidos pela B2T com preços de mercado, o sobrepreço variou de 18% a 231%, o que pode chegar a R$ 9,7 milhões. A auditoria detectou ‘restrição da competitividade na licitação’ – ou seja, as regras reduziam a disputa, um clássico indício de corrupção”. Ou seja: só dá bandido no covil golpista. Sai um e entra outro!
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