terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Mídia só gosta de protesto da direita

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

O Brasil se aproxima de um momento histórico que definirá o futuro do país na próxima década. Na semana que entra, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região irá julgar recurso do ex-presidente Lula contra condenação que lhe foi imposta pela 13ª Vara Federal de Curitiba em julho do ano passado sob acusação de ter recebido um apartamento “tríplex” no Guarujá (SP) como “propina” da empreiteira OAS.

Antes de prosseguir, vale citar o fato de que as “provas” usadas para condenar o ex-presidente são

1 – Acusação do ex-diretor da OAS Leo Pinheiro (sem apresentação de documentos ou provas de qualquer espécie e após mudança de versão do delator, que, antes, inocentava Lula)

2 – Visita do ex-presidente e de sua falecida esposa, dona Marisa, ao imóvel (Lula nunca negou as visitas)

3 – O fato de o então diretor da OAS Leo Pinheiro ter recepcionado o ex-presidente e sua esposa quando foram conhecer o imóvel (facilmente explicável por ser um ex-presidente que deixou o cargo com 83% de popularidade; se tal personalidade comprasse imóvel de uma construtora seria publicidade altamente positiva para ela)

4 – Versão de ex-zelador do condomínio em que fica o “tríplex” de que “acha” que o imóvel estava sendo preparado para Lula (o ex-zelador tentou se eleger vereador após fazer essa denúncia, dizendo-se “o candidato que desmascarou Lula”)

5 – Impresso de opção de compra emitido pela construtora do “tríplex” apreendido durante busca na casa do ex-presidente. O papel teria anotação rabiscada a caneta mudando o número do apartamento (letra da anotação não é de Lula ou dona Marisa; Lula suspeita que a rasura foi feita após a apreensão do papel)

Essas são as provas que querem usar para encarcerar até o fim da vida um ex-presidente que deixou o cargo em 2010 com 83% de aprovação, que até hoje é o ex-presidente mais votado em pesquisas como a do Datafolha e é considerado o melhor presidente que o país já teve.

Voltando à questão das manifestações, é engraçado como a direita jurídico-midiática exalta e criminaliza manifestações conforme a natureza ideológica. Em 2015, eclodiram manifestações de direita com vistas a derrubar a ex-presidente Dilma Rousseff.

Eram, então, excelentes manifestações.

Agora, cidadãos brasileiros em pleno exercício de seus direitos constitucionais de reunião e manifestação anunciam que vão às ruas em Porto Alegre durante julgamento do ex-presidente Lula naquela cidade por um tribunal ali sediado e eclode uma operação de guerra e uma criminalização incessante dos manifestantes.

O pior é que os mesmos manifestantes estiveram em várias outras partes do país e se portaram com absoluta urbanidade e serenidade, o que esvazia qualquer argumentação lógica sobre por que as manifestações de apoio a Lula deveriam gerar qualquer tipo de preocupação quanto a violência ou qualquer outro ato criminoso.

Então, ficamos assim. Para a Globo, para os jornalões Folha, Globo e Estadão, para as Vejas, Épocas e IstoÉ’s da vida, manifestação boa e democrática é manifestação de direita; mas manifestação de esquerda, ah, por definição é ruim, autoritária etc., etc., e requer Exército, Marinha, Aeronáutica, mísseis e bomba atômica para combater e impedir.

Devido ao caráter ditatorial, policialesco, antidemocrático dessa criminalização do protesto que será levado a cabo em Porto Alegre no próximo dia 24 de janeiro é que todos os democratas deste país temos que nos esforçar para participar sem recuar um milímetro do nosso direito constitucional.

Eis por que o Blog da Cidadania irá a Porto Alegre; não só para registrar um dia histórico, o clima, os fatos desse dia in loco, mas, também, para ajudar a reafirmar um direito que inimigos da democracia como o prefeito de Porto Alegre e seu partido de fato, o MBL, querem negar a cidadãos em pleno exercício de seus direitos constitucionais.

A Porto Alegre, cidadãos!

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