Por Altamiro Borges
A Agência Brasil, que pertence à EBC e foi transformada pelos golpistas em um diário oficial da quadrilha de Michel Temer, informa neste domingo que “ações do governo marcarão a Semana Nacional de Combate ao Trabalho Escravo”. Conforme lembra o texto, 28 de janeiro marca o evento. “A data foi criada em 2009 para homenagear os auditores fiscais Erastóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva e o motorista Ailton Pereira de Oliveira, assassinados em 28 de janeiro de 2004, durante vistoria para apurar denúncias de trabalho escravo em fazendas de Unaí, em Minas Gerais, em um episódio que ficou conhecido como Chacina de Unaí”.
A matéria até registra que “no ano em que se comemora 130 anos da Lei Áurea, que aboliu a escravidão no Brasil em 1888, o crime ainda é recorrente no país, ainda que a prática tenha se aprimorado na forma. De acordo com o Observatório Digital do Trabalho Escravo, iniciativa do Ministério Público do Trabalho, em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), entre 2003 e 2017 43.428 pessoas foram resgatadas em situações análogas à escravidão no Brasil, com base no sistema de Controle de Erradicação do Trabalho Escravo (Coete). Entre os resgatados, 77,28% são negros, pardos ou indígenas, 94,89% são homens e 72,56% são analfabetos ou têm até o 5° ano incompleto”.
O restante da reportagem, porém, é para destacar as iniciativas do covil golpista durante a semana. “O Ministério do Trabalho vai promover diversas ações de conscientização sobre o tema. O objetivo é sensibilizar a população e incentivar a erradicação do trabalho escravo. ‘As atividades programadas incluem distribuição de material sobre o assunto e a realização de simpósios, painéis e manifestações nas redes sociais’, informou o Ministério, por meio da assessoria de imprensa”. Para ser mais honesta, menos chapa-branca, a Agência Brasil deveria ter informado que há uma acelerada regressão no combate ao trabalho escravo desde a chegada da quadrilha de Michel Temer ao poder.
Queda de 46% no resgate
Até o jornal O Globo publicou na semana passada uma matéria que comprova o retrocesso também neste terreno. “Marcado pela tentativa do governo de esvaziar o combate ao trabalho escravo por meio de portaria que mudava conceitos e regras de fiscalização, 2017 terminou com 404 homens e mulheres resgatados de condições análogas à escravidão no Brasil. O número é 46% menor que o registrado em 2016, quando 751 foram retirados da situação por auditores-fiscais do Ministério do Trabalho. A quantidade de inspeções também caiu, de 207 para 184. Dos 404 trabalhadores resgatados em 2017, 107 (26%) estavam em regiões metropolitanas, principalmente nos setores da construção civil (60 resgatados) e do setor têxtil (27). Na área rural, os segmentos com mais flagrantes foram agricultura, pecuária e produção florestal”.
A reportagem inclusive deu espaços para vozes críticas à postura do atual governo – o que não foi feito pela Agência Brasil. “Coordenador da campanha contra o trabalho escravo da Comissão Pastoral da Terra (CPT), o frei Xavier Plassat afirma que a redução no número de trabalhadores resgatados não significa menos ocorrência do crime no Brasil. Pelo contrário, os dados, segundo ele, apontam que a situação está mais invisível, enquanto o governo deixou de priorizar o combate. O frei lembra que as restrições orçamentárias no ano passado chegaram a paralisar as inspeções em algumas partes do país. Além disso, ele aponta o déficit de auditores-fiscais e uma sofisticação do crime que dificulta denúncias e inspeções”.
Na prática, o covil golpista de Michel Temer – que é composto por vários ruralistas e é apoiado pela cloaca empresarial – tem incentivado o trabalho escravo. Os mafiosos até tentaram aprovar uma lei para esvaziar a fiscalização deste crime, o que só não ocorreu graças à pressão interna e internacional. Mesmo assim, os escravocratas não desistiram do projeto. Na semana passada, a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a inconstitucionalidade da portaria que criou a lista suja do trabalho escravo – o cadastro dos empregadores flagrados no crime. Foi por solicitação da mesma Abrainc que o covil golpista editou norma no ano passado para dificultar o combate à escravidão contemporânea.
Em tempo: Os maiores registros de trabalho análogo à escravidão ocorrem no campo, dominado por ruralistas sem qualquer escrúpulo. Para alívio destes criminosos, o usurpador Michel Temer nomeou na semana passada Yorann Costa, filho do deputado da tatuagem Wladimir Costa (SD-PA) para o cargo de delegado federal da Secretaria de Desenvolvimento Agrário no Pará. O salário do jovem de 22 anos será de R$ 10 mil. Nas redes sociais, ele agradeceu à “determinação de Jesus Cristo” por sua indicação. Os latifundiários da região também devem ter agradecido a Deus e a Michel Temer.
*****
Leia também:
- Temer “acaba” com o trabalho escravo
- Temer ignora STF e esconde “lista suja”
- O que muda com portaria do trabalho escravo
- Aécio apoia o trabalho escravo?
- Marisa tem culpa sim... por trabalho escravo!
- Gilmar Mendes não é um escravo
- M.Officer é condenada por trabalho escravo
A Agência Brasil, que pertence à EBC e foi transformada pelos golpistas em um diário oficial da quadrilha de Michel Temer, informa neste domingo que “ações do governo marcarão a Semana Nacional de Combate ao Trabalho Escravo”. Conforme lembra o texto, 28 de janeiro marca o evento. “A data foi criada em 2009 para homenagear os auditores fiscais Erastóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva e o motorista Ailton Pereira de Oliveira, assassinados em 28 de janeiro de 2004, durante vistoria para apurar denúncias de trabalho escravo em fazendas de Unaí, em Minas Gerais, em um episódio que ficou conhecido como Chacina de Unaí”.
A matéria até registra que “no ano em que se comemora 130 anos da Lei Áurea, que aboliu a escravidão no Brasil em 1888, o crime ainda é recorrente no país, ainda que a prática tenha se aprimorado na forma. De acordo com o Observatório Digital do Trabalho Escravo, iniciativa do Ministério Público do Trabalho, em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), entre 2003 e 2017 43.428 pessoas foram resgatadas em situações análogas à escravidão no Brasil, com base no sistema de Controle de Erradicação do Trabalho Escravo (Coete). Entre os resgatados, 77,28% são negros, pardos ou indígenas, 94,89% são homens e 72,56% são analfabetos ou têm até o 5° ano incompleto”.
O restante da reportagem, porém, é para destacar as iniciativas do covil golpista durante a semana. “O Ministério do Trabalho vai promover diversas ações de conscientização sobre o tema. O objetivo é sensibilizar a população e incentivar a erradicação do trabalho escravo. ‘As atividades programadas incluem distribuição de material sobre o assunto e a realização de simpósios, painéis e manifestações nas redes sociais’, informou o Ministério, por meio da assessoria de imprensa”. Para ser mais honesta, menos chapa-branca, a Agência Brasil deveria ter informado que há uma acelerada regressão no combate ao trabalho escravo desde a chegada da quadrilha de Michel Temer ao poder.
Queda de 46% no resgate
Até o jornal O Globo publicou na semana passada uma matéria que comprova o retrocesso também neste terreno. “Marcado pela tentativa do governo de esvaziar o combate ao trabalho escravo por meio de portaria que mudava conceitos e regras de fiscalização, 2017 terminou com 404 homens e mulheres resgatados de condições análogas à escravidão no Brasil. O número é 46% menor que o registrado em 2016, quando 751 foram retirados da situação por auditores-fiscais do Ministério do Trabalho. A quantidade de inspeções também caiu, de 207 para 184. Dos 404 trabalhadores resgatados em 2017, 107 (26%) estavam em regiões metropolitanas, principalmente nos setores da construção civil (60 resgatados) e do setor têxtil (27). Na área rural, os segmentos com mais flagrantes foram agricultura, pecuária e produção florestal”.
A reportagem inclusive deu espaços para vozes críticas à postura do atual governo – o que não foi feito pela Agência Brasil. “Coordenador da campanha contra o trabalho escravo da Comissão Pastoral da Terra (CPT), o frei Xavier Plassat afirma que a redução no número de trabalhadores resgatados não significa menos ocorrência do crime no Brasil. Pelo contrário, os dados, segundo ele, apontam que a situação está mais invisível, enquanto o governo deixou de priorizar o combate. O frei lembra que as restrições orçamentárias no ano passado chegaram a paralisar as inspeções em algumas partes do país. Além disso, ele aponta o déficit de auditores-fiscais e uma sofisticação do crime que dificulta denúncias e inspeções”.
Na prática, o covil golpista de Michel Temer – que é composto por vários ruralistas e é apoiado pela cloaca empresarial – tem incentivado o trabalho escravo. Os mafiosos até tentaram aprovar uma lei para esvaziar a fiscalização deste crime, o que só não ocorreu graças à pressão interna e internacional. Mesmo assim, os escravocratas não desistiram do projeto. Na semana passada, a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a inconstitucionalidade da portaria que criou a lista suja do trabalho escravo – o cadastro dos empregadores flagrados no crime. Foi por solicitação da mesma Abrainc que o covil golpista editou norma no ano passado para dificultar o combate à escravidão contemporânea.
Em tempo: Os maiores registros de trabalho análogo à escravidão ocorrem no campo, dominado por ruralistas sem qualquer escrúpulo. Para alívio destes criminosos, o usurpador Michel Temer nomeou na semana passada Yorann Costa, filho do deputado da tatuagem Wladimir Costa (SD-PA) para o cargo de delegado federal da Secretaria de Desenvolvimento Agrário no Pará. O salário do jovem de 22 anos será de R$ 10 mil. Nas redes sociais, ele agradeceu à “determinação de Jesus Cristo” por sua indicação. Os latifundiários da região também devem ter agradecido a Deus e a Michel Temer.
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