Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
Os dias até o final do mês serão esclarecedores sobre os problemas colocados diante dos planos, muito bem desenhados hoje por Bernardo de Mello Franco, em O Globo, de fazer da intervenção federal no Rio de Janeiro, ao dizer que o marqueteiro presidencial pretende, com ela, “deixar os escândalos de corrupção para trás e vender o presidente como um político corajoso.
Como se apontou ontem aqui, ao resolver dedicar o mandato à seu sonho de afirmação, Temer entregou os fatos mais importantes de sua eventual campanha – a economia e a forma da própria intervenção na segurança, inteiramente nas mãos do “mercado” e dos militares.
Um e outro, porém, têm suas próprias regras e conhecem seus próprios riscos.
No mercado, os players mais pesados operam com olhos sempre ligados no exterior, onde existe muitas dúvidas, exceto uma: os juros do Tesouro Americano vão (e já estão fazendo isso) subir e, desde que o mundo é mundo isso retira capitais dos “playgrounds” onde eles brincam do jogo sério de ganhar mais dinheiro.
Saem de acordo com seus cálculos nada imparciais de qual é o risco que se “paga” e ontem a Fitch e a Moody’s advertiram publicamente que devem logo seguir o que fez, antes, a Standard & Poor’s: rebaixar a “nota” brasileira. A ver qual será reação da “turma da bufunfa” aos avisos – seja o grosseiro de Rodrigo Maia ou o gentil de Eunício de Oliveira – de que nada ou quase nada das propostas econômicas governistas andará de agora até as eleições.
No lado militar, certamente não escapa a seu alto comando o que está explícito nos jornais. E a ideia de serem cabos-eleitorais de Temer positivamente não lhes agrada – exceção ao general-ministro Sérgio Etchegoyen. O general interventor permanece mudo, mantendo o mínimo de atividade para que a tropa seja visível, mas fazendo vazar sinais de que reluta em espalhafatos.
Assim deve ser lida a nota em que o Tenente Brigadeiro Nivaldo Luiz Rossato, comandante da Aeronáutica diz que é “equivocada” a ideia “de que as Forças Armadas teriam sido acionadas para intervir no Rio de Janeiro”, afirmando que não é militar, mas presidencial a intervenção. E, avançando, afirma que “não há previsão de emprego de efetivo das Forças Armadas além dos que já se encontram envolvidos na atual operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO)” já em curso há sete meses.
O texto, não por acaso, foi publicado no boletim oficial da Arma e reproduzido ontem, como artigo, em O Globo. Não o foi, certamente, sem diálogo com o General Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, e sem o conhecimento do interventor Braga Netto.
Os militares, até por formação, não se lançarão a ataques sem: 1) as garantias de que serão, senão blindados, ao menos cobertos contra ações do Judiciário que exponham suas tropas além do que consideram natural; 2) a segurança de que suas linhas de suprimento (leia-se recursos, já escassos) serão garantidas e abastecidas e 3) que aquele que lhes deu a ordem os vulnere com a exploração política (ainda) mais desavergonhada de seus objetivos.
O que a charge do Aroeira resume é mais do que percebido pelo comando militar e está no radar quando lhe exigem pressa.
O General Braga Netto está ciente de que está muito mais para Bernard Montgomery do que para George S. Patton. Será cobrado, como aquele, por lentidão, mas ciente de que a temeridade só é virtude quando a vitória é provável e não impossível.
Da mesma forma, há muita reflexão quanto a realizar uma razzia moralizadora na Polícia Militar, além de uma ou outra intervenção pontual. O suficiente, talvez, para inibir sabotagens maiores, mas não o que cause divisões e dissenções no “front” interno.
Temer é um comandante fraco e desmoralizado. É obedecido, mas não galvaniza as forças que estão com ele, por ambição ou disciplina. Aos primeiros, não dá certeza de ser capaz de entregar o butim. Aos segundos, o temor de que cheguem lá sendo vistos como se vestissem uniforme alemão.
Os dias até o final do mês serão esclarecedores sobre os problemas colocados diante dos planos, muito bem desenhados hoje por Bernardo de Mello Franco, em O Globo, de fazer da intervenção federal no Rio de Janeiro, ao dizer que o marqueteiro presidencial pretende, com ela, “deixar os escândalos de corrupção para trás e vender o presidente como um político corajoso.
Como se apontou ontem aqui, ao resolver dedicar o mandato à seu sonho de afirmação, Temer entregou os fatos mais importantes de sua eventual campanha – a economia e a forma da própria intervenção na segurança, inteiramente nas mãos do “mercado” e dos militares.
Um e outro, porém, têm suas próprias regras e conhecem seus próprios riscos.
No mercado, os players mais pesados operam com olhos sempre ligados no exterior, onde existe muitas dúvidas, exceto uma: os juros do Tesouro Americano vão (e já estão fazendo isso) subir e, desde que o mundo é mundo isso retira capitais dos “playgrounds” onde eles brincam do jogo sério de ganhar mais dinheiro.
Saem de acordo com seus cálculos nada imparciais de qual é o risco que se “paga” e ontem a Fitch e a Moody’s advertiram publicamente que devem logo seguir o que fez, antes, a Standard & Poor’s: rebaixar a “nota” brasileira. A ver qual será reação da “turma da bufunfa” aos avisos – seja o grosseiro de Rodrigo Maia ou o gentil de Eunício de Oliveira – de que nada ou quase nada das propostas econômicas governistas andará de agora até as eleições.
No lado militar, certamente não escapa a seu alto comando o que está explícito nos jornais. E a ideia de serem cabos-eleitorais de Temer positivamente não lhes agrada – exceção ao general-ministro Sérgio Etchegoyen. O general interventor permanece mudo, mantendo o mínimo de atividade para que a tropa seja visível, mas fazendo vazar sinais de que reluta em espalhafatos.
Assim deve ser lida a nota em que o Tenente Brigadeiro Nivaldo Luiz Rossato, comandante da Aeronáutica diz que é “equivocada” a ideia “de que as Forças Armadas teriam sido acionadas para intervir no Rio de Janeiro”, afirmando que não é militar, mas presidencial a intervenção. E, avançando, afirma que “não há previsão de emprego de efetivo das Forças Armadas além dos que já se encontram envolvidos na atual operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO)” já em curso há sete meses.
O texto, não por acaso, foi publicado no boletim oficial da Arma e reproduzido ontem, como artigo, em O Globo. Não o foi, certamente, sem diálogo com o General Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, e sem o conhecimento do interventor Braga Netto.
Os militares, até por formação, não se lançarão a ataques sem: 1) as garantias de que serão, senão blindados, ao menos cobertos contra ações do Judiciário que exponham suas tropas além do que consideram natural; 2) a segurança de que suas linhas de suprimento (leia-se recursos, já escassos) serão garantidas e abastecidas e 3) que aquele que lhes deu a ordem os vulnere com a exploração política (ainda) mais desavergonhada de seus objetivos.
O que a charge do Aroeira resume é mais do que percebido pelo comando militar e está no radar quando lhe exigem pressa.
O General Braga Netto está ciente de que está muito mais para Bernard Montgomery do que para George S. Patton. Será cobrado, como aquele, por lentidão, mas ciente de que a temeridade só é virtude quando a vitória é provável e não impossível.
Da mesma forma, há muita reflexão quanto a realizar uma razzia moralizadora na Polícia Militar, além de uma ou outra intervenção pontual. O suficiente, talvez, para inibir sabotagens maiores, mas não o que cause divisões e dissenções no “front” interno.
Temer é um comandante fraco e desmoralizado. É obedecido, mas não galvaniza as forças que estão com ele, por ambição ou disciplina. Aos primeiros, não dá certeza de ser capaz de entregar o butim. Aos segundos, o temor de que cheguem lá sendo vistos como se vestissem uniforme alemão.
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