Por Jandira Feghali, no site Vermelho:
Os fatos que precedem a intervenção militar no Rio emolduram o quadro que precisamos interpretar e que com o tempo irá perdendo as cores e ficando mais claro. O planejamento midiático, desde a preparação do golpe vem destruindo a confiança na política e a esperança do povo brasileiro. A assimetria de poderes ganhou relevância e a Constituição da República tratada como um instrumento a ser usado segundo a conveniência dos poderosos de ocasião, manietados pelo capital.
A decisão destes de excluir o ex-presidente Lula do processo democrático brasileiro foi percebida pela sociedade que reage nas pesquisas e o mantem líder. Dois mil executivos aplaudem Bolsonaro em São Paulo com seu discurso vazio de projeto, mas fascistizante na ação. O povo ecoa em todo o Brasil e no Rio, em particular, a rejeição ao governo Temer e às mazelas politicas, sociais e éticas decorrentes de seus acordos com o capital financeiro e com o que há de pior nos interesses da politica brasileira e estrangeira.
E no Rio de Janeiro observa-se a indignação com a orfandade e inépcia dos governos locais, e com a realidade econômica e social pessimamente conduzida pelo Governo do Estado e agravada pela própria desgraça da política econômica nacional.
Com todos esses fatores e acuado numa pauta impopular da reforma da previdência, sem unidade no seu campo e sem candidatura viável para 2018, Temer faz do Rio de Janeiro o laboratório de uma jogada política. Mas esta jogada envolve muitas facetas e por isso muitos riscos para o país e para o povo.
As Forças Armadas brasileiras têm um papel constitucional e dele vem sendo desvirtuado por este governo, que lhes tira recursos de avanço tecnológico e de manter sua função básica e estratégica de defesa nacional contra o inimigo externo. Para esta ação são treinadas. Não são forças de segurança pública, nem forças policiais. Este confronto não é seu e este envolvimento pode lhe desgastar e gerar graves consequências.
O Comandante do Exército recentemente afirmou que a obrigação da Força deveria ser sua missão constitucional e que a democracia deve prevalecer. O protagonismo que o governo dá aos militares nesta intervenção ou em outras que possa decretar (precisamos ler entrelinhas) não tem o desejo de importantes lideranças militares, como vimos. As diversas presenças de forças militares em nosso Estado e nas favelas nunca resolveram o problema de segurança, porque este é estrutural.
Como se comportarão as facções criminosas e que proveito podem tirar deste processo? E as corporações policiais do Estado, como reagirão?Quais as consequências deste conflito para os soldados e oficiais, como agirão nas ruas? Que consequências esses conflitos trarão para a população? Ficará algum legado positivo? O que foi feito dos planos de segurança desenvolvidos até aqui? Onde está a integração anunciada pelo governo Temer? Onde estão os relatórios das ações das FFAA realizadas aqui nas comunidades, onde estão os dados? Transparência zero.
Os exemplos de ineficácia são muitos, principalmente nas favelas, onde os direitos e garantias constitucionais dos cidadãos são violados diariamente pelas forças de segurança. Há grande responsabilidade do governo federal na situação do Rio e de outros estados, onde os índices de violência são até maiores. Corte de recursos e investimentos, falta de prioridade no combate ao mercado clandestino de tráfico de armas e drogas, detecção dos mandantes na lavagem de dinheiro, aumento da desigualdade social, ausência investimento na juventude, estrangulamento financeiro do país, das políticas públicas, dos repasses aos estados e municípios, crise econômica. O pouco preparo e saneamento das corporações policiais, pouco uso da inteligência e investigação por parte dos estados são fatores de profundo agravamento do quadro.
Temer tenta angariar popularidade, ocupar espaço à direita, endurecer e ser referência para a base dos fascistas, que saírm do silêncio em tempos de ódio e golpe. Busca construir uma candidatura deste campo que seja viável, com estas características e conteúdo, mas não abandona sua agenda de reformas, desmoralizando a própria intervenção no 1º dia, subordinando a sua manutenção à possibilidade de votar a reforma da previdência, claramente demonstrando que não tem nenhuma preocupação, de fato, com a “segurança das pessoas”.
Caso seus objetivos políticos não sejam alcançados, temo pela democracia brasileira. Teremos eleições? Parte da população percebe o jogo, sabe suas consequências, não acredita e se organiza para acompanhar e exigir transparência e direitos. Mas não é surpresa que a maioria apoie a intervenção, pelo desespero e medo do dia a dia vivido nos seus bairros e favelas, agravado pelas constantes matérias da mídia aberta, mais precisamente a GLOBO, que planejadamente trabalhou as imagens de violência e incapacidade do governo Pezão, e previamente preparou sustentação da medida radical que viria.
Não podemos iludir o povo, nem deixar de observar a inconstitucionalidade do decreto e muito menos dar cheque em branco a este governo, que já provou, não ter nenhum compromisso com nossa gente.
A unidade de força populares e democráticas é decisiva neste momento. Só na democracia e na soberania do voto popular daremos saídas justas aos dramas do nosso povo. É necessário um projeto para o Brasil e para o Rio de Janeiro que assegure desenvolvimento, emprego, educação e paz. Que a violência seja combatida com investimento, com inteligência, investigação, enfrentamento do mercado de drogas e armas, repressão ao crime sem perda de vida de inocentes, balas perdidas ou violação de direitos constitucionais.
Chega de usar a vida das pessoas como peça descartável no jogo de interesses do capital!
* Jandira Feghali é médica, deputada federal (PCdoB/RJ) e vice-líder da oposição.
Os fatos que precedem a intervenção militar no Rio emolduram o quadro que precisamos interpretar e que com o tempo irá perdendo as cores e ficando mais claro. O planejamento midiático, desde a preparação do golpe vem destruindo a confiança na política e a esperança do povo brasileiro. A assimetria de poderes ganhou relevância e a Constituição da República tratada como um instrumento a ser usado segundo a conveniência dos poderosos de ocasião, manietados pelo capital.
A decisão destes de excluir o ex-presidente Lula do processo democrático brasileiro foi percebida pela sociedade que reage nas pesquisas e o mantem líder. Dois mil executivos aplaudem Bolsonaro em São Paulo com seu discurso vazio de projeto, mas fascistizante na ação. O povo ecoa em todo o Brasil e no Rio, em particular, a rejeição ao governo Temer e às mazelas politicas, sociais e éticas decorrentes de seus acordos com o capital financeiro e com o que há de pior nos interesses da politica brasileira e estrangeira.
E no Rio de Janeiro observa-se a indignação com a orfandade e inépcia dos governos locais, e com a realidade econômica e social pessimamente conduzida pelo Governo do Estado e agravada pela própria desgraça da política econômica nacional.
Com todos esses fatores e acuado numa pauta impopular da reforma da previdência, sem unidade no seu campo e sem candidatura viável para 2018, Temer faz do Rio de Janeiro o laboratório de uma jogada política. Mas esta jogada envolve muitas facetas e por isso muitos riscos para o país e para o povo.
As Forças Armadas brasileiras têm um papel constitucional e dele vem sendo desvirtuado por este governo, que lhes tira recursos de avanço tecnológico e de manter sua função básica e estratégica de defesa nacional contra o inimigo externo. Para esta ação são treinadas. Não são forças de segurança pública, nem forças policiais. Este confronto não é seu e este envolvimento pode lhe desgastar e gerar graves consequências.
O Comandante do Exército recentemente afirmou que a obrigação da Força deveria ser sua missão constitucional e que a democracia deve prevalecer. O protagonismo que o governo dá aos militares nesta intervenção ou em outras que possa decretar (precisamos ler entrelinhas) não tem o desejo de importantes lideranças militares, como vimos. As diversas presenças de forças militares em nosso Estado e nas favelas nunca resolveram o problema de segurança, porque este é estrutural.
Como se comportarão as facções criminosas e que proveito podem tirar deste processo? E as corporações policiais do Estado, como reagirão?Quais as consequências deste conflito para os soldados e oficiais, como agirão nas ruas? Que consequências esses conflitos trarão para a população? Ficará algum legado positivo? O que foi feito dos planos de segurança desenvolvidos até aqui? Onde está a integração anunciada pelo governo Temer? Onde estão os relatórios das ações das FFAA realizadas aqui nas comunidades, onde estão os dados? Transparência zero.
Os exemplos de ineficácia são muitos, principalmente nas favelas, onde os direitos e garantias constitucionais dos cidadãos são violados diariamente pelas forças de segurança. Há grande responsabilidade do governo federal na situação do Rio e de outros estados, onde os índices de violência são até maiores. Corte de recursos e investimentos, falta de prioridade no combate ao mercado clandestino de tráfico de armas e drogas, detecção dos mandantes na lavagem de dinheiro, aumento da desigualdade social, ausência investimento na juventude, estrangulamento financeiro do país, das políticas públicas, dos repasses aos estados e municípios, crise econômica. O pouco preparo e saneamento das corporações policiais, pouco uso da inteligência e investigação por parte dos estados são fatores de profundo agravamento do quadro.
Temer tenta angariar popularidade, ocupar espaço à direita, endurecer e ser referência para a base dos fascistas, que saírm do silêncio em tempos de ódio e golpe. Busca construir uma candidatura deste campo que seja viável, com estas características e conteúdo, mas não abandona sua agenda de reformas, desmoralizando a própria intervenção no 1º dia, subordinando a sua manutenção à possibilidade de votar a reforma da previdência, claramente demonstrando que não tem nenhuma preocupação, de fato, com a “segurança das pessoas”.
Caso seus objetivos políticos não sejam alcançados, temo pela democracia brasileira. Teremos eleições? Parte da população percebe o jogo, sabe suas consequências, não acredita e se organiza para acompanhar e exigir transparência e direitos. Mas não é surpresa que a maioria apoie a intervenção, pelo desespero e medo do dia a dia vivido nos seus bairros e favelas, agravado pelas constantes matérias da mídia aberta, mais precisamente a GLOBO, que planejadamente trabalhou as imagens de violência e incapacidade do governo Pezão, e previamente preparou sustentação da medida radical que viria.
Não podemos iludir o povo, nem deixar de observar a inconstitucionalidade do decreto e muito menos dar cheque em branco a este governo, que já provou, não ter nenhum compromisso com nossa gente.
A unidade de força populares e democráticas é decisiva neste momento. Só na democracia e na soberania do voto popular daremos saídas justas aos dramas do nosso povo. É necessário um projeto para o Brasil e para o Rio de Janeiro que assegure desenvolvimento, emprego, educação e paz. Que a violência seja combatida com investimento, com inteligência, investigação, enfrentamento do mercado de drogas e armas, repressão ao crime sem perda de vida de inocentes, balas perdidas ou violação de direitos constitucionais.
Chega de usar a vida das pessoas como peça descartável no jogo de interesses do capital!
* Jandira Feghali é médica, deputada federal (PCdoB/RJ) e vice-líder da oposição.
Infelizmente mais esse desvio do Temer veio para ficar, começa pelo Rio e paulatinamente atingirá todos os estados. Nada mais é do que a militarização aos moldes do que foi feito em 64, agora com a aparência legal, como foi "legal" o golpe contra a presidente.
ResponderExcluirEsse ato mostra que o comandante do exército é um banana.
Mostra que quem governa se chama Echegoyen e lembrando de outro basco sinto arrepios pelo que está por vir.
O exército brasileiro cujos oficiais são formados pela mesma linha da antiga escola do Panamá é um dos poucos no mundo que, como instituição, já voltou suas armas contra o povo do país que deveria defender.
Não se poderia esperar outra coisa de uma força que tem como patrono um reconhecido genocida.
Não servem para defender a soberania, batem continência a um comprovado informante de país estrangeiro e agora se preparam para fazer a única coisa que fazem bem: REPRIMIR, BATER, PRENDER, TORTURAR E MATAR BRASILEIROS.