terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Márcio França vai engolir Doria no PSDB?

Por Altamiro Borges

João Doria está sentindo o gosto da vingança maligna de Geraldo Alckmin, o “picolé de chuchu” que governa São Paulo. Após tentar dar uma rasteira em seu padrinho político, postulando a vaga presidencial pelo PSDB, o "prefake" agora só leva bicadas no ninho tucano. Ele até recuou nas suas pretensões, mas nem mesmo o projeto de disputar o governo estadual está garantido. Nos últimos dias, as manobras para fritá-lo só aumentaram. O governador paulista não esconde mais de ninguém que prefere ter como candidato ao posto o seu vice, o pragmático Márcio França – seja pelo PSB ou pelo próprio PSDB. Nesta terça-feira (13), o Estadão confirmou que as articulações para descartar o bagaço de João Doria estão em curso.

“Porto seguro do PSDB nas eleições presidenciais, o colégio eleitoral paulista é hoje motivo de grande preocupação para os tucanos, em especial para o governador do Estado, Geraldo Alckmin. Pré-candidato ao Planalto, Alckmin ainda não conseguiu unir o partido em torno de um palanque forte para sua sucessão no Palácio dos Bandeirantes. Encerrado o carnaval, os próximos dias serão decisivos em busca de uma solução para o impasse. Entre as opções à mesa, está até a filiação do atual vice-governador, Márcio França (PSB), ao PSDB”, informam os jornalistas Pedro Venceslau e Adriana Ferraz. A matéria ainda especula que o tucanato teme que o pragmático “socialista” reforce o campo da oposição. Daí o esforço para filiá-lo à sigla.

“Assessores próximos a Alckmin avaliam que a mudança [de legenda] seria o melhor cenário para o governador. Aliados do tucano resistem ao nome de Doria, que é classificado por eles como ‘inquieto, impulsivo e imprevisível’, mas reconhecem que a candidatura do prefeito ganhou força nas últimas semanas após o vice, Bruno Covas, assumir papel central nas negociações. Na segunda-feira, o PSDB realiza uma reunião para definir as prévias locais. O encontro é visto como o dia D para definir os rumos do partido. João Doria quer que a disputa seja feita em abril, antes do fim do prazo para a desincompatibilização. Os adversários internos preferem maio”. As bicadas no ninho estão cada dia mais sangrentas.

O cenário de conflagração também foi retratado pela jornalista Cristiana Lôbo, que transita bem entre o tucanato, em matéria postada no G1 e intitulada “A crise entre Alckmin e João Doria”. Ela lembra que “há pouco mais de um ano, Geraldo Alckmin celebrava a eleição de João Doria para a Prefeitura de São Paulo como uma vitória pessoal, uma vez que bancou a indicação, contrariando vários setores do partido. Mas, neste momento, a relação entre os dois é de desconfiança e isso já contamina o relacionamento institucional entre o governo do estado e a prefeitura. A crise entre os dois começou quando Doria adotou uma agenda de viagens pelo país que demonstrava seu desejo de ser candidato a presidente da República”.

“Alckmin quer esta vaga e já deu passos importantes para isso, como assumir a presidência do PSDB. Depois de um período de forte desgaste, Doria pareceu recuar e passou a mirar numa candidatura ao governo do estado de São Paulo. Os aliados de Alckmin, maldosamente, dizem que só o que Doria quer é sair da prefeitura. O estresse na relação entre eles chegou ao ponto mais alto nos últimos dias. Primeiro, o governo de São Paulo interditou uma usina de asfalto da prefeitura de São Paulo sem abrir qualquer negociação, o que irritou Doria, que viu prejudicada a ação de tapa-buracos na cidade neste período de chuvas. O troco veio na reunião da Executiva Nacional do PSDB”.

“No encontro nacional, em Brasília, Doria pressionou para que fosse marcada para março a data das prévias em São Paulo para a escolha do candidato a governador. Alckmin não gostou e chegou a dizer que não seria ‘encurralado’ por ninguém. Para o governador e presidente do PSDB, as prévias em São Paulo deveriam ser realizadas em abril, portanto, depois do prazo de desincompatibilização. Aí é Doria que não aceita. Ele quer enfrentar as prévias no cargo de prefeito e, se não for vitorioso, poderia escolher permanecer no cargo ou mudar de partido. Se ficar para depois, teria de sair do cargo sem destino definido”.

Ainda segundo a jornalista, “Alckmin não falou o que pretende fazer em São Paulo, mas seus mais fiéis escudeiros estão se movimentando pela candidatura do vice Márcio França, do PSB. O grupo de Doria diz que o PSDB, que governa o estado desde 1994, não deixará de ter candidato ao Palácio dos Bandeirantes. Alckmin tem hoje o PSDB praticamente assegurado para disputar a presidência da República. Mas o temor dele é que, se não subir logo nas pesquisas, Doria mude de planos e comece a se movimentar para ocupar a vaga. Segundo amigos, Alckmin não engoliu os movimentos de Doria no ano passado para se tornar candidato a presidente. A relação entre eles não fugiu à regra da política segundo a qual a criatura sempre se volta contra o criador”.

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