Por Ricardo Kotscho, em seu blog:
Nunca um não-candidato foi tão falado e ganhou tantas manchetes.
Desde novembro passado, quando publicou um artigo na Folha para comunicar ao mercado que não seria candidato a presidente da República, o global Luciano Huck não passou um dia fora do noticiário político.
Até então, só o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso levava a candidatura dele a sério.
Das duas uma: ou as pessoas não acreditam no que ele fala e escreve ou o rapaz é muito indeciso.
Ficou o dito pelo não dito depois que ele apareceu no começo do ano no programa do Faustão com discurso de candidato, cara de candidato e pose de candidato para dizer que não era candidato.
Neste jogo do faz que vai, mas não vai, o apresentador não perdeu nada, só ganhou.
Valorizou seu passe na Globo e se cacifou no mercado publicitário, faturando alto em comerciais e merchandising.
E agora ele pode acrescentar ao seu currículo de garoto propaganda mais um plus: ex-quase candidato a presidente da República.
Viúva Porcina da campanha eleitoral, aquela que foi sem nunca ter sido, concorreu no noticiário político durante quase dois meses com a ex-quase ministra do Trabalho Cristiane Brasil.
Assim como aconteceu com Cristiane, neste meio tempo a imprensa alternativa começou a levantar alguns episódios desconhecidos da sua vida.
Queridinho do mercado e dos neoliberalistas que defendem o Estado mínimo, descobriu-se que ele comprou um jatinho com dinheiro público, pagando 3% ao ano de juros ao BNDES, e levantou uma nota preta pela Lei Rouanet para os seus projetos sociais.
Embalado por Fernando Henrique Cardoso, ficou neste vai não vai, alimentando o suspense, como faz aos sábados em seu programa de auditório.
Ficou de dar uma “resposta definitiva” depois do Carnaval.
Pois na tarde desta quinta-feira, voilà, como diria FHC, as manchetes dos portais de notícias foram novamente tomadas por uma bombástica manifestação de Luciano Huck: “Digam ao povo que não fico”, prometeu aos mais estrelados colunistas.
A Sonia Racy, do Estadão, disse Huck: “Não serei candidato, mas não quero falar mais sobre o assunto agora. Preciso digerir a decisão”.
Geraldo Alckmin e os demais candidatos mais ou menos governistas agradecem.
Ainda bem que a Bolsa de Valores e as casas de câmbio já tinham encerrado o expediente para evitar maiores atropelos no mercado.
Teve até um gaiato anônimo citado pelo colunista Lauro Jardim, no Globo, que lamentou a perda do único candidato que tinha um programa. Continua tendo: na TV Globo.
Quem será o candidato de FHC agora? Façam suas apostas. Será o Alckmin agora o candidato da renovação na política?
Vida que segue.
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