quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Paulo Guedes, o banqueiro do metralha

Por Mauricio Dias, na revista CartaCapital:

O economista Paulo Guedes, um dos fundadores do banco BTG Pactual, do qual se desligou há algum tempo, parece se preparar física e moralmente para participar de uma maratona, ou seja, as eleições de outubro deste ano. Será um embate decisivo marcado pelo golpe que derrubou, em 2016, a presidenta Dilma Rousseff, eleita em 2014.

Recentemente, Guedes, figura conhecida no mundo econômico e empresarial, passou a caminhar pelas manhãs, quase diariamente, no calçadão entre o Leblon e Ipanema, na Zona Sul carioca. Muitas vezes enfrenta o sol escaldante do verão na marcha de insensatez rumo ao pleito.

Como se sabe, ele “adotou” a candidatura do deputado Jair Bolsonaro, de 62 anos, capitão aposentado do Exército, e pretende conferir a este as tinturas de expressão do neoliberalismo. Resta ver como seria possível adaptar ao papel este belicoso militar-parlamentar, que já trocou oito vezes a camisa partidária. Em 2016, filiou-se ao PSC e já anuncia a intenção de também abandonar o partido.

Guedes é um dos criadores do Instituto Millenium, o mais influente laboratório do pensamento conservador no Brasil. Pela primeira vez incursiona diretamente pela política. De um salto, assumiu o papel de orientador do desorientado parlamentar. Chega a ser um mistério a aproximação entre essas duas figuras.

Ambos contam com uma suposta vantagem, a ausência de Lula na competição. Sem ele, o escolhido de Guedes assume a liderança nas pesquisas de intenção de voto. A distância da eleição põe dúvidas, entretanto, nas chances reais de Bolsonaro, embora tenha alcançado a posição de participar do segundo turno. Ele cresceu e estancou. Quem sabe como estará a cabeça do eleitor em outubro?

Guedes tem uma missão difícil. Sabe que precisará de fôlego, muito fôlego, para levar Bolsonaro à renúncia de palavrões e sandices, e forçá-lo a entender o mundo além dos quartéis. Recentemente, Guedes organizou um encontro de Bolsonaro com empresários e banqueiros, em evento realizado pelo BTG Pactual.

O banco sofreu um impacto em 2015, quando a Polícia Federal bateu à porta e prendeu André Esteves, até então presidente-executivo da instituição. Acusado pela Procuradoria-Geral da República de tentar obstruir a Justiça, teve a prisão revogada em 2016. Mas o banco acaba de sofrer mais um impacto surpreendente, de outra dimensão.

Testemunhas oculares disseram que, naquele convescote, o bloqueio à candidatura do ex-presidente Lula era considerado um trunfo inigualável. Mas não esconderam o momento decisivo do desempenho do convidado de honra.

Consta que, instigado a falar sobre como resolveria a violência no Rio de Janeiro, explicou: inicialmente, jogaria milhares de prospectos sobre a visada comunidade da Rocinha, exigindo a saída dos traficantes da comunidade.

A plateia, curiosa, quis saber o que faria se estes não saíssem? Metralharia a favela para resolver o conflito entre traficantes rivais. A plateia aplaudiu freneticamente, não se sabe se sentada ou de pé.

A proposta do candidato de Guedes causou alvoroço, e Bolsonaro tentou amansar o rompante que tanto alegrou a plateia do BTG Pactual. Pior a emenda que o soneto.

Um comentário:

  1. O BRASIL REAL – DE 2002 A 2013
    Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira, lido no Jornal GGN, atualizado em 12/2/2017

    1– Produto Interno Bruto:
    2002 – R$1,48 trilhão
    2013 – R$4,84 trilhão

    2– PIB per capita:
    2002 – R$7,6 mil
    2013 – R$24,1 mil

    3– Dívida líquida do setor público:
    2002 – 60% do PIB
    2013 – 34% do PIB

    4– Lucro do BNDES:
    2002 – R$550 milhões
    2013 – R$8,15 bilhões

    5 – Lucro do Banco do Brasil:
    2002 – R$2 bilhões
    2013 – R$15,8 bilhões

    6 – Lucro da Caixa Econômica Federal:
    2002 – R$1,1 bilhão
    2013 – R$6,7 bilhões

    7 – Produção de veículos:
    2002 – 1,8 milhão
    2013 – 3,7 milhões

    8 – Safra agrícola:
    2002 – 97 milhões de toneladas
    2013 – 188 milhões de toneladas

    9 – Investimento estrangeiro direto:
    2002 – 16,6 bilhões de dólares
    2013 – 64 bilhões de dólares

    10 – Reservas internacionais:
    2002 – 37 bilhões de dólares
    2013 – 375,8 bilhões de dólares

    11 – Índice Bovespa:
    2002 – 11.268 pontos
    2013 – 51.507 pontos

    12 – Empregos gerados:
    Governo FHC – 627 mil/ano
    Governos PT – 1,79 milhão/ano

    13 – Taxa de desemprego:
    2002 – 12,2%
    2013 – 5,4%

    14 – Valor de mercado da Petrobras:
    2002 – R$15,5 bilhões
    2014 – R$104,9 bilhões

    15 – Lucro médio da Petrobras:
    Governo FHC – R$4,2 bilhões/ano
    Governos PT – R$25,6 bilhões/ano

    16 – Falências requeridas em média/ano:
    Governo FHC – 25.587
    Governos PT – 5.795

    17 – Salário mínimo:
    2002 – R$200 (1,42 cestas básicas)
    2014 – R$724 (2,24 cestas básicas)

    18 – Dívida Externa em relação às reservas:
    2002 – 557%
    2014 – 81%

    19 – Posição entre as economias do mundo:
    2002 – 13ª
    2014 – 7ª

    20 – ProUni – 1,2 milhão de bolsas

    21 – Salário mínimo convertido em dólares:
    2002 – 86,21
    2014 – 305,00

    22 – Passagens aéreas vendidas:
    2002 – 33 milhões
    2013 – 100 milhões

    23 – Exportações:
    2002 – 60,3 bilhões de dólares
    2013 – 242 bilhões de dólares

    24 – Inflação Anual Média:
    Governo FHC – 9,1%
    Governos PT – 5,8%

    25 – Pronatec – 6 milhões de pessoas

    26 – Taxa Selic:
    2002 – 18,9%
    2012 – 8,5%

    27 – FIES – 1,3 milhão de pessoas com financiamento universitário

    28 – Minha Casa, Minha Vida – 1,5 milhão de famílias beneficiadas

    29 – Luz Para Todos – 9,5 milhões de pessoas beneficiadas

    30 – Capacidade Energética:
    2001 – 74.800 MW
    2013 – 122.900 MW

    31 – Criação de 6.427 creches

    32 – Ciência Sem Fronteiras – 100 mil beneficiados

    33 – Mais Médicos (Aproximadamente 14 mil novos profissionais): 50 milhões de beneficiados

    34 – Brasil Sem Miséria – Retirou 22 milhões da extrema pobreza

    35 – Criação de Universidades Federais:
    Governos PT – 18
    Governo FHC – zero

    36 – Criação de escolas técnicas:
    Governos PT – 214
    Governo FHC – 11
    De 1500 até 1994 – 140

    37 – Desigualdade social:
    Governo FHC – Queda de 2,2%
    Governo PT – Queda de 11,4%

    38 – Produtividade:
    Governo FHC – Aumento de 0,3%
    Governos PT – Aumento de 13,2%

    39 – Taxa de pobreza:
    2002 – 34%
    2012 – 15%

    40 – Taxa de extrema pobreza:
    2003 – 15%
    2012 – 5,2%

    41 – Índice de Desenvolvimento Humano:
    2000 – 0,669
    2005 – 0,699
    2012 – 0,730

    42 – Mortalidade infantil:
    2002 – 25,3 em 1.000 nascidos vivos
    2012 – 12,9 em 1.000 nascidos vivos

    43 – Gastos públicos em saúde:
    2002 – R$28 bilhões
    2013 – R$106 bilhões

    44 – Gastos públicos em educação:
    2002 – R$17 bilhões
    2013 – R$94 bilhões

    45 – Estudantes no ensino superior:
    2003 – 583.800
    2012 – 1.087.400

    46 – Risco Brasil (Ipea):
    2002 – 1.446
    2013 – 224

    47 – Operações da Polícia Federal:
    Governo FHC – 48
    Governo PT – 1.273 (15 mil presos)

    48 – Varas da Justiça Federal:
    2003 – 100
    2010 – 513

    49 – 38 milhões de pessoas ascenderam à nova classe média (Classe C)

    50 – 42 milhões de pessoas saíram da miséria

    Fontes:
    47/48 – http://www.dpf.gov.br/agencia/estatisticas
    39/40 – http://www.washingtonpost.com
    42 – OMS, Unicef, Banco Mundial e ONU
    37 – índice de GINI: www.ipeadata.gov.br
    45 – Ministério da Educação
    13 – IBGE
    26 – Banco Mundial

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