Por Tadeu Porto, no blog Cafezinho:
Que a República Nova ruiu em 2016 eu já suspeitava, só não sabia que o velório ia ser tão vergonhoso e aterrorizante.
[Pelo menos não podemos condenar a história ou o acaso, afinal, nesse período horripilante da nossa trajetória, cada figura que se destaca parece ter saído direto de um filme de terror.]
Com ou sem a direção do Zé do Caixão, as instituições estão funcionando normalmente, dizem os golpistas no primeiro microfone que aparece na sua frente.
E é natural que os usurpadores do poder argumentem assim, afinal, Golpes de Estados precisam necessariamente afastar o povo das tomadas de decisões – como, por exemplo, cancelar eleições, fechar o congresso ou reprimir atos de rua – para que a elite, disfarçada de mídia e burocracia, defina o rumo do país.
Portanto, dizer que “as instituições estão funcionando” é, nada mais nada menos que explicitar para a sociedade: “deixa a gente resolver as coisas aqui e fiquem fora dessa”.
Obviamente, tal afirmação não tem ancoragem nenhuma com a realidade nacional. As Instituições sequer estão funcionando – vejam a paralisia do STF, por exemplo – e, quando resolver funcionar adotam uma postura egoísta e totalmente fora o escopo ético que, teoricamente, justifica a existência institucional.
Um grande exemplo dessa aberração é o encontro fora da agenda entre a Presidenta do Supremo – Carmen Lúcia – e aquele que usurpou a presidência da República, Michel Temer. Dentro da lógica institucional, o primeiro presidente a ser investigado no mandato e ainda a ter seu sigilo fiscal quebrado (se estivéssemos numa democracia eu seria contra esse absurdo, mas já que Temer começou esse jogo de vale tudo é difícil sentir empatia por ele) não pode ter encontro fora da agenda com a representante maior do judiciário.
Aliás, não é a primeira vez que Carmen faz isso: ela já esteve reunida com o “PIB brasileiro” e participou de jantares com a Shell, aquela petrolífera acusada de corrupção pelo mundo todo.
A pergunta que nos vem na mente, nesse momento, é quantos setores da sociedade civil, inclusive aqueles que sofrem de verdade com a crise do país, conseguem uma reunião com a presidente do STF, como conseguiram empresários bilionários, empresas de petróleo e um presidente golpista?
Essa é a cara do Brasil do Golpe: meia dúzia de pessoas com zero identificação popular e que quase não passaram pelo crivo do voto direto estão ditando as regras – quando querem e da maneira que querem – sem respeito algum ao pacto popular, seja eleitoral, seja constitucional.
Por isso, quando a Presidenta do STF acenou e sorriu para a câmera que registrou o momento em que ela recebia o presidente golpista – em 2017 – não foi a simpatia de quem gostaria de demonstrar que “as instituições funcionam” mas sim um deboche de quem sabe que não vai sofrer nem um pouco pela crise que o país vive.
O “baile” Temer-Lúcia se torna, assim, a materialização do Brasil pós-Golpe: o encontro de uma casta que tem a absoluta certeza de que não medirá esforços para manter seus privilégios.
Que a República Nova ruiu em 2016 eu já suspeitava, só não sabia que o velório ia ser tão vergonhoso e aterrorizante.
[Pelo menos não podemos condenar a história ou o acaso, afinal, nesse período horripilante da nossa trajetória, cada figura que se destaca parece ter saído direto de um filme de terror.]
Com ou sem a direção do Zé do Caixão, as instituições estão funcionando normalmente, dizem os golpistas no primeiro microfone que aparece na sua frente.
E é natural que os usurpadores do poder argumentem assim, afinal, Golpes de Estados precisam necessariamente afastar o povo das tomadas de decisões – como, por exemplo, cancelar eleições, fechar o congresso ou reprimir atos de rua – para que a elite, disfarçada de mídia e burocracia, defina o rumo do país.
Portanto, dizer que “as instituições estão funcionando” é, nada mais nada menos que explicitar para a sociedade: “deixa a gente resolver as coisas aqui e fiquem fora dessa”.
Obviamente, tal afirmação não tem ancoragem nenhuma com a realidade nacional. As Instituições sequer estão funcionando – vejam a paralisia do STF, por exemplo – e, quando resolver funcionar adotam uma postura egoísta e totalmente fora o escopo ético que, teoricamente, justifica a existência institucional.
Um grande exemplo dessa aberração é o encontro fora da agenda entre a Presidenta do Supremo – Carmen Lúcia – e aquele que usurpou a presidência da República, Michel Temer. Dentro da lógica institucional, o primeiro presidente a ser investigado no mandato e ainda a ter seu sigilo fiscal quebrado (se estivéssemos numa democracia eu seria contra esse absurdo, mas já que Temer começou esse jogo de vale tudo é difícil sentir empatia por ele) não pode ter encontro fora da agenda com a representante maior do judiciário.
Aliás, não é a primeira vez que Carmen faz isso: ela já esteve reunida com o “PIB brasileiro” e participou de jantares com a Shell, aquela petrolífera acusada de corrupção pelo mundo todo.
A pergunta que nos vem na mente, nesse momento, é quantos setores da sociedade civil, inclusive aqueles que sofrem de verdade com a crise do país, conseguem uma reunião com a presidente do STF, como conseguiram empresários bilionários, empresas de petróleo e um presidente golpista?
Essa é a cara do Brasil do Golpe: meia dúzia de pessoas com zero identificação popular e que quase não passaram pelo crivo do voto direto estão ditando as regras – quando querem e da maneira que querem – sem respeito algum ao pacto popular, seja eleitoral, seja constitucional.
Por isso, quando a Presidenta do STF acenou e sorriu para a câmera que registrou o momento em que ela recebia o presidente golpista – em 2017 – não foi a simpatia de quem gostaria de demonstrar que “as instituições funcionam” mas sim um deboche de quem sabe que não vai sofrer nem um pouco pela crise que o país vive.
O “baile” Temer-Lúcia se torna, assim, a materialização do Brasil pós-Golpe: o encontro de uma casta que tem a absoluta certeza de que não medirá esforços para manter seus privilégios.
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