Por Daniel Giovanaz, no jornal Brasil de Fato:
A passagem da caravana do ex-presidente Lula por Foz do Iguaçu (PR), nesta segunda-feira (26), teve um sabor agridoce para os militantes paranaenses. Se, por um lado, o ato público foi bem-sucedido e o petista foi aclamado como pré-candidato à Presidência em 2018, também houve registros de violência e manifestações de intolerância.
Uma das vítimas mais graves foi o padre Idalino Alflen, de 64 anos, que levou uma pedrada na cabeça e foi atropelado por uma motocicleta quando chegava ao Sindicato dos Eletricitários (Sinefi), minutos antes do pronunciamento de Lula.
O vídeo com o seu depoimento demonstrou a reação pacífica do padre às agressões e sua crença na disputa da ideias como ferramenta de transformação. “Não é pela violência que a gente consegue transformar. É com o povo tendo mais educação, mais respeito, para que de fato, o Brasil seja um país democrático, respeitando as pessoas, respeitando o ser humano”, deseja.
História
Natural de Manoel Ribas (PR), Idalino é uma figura conhecida na região oeste do Paraná, sob o apelido de padre Pastel. A alcunha o acompanha desde os tempos de juventude, no seminário de Santa Maria (RS). Tudo porque um dia exagerou no banho de sol e voltou à casa “bronzeado como um pastel”.
No Rio Grande do Sul, o jovem seminarista estudou a fundação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Cascavel (PR), em janeiro de 1984, e foi justamente naquela região que ele viria a atuar como padre. A atuação religiosa nunca foi desvinculada da atuação política. Jorge Sonda, amigo de longa data, lembra que Idalino sempre apostou no trabalho de base para a superação da miséria e das desigualdades. A maior contribuição dele, logo após a ditadura militar, foi ajudar a eleger candidatos do campo popular para levar as demandas dos mais pobres ao Legislativo.
Sonda lembra que, em 1986, Pastel ajudou a eleger Pedro Tonelli deputado estadual constituinte em 1986. Fundador da Comissão Pastoral da Terra (CPT) do Paraná, dez anos antes, Tonelli foi o primeiro deputado petista eleito no estado.
A atuação política custou caro para o jovem padre, que nunca desistiu de seus ideais. “Ele começou a ser transferido, sempre por pressão das elites. Esteve em várias cidades aqui do oeste, e a última foi Vera Cruz [do Oeste], onde ele foi fundamental na eleição do primeiro prefeito do PT, o Márcio Pescador”, ressalta Sonda.
Além dos movimentos de camponeses, Pastel trabalhou na Pastoral da Juventude, na CPT e na mobilização dos atingidos pela usina de Itaipu.
Pacifismo
Uma das marcas registradas de Idalino Alflen é a tolerância política e religiosa. Reverendo da igreja episcopal anglicana em Cascavel, Luiz Carlos Gabas enaltece o legado do padre para a democracia. “É um cara muito comprometido com a transformação da sociedade, muito preocupado com o que vem acontecendo no nosso país no momento presente. E é uma pessoa pacífica, que não tinha por que sofrer tamanha violência”, lamenta.
Paulino Pereira da Luz, que atua no Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), também enaltece essa característica, a ponto de não acreditar que o agressor conhecia a atuação política de Idalino. “As pessoas, que tentavam de qualquer forma agredir, sem olhar a quem, eis que simplesmente jogam uma pedra no meio da multidão. E que acertou, infelizmente, esse companheiro de paz, que leva a paz por onde vai”, descreve.
A eleição de Márcio Pescador para a Prefeitura Municipal de Vera Cruz do Oeste (PR) coincidiu com o “ano sabático” de Idalino – período de afastamento que a igreja concede aos padres a cada quinze anos de atuação. Em vez de apenas descansar, Pastel assumiu um cargo no mandato do prefeito petista, e não saiu mais da política.
Como Pescador foi reeleito, o padre permaneceu oito anos no gabinete, coordenando os trabalhos de base. Nesse período, passou a viver com uma companheira Rosali Dutra, com quem tem duas filhas. Um sacramento não pode ser desfeito, por isso, Idalino Alflen nunca foi chamado de “ex-padre”. E nem gostaria.
A caravana Lula pelo Sul segue pelo Paraná e termina seu percurso de mais de três mil quilômetros com um ato público na noite de quarta-feira (28) na Boca Maldita, em Curitiba.
A passagem da caravana do ex-presidente Lula por Foz do Iguaçu (PR), nesta segunda-feira (26), teve um sabor agridoce para os militantes paranaenses. Se, por um lado, o ato público foi bem-sucedido e o petista foi aclamado como pré-candidato à Presidência em 2018, também houve registros de violência e manifestações de intolerância.
Uma das vítimas mais graves foi o padre Idalino Alflen, de 64 anos, que levou uma pedrada na cabeça e foi atropelado por uma motocicleta quando chegava ao Sindicato dos Eletricitários (Sinefi), minutos antes do pronunciamento de Lula.
O vídeo com o seu depoimento demonstrou a reação pacífica do padre às agressões e sua crença na disputa da ideias como ferramenta de transformação. “Não é pela violência que a gente consegue transformar. É com o povo tendo mais educação, mais respeito, para que de fato, o Brasil seja um país democrático, respeitando as pessoas, respeitando o ser humano”, deseja.
História
Natural de Manoel Ribas (PR), Idalino é uma figura conhecida na região oeste do Paraná, sob o apelido de padre Pastel. A alcunha o acompanha desde os tempos de juventude, no seminário de Santa Maria (RS). Tudo porque um dia exagerou no banho de sol e voltou à casa “bronzeado como um pastel”.
No Rio Grande do Sul, o jovem seminarista estudou a fundação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Cascavel (PR), em janeiro de 1984, e foi justamente naquela região que ele viria a atuar como padre. A atuação religiosa nunca foi desvinculada da atuação política. Jorge Sonda, amigo de longa data, lembra que Idalino sempre apostou no trabalho de base para a superação da miséria e das desigualdades. A maior contribuição dele, logo após a ditadura militar, foi ajudar a eleger candidatos do campo popular para levar as demandas dos mais pobres ao Legislativo.
Sonda lembra que, em 1986, Pastel ajudou a eleger Pedro Tonelli deputado estadual constituinte em 1986. Fundador da Comissão Pastoral da Terra (CPT) do Paraná, dez anos antes, Tonelli foi o primeiro deputado petista eleito no estado.
A atuação política custou caro para o jovem padre, que nunca desistiu de seus ideais. “Ele começou a ser transferido, sempre por pressão das elites. Esteve em várias cidades aqui do oeste, e a última foi Vera Cruz [do Oeste], onde ele foi fundamental na eleição do primeiro prefeito do PT, o Márcio Pescador”, ressalta Sonda.
Além dos movimentos de camponeses, Pastel trabalhou na Pastoral da Juventude, na CPT e na mobilização dos atingidos pela usina de Itaipu.
Pacifismo
Uma das marcas registradas de Idalino Alflen é a tolerância política e religiosa. Reverendo da igreja episcopal anglicana em Cascavel, Luiz Carlos Gabas enaltece o legado do padre para a democracia. “É um cara muito comprometido com a transformação da sociedade, muito preocupado com o que vem acontecendo no nosso país no momento presente. E é uma pessoa pacífica, que não tinha por que sofrer tamanha violência”, lamenta.
Paulino Pereira da Luz, que atua no Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), também enaltece essa característica, a ponto de não acreditar que o agressor conhecia a atuação política de Idalino. “As pessoas, que tentavam de qualquer forma agredir, sem olhar a quem, eis que simplesmente jogam uma pedra no meio da multidão. E que acertou, infelizmente, esse companheiro de paz, que leva a paz por onde vai”, descreve.
A eleição de Márcio Pescador para a Prefeitura Municipal de Vera Cruz do Oeste (PR) coincidiu com o “ano sabático” de Idalino – período de afastamento que a igreja concede aos padres a cada quinze anos de atuação. Em vez de apenas descansar, Pastel assumiu um cargo no mandato do prefeito petista, e não saiu mais da política.
Como Pescador foi reeleito, o padre permaneceu oito anos no gabinete, coordenando os trabalhos de base. Nesse período, passou a viver com uma companheira Rosali Dutra, com quem tem duas filhas. Um sacramento não pode ser desfeito, por isso, Idalino Alflen nunca foi chamado de “ex-padre”. E nem gostaria.
A caravana Lula pelo Sul segue pelo Paraná e termina seu percurso de mais de três mil quilômetros com um ato público na noite de quarta-feira (28) na Boca Maldita, em Curitiba.
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