quinta-feira, 29 de março de 2018

Os cúmplices paulistas do atentado a Lula

Por Gilberto Maringoni, na revista Fórum:

O fato mais grave do dia não é o atentado a tiros à comitiva do presidente Lula, no Paraná.

O fato mais grave do dia é o aval que Geraldo Alckmin e João Doria deram à tentativa de homicídio do líder petista e seus companheiros.

Da disputa de narrativas sobre a morte – e a vida – de Marielle Franco, passamos, neste caso, à uma desfaçatez ainda maior. Agora a extrema-direita não está tentando fazer valer alguma calúnia de que Lula seria amigo de Marcinho VP ou se andava com bandidos.

Agora a escória joga mais baixo ainda: o PT colhe o que plantou. E o que o PT plantou? Não há argumento. Há a sinalização aos atiradores que podem ir em frente que o aval está dado. Se matarem Lula como fizeram com Marielle, não tem problema. A justificativa é o “que ele plantou”.

Não estamos mais nos argumentos de Pedro Aleixo, vice de Costa e Silva (1967-69), durante a reunião que definiu o AI-5, em 13 de dezembro de 1968.

Aleixo era contra o ato que representava o fechamento do regime, rumo a uma ditadura sem máscaras.

O ministro da justiça Gama e Silva – pai espiritual de Sergio Moro e de Cármen Lúcia – perguntou se Aleixo não confiava nas “mãos honradas do presidente Costa e Silva, que será o único juiz da aplicação do ato?”

A resposta do vice tornou-se clássica:

“Nas mãos honradas do presidente eu confio! Desconfio é do guarda da esquina!”

Doria e Alckmin superaram aquela situação. Estão dizendo ao guarda da esquina para – literalmente – mandar bala, que eles seguram a onda.

São cúmplices de um crime.

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