Por Joaquim Ernesto Palhares, no site Carta Maior:
No Brasil e no exterior, crescem as manifestações em apoio ao ex-presidente Lula. Neste fim de semana, Pilar del Rio, presidente da Fundação José Saramago, e Boaventura de Sousa Santos, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, organizaram o seminário “O futuro das lutas democráticas: em defesa da democracia brasileira” (confira aqui).
“Quem podia imaginar que o presidente mais brilhante da história do Brasil estivesse hoje preso em uma masmorra e ainda por cima ilegalmente?”, questionou Boaventura de Souza. Na França, o deputado francês Jean-Luc Mélenchon, em entrevista à Rádio Europe 1, foi categórico: “Lula tem uma estatura política que não está à venta” (leia Cartas de Paris).
Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores e diplomata, também comentou sobre o espanto de membros do corpo diplomático – “mas o Lula era um símbolo do Brasil” (leia mais) –, lembrando que a prisão de Lula tem consequências além das fronteiras nacionais. Não à toa, mais de duas mil pessoas prestaram solidariedade a Lula (confira aqui) em frente à embaixada brasileira no Uruguai, na última quarta-feira (11 de abril).
Na imprensa internacional as manifestações continuam. Jon Lee Anderson escreveu no The New Yorker: “com Lula na prisão e Temer na Presidência, não parece que algo próximo à Justiça tenha sido feito no Brasil” (confira tradução aqui). Aliás, leitores que acompanham diariamente o nosso Clipping Internacional (CM8-Internacional) estão por dentro dessas manifestações internacionais.
Manifestações e boa dose de espanto ante a rápida derrocada de um país que há pouco tempo acenava um caminho de crescimento com inclusão social. Realidade completamente inversa conforme reportagem “Pobreza extrema aumenta 11% e atinge 14,8 milhões de pessoas”, de Bruno Villas Bôas no Valor Econômico.
Publicada na última quinta-feira (12 de abril), a reportagem atesta que, com o golpe, 1,49 milhões de pessoas caíram abaixo da linha de pobreza extrema. Estamos falando de uma renda de R$ 40,00 mensais.
Segundo levantamento da LCA Consultores, a partir dos dados da Pnad Contínua, o Brasil tinha 13,34 milhões pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza extrema em 2016. Esse número subiu para 14,83 milhões de pessoas no ano passado, um aumento de 11,2%.
A renda recuou tanto para ricos quanto para pobres, mas quem mais sofreu foi a base da pirâmide como mostra o gráfico abaixo:
Lamentavelmente os índices apenas respingaram nos comentários da grande empresa de comunicação, o oligopólio que, diuturnamente, dissemina o discurso monocórdio do neoliberalismo – e basta ouvir, eles vão insistir na reforma da previdência. Afinal, a reforma está na agenda do golpe, da mesma forma que a prisão de Lula.
O tiro, porém, saiu pela culatra. Apesar de toda campanha contra – e estamos falando de anos e décadas de campanha nas rádios, TVs e onlines –, Lula é líder absoluto das intenções de voto nas eleições de outubro, daqui a seis meses, portanto. É o que mostram todas as pesquisas até agora.
O Datafolha, publicado neste fim de semana, após a prisão do ex-presidente, mostra que Lula conta com 30% das intenções de votos em qualquer cenário no primeiro turno. Ele tem o dobro das intenções de voto do segundo candidato – no caso, Jair Bolsonaro –, confira o Datafolha. No segundo turno, o ex-presidente também vence todos os candidatos. Sem Lula, quem vence são os votos “brancos, nulos ou nenhum” que chegam a 23%.
Da pesquisa Datafolha, chama atenção o caso paulista: Bolsonaro (com 14% das intenções de voto) ultrapassa Geraldo Alckmin (13%), enquanto Lula lidera com 20%. O índice dos que afirmam que votarão em branco, nulo ou nenhum chega a 12% em São Paulo.
Enquanto a direita segue sem candidato, testando um nome aqui, outro acolá, sem firmar posição; a esquerda vem demonstrando firmeza e união, denunciando a farsa da prisão de Lula e os estratagemas golpistas. Um bom exemplo aconteceu na manhã desta segunda-feira (16 de abril) quando trinta militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) ocuparam o tríplex do Guarujá atribuído a Lula.
“É uma denúncia da farsa judicial que levou Lula à prisão. Se o triplex é dele, então o povo está autorizado a ficar lá. Se não é, precisam explicar por que ele está preso”, publicou nas redes sociais Guilherme Boulos, líder do MTST e pré-candidato pelo PSOL à presidência, Confira aquio vídeo da ocupação.
A ocupação do MTST, inclusive, foi divulgada por Manuela D´Ávila, pré-candidata pelo PCdoB, em suas redes sociais: “MTST e Povo Sem Medo acabaram de ocupar o triplex do Guarujá. Se é do Lula é nosso. Se não é por que prendeu”. Ambos dando verdadeira aula de responsabilidade política, agregando e não desagregando as forças de esquerda.
A nós, da Mídia Alternativa, cumpre dar a essa difícil travessia histórica o respaldo do jornalismo crítico que ela requer. Não nos enganemos: isso só ocorrerá se a parceria entre leitores e veículos de mídia alternativa registrar um salto equivalente (saiba as opções de colaboração aqui).
Urge, também, estreitarmos os laços de uma rede progressista de comunicação independente e mobilizável a qualquer momento. Clique aqui e receba nossos boletins regulares ou edições extraordinárias que a hora exigir.
Sigamos juntos e boas leituras.
* Joaquim Ernesto Palhares é diretor da Carta Maior.
No Brasil e no exterior, crescem as manifestações em apoio ao ex-presidente Lula. Neste fim de semana, Pilar del Rio, presidente da Fundação José Saramago, e Boaventura de Sousa Santos, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, organizaram o seminário “O futuro das lutas democráticas: em defesa da democracia brasileira” (confira aqui).
“Quem podia imaginar que o presidente mais brilhante da história do Brasil estivesse hoje preso em uma masmorra e ainda por cima ilegalmente?”, questionou Boaventura de Souza. Na França, o deputado francês Jean-Luc Mélenchon, em entrevista à Rádio Europe 1, foi categórico: “Lula tem uma estatura política que não está à venta” (leia Cartas de Paris).
Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores e diplomata, também comentou sobre o espanto de membros do corpo diplomático – “mas o Lula era um símbolo do Brasil” (leia mais) –, lembrando que a prisão de Lula tem consequências além das fronteiras nacionais. Não à toa, mais de duas mil pessoas prestaram solidariedade a Lula (confira aqui) em frente à embaixada brasileira no Uruguai, na última quarta-feira (11 de abril).
Na imprensa internacional as manifestações continuam. Jon Lee Anderson escreveu no The New Yorker: “com Lula na prisão e Temer na Presidência, não parece que algo próximo à Justiça tenha sido feito no Brasil” (confira tradução aqui). Aliás, leitores que acompanham diariamente o nosso Clipping Internacional (CM8-Internacional) estão por dentro dessas manifestações internacionais.
Manifestações e boa dose de espanto ante a rápida derrocada de um país que há pouco tempo acenava um caminho de crescimento com inclusão social. Realidade completamente inversa conforme reportagem “Pobreza extrema aumenta 11% e atinge 14,8 milhões de pessoas”, de Bruno Villas Bôas no Valor Econômico.
Publicada na última quinta-feira (12 de abril), a reportagem atesta que, com o golpe, 1,49 milhões de pessoas caíram abaixo da linha de pobreza extrema. Estamos falando de uma renda de R$ 40,00 mensais.
Segundo levantamento da LCA Consultores, a partir dos dados da Pnad Contínua, o Brasil tinha 13,34 milhões pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza extrema em 2016. Esse número subiu para 14,83 milhões de pessoas no ano passado, um aumento de 11,2%.
A renda recuou tanto para ricos quanto para pobres, mas quem mais sofreu foi a base da pirâmide como mostra o gráfico abaixo:
Lamentavelmente os índices apenas respingaram nos comentários da grande empresa de comunicação, o oligopólio que, diuturnamente, dissemina o discurso monocórdio do neoliberalismo – e basta ouvir, eles vão insistir na reforma da previdência. Afinal, a reforma está na agenda do golpe, da mesma forma que a prisão de Lula.
O tiro, porém, saiu pela culatra. Apesar de toda campanha contra – e estamos falando de anos e décadas de campanha nas rádios, TVs e onlines –, Lula é líder absoluto das intenções de voto nas eleições de outubro, daqui a seis meses, portanto. É o que mostram todas as pesquisas até agora.
O Datafolha, publicado neste fim de semana, após a prisão do ex-presidente, mostra que Lula conta com 30% das intenções de votos em qualquer cenário no primeiro turno. Ele tem o dobro das intenções de voto do segundo candidato – no caso, Jair Bolsonaro –, confira o Datafolha. No segundo turno, o ex-presidente também vence todos os candidatos. Sem Lula, quem vence são os votos “brancos, nulos ou nenhum” que chegam a 23%.
Da pesquisa Datafolha, chama atenção o caso paulista: Bolsonaro (com 14% das intenções de voto) ultrapassa Geraldo Alckmin (13%), enquanto Lula lidera com 20%. O índice dos que afirmam que votarão em branco, nulo ou nenhum chega a 12% em São Paulo.
Enquanto a direita segue sem candidato, testando um nome aqui, outro acolá, sem firmar posição; a esquerda vem demonstrando firmeza e união, denunciando a farsa da prisão de Lula e os estratagemas golpistas. Um bom exemplo aconteceu na manhã desta segunda-feira (16 de abril) quando trinta militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) ocuparam o tríplex do Guarujá atribuído a Lula.
“É uma denúncia da farsa judicial que levou Lula à prisão. Se o triplex é dele, então o povo está autorizado a ficar lá. Se não é, precisam explicar por que ele está preso”, publicou nas redes sociais Guilherme Boulos, líder do MTST e pré-candidato pelo PSOL à presidência, Confira aquio vídeo da ocupação.
A ocupação do MTST, inclusive, foi divulgada por Manuela D´Ávila, pré-candidata pelo PCdoB, em suas redes sociais: “MTST e Povo Sem Medo acabaram de ocupar o triplex do Guarujá. Se é do Lula é nosso. Se não é por que prendeu”. Ambos dando verdadeira aula de responsabilidade política, agregando e não desagregando as forças de esquerda.
A nós, da Mídia Alternativa, cumpre dar a essa difícil travessia histórica o respaldo do jornalismo crítico que ela requer. Não nos enganemos: isso só ocorrerá se a parceria entre leitores e veículos de mídia alternativa registrar um salto equivalente (saiba as opções de colaboração aqui).
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